Renato sabe o que faz e a 'evolução' de Dunga

Depois de vencer o Santos jogando com o elástico esticado o tempo todo – e só por isso chegou aos 2 a 0 – eu estava convencido de que o jogo contra a Ponte Preta seria muito complicado, independente da qualidade técnica do adversário.

Sabia que haveria um relaxamento natural e também que a Ponte, com técnico novo, viria para não deixar o Grêmio jogar. E foi o que aconteceu.

Foi uma marcação forte por zona. Sempre cinco ou seis adversários próximos da bola, e tudo acontecendo em apenas uma metade do gramado.

Portanto, estava mesmo muito difícil criar alguma situação mais clara de gol.

Acrescente-se a isso, a falta de criatividade dos jogadores do meio de campo. Nenhum deles é capaz de pegar a bola e invadir a área a drible. Agora, compensam com uma disposição comovente para marcar, praticamente impedindo que o adversário incomode o goleiro Dida.

Aliás, Dida nos últimos três jogos, não fiz uma defesa difícil sequer. Desconheço a existência de goleiro com vida tão mansa neste Brasileiro. É claro que ele já trabalhou muito e garantiu os três pontos em vários jogos. Mas ultimamente tem sido um espectador privilegiado. Ainda bem, por que isso significa menos sofrimentos aos gremistas.

Voltando a inoperância ofensiva. Outra coisa que contribuiu para a falta de situações de gol do Grêmio – e isso é recorrente – são os dois laterais. Tudo bem, eles chegam ao fundo de acordo com o figurino estabelecido pelo ‘Renato, o Estrategista Motivador’ – isto é pra sacanear os corneteiros do Renato, sempre na tocaia para gritar ‘eu não disse?’ ao primeiro resultado negativo.

Pois Alex Telles e Pará parece que combinam no vestiário o seguinte: tu vai ao fundo e cruza pra mim que eu cruzo pra ti. E é assim na maioria dos cruzamentos. A bola viaja bem alto, fora do alcance dos atacantes.

É evidente que de vez em quando acontece um cruzamento bom, mas aí o Grêmio não tem um Jardel na área. Tem o Barcos, que, decididamente, não é bom no cabeceio. E o Kleber não chega a ser um atacante verticalmente favorecido.

Tem um lance que foi muito irritante. Ainda no primeiro tempo. Alex foi ao fundo, ali pela terceira ou quarta vez, e cruzou rasteiro, uma bola perfeita, na linha da pequena área, onde deveria estar o centroavante. Mas ali não estava o centroavante.

Barcos parecia filosofar, contemplativo, na linha da grande área, meia dúzia de metros distante do lugar onde deveria estar e para onde a bola havia sido lançada com perfeição por Alex. Espero que Renato comente esse lance emblemático com seus atacantes.

Então, tem mais isso, o problema de colocação dos atacantes.

Diante de tudo isso, é fácil entender por que o gol não saía. Para sair o gol, é preciso chutar e dar trabalho ao goleiro. Não foi o que aconteceu durante o tempo todo, com raros lances mais ou menos perigosos.

De modo que o gol saiu com a colaboração da Ponte. Kleber, esperto e veloz, previu o recuo de bola e conseguiu desviar do goleiro.

A vitória por 1 a  0 já garante os três pontos. Mas era um jogo para golear, até porque o adversário perdeu um jogador.  É importante o saldo de gols.

Renato tentou dar mais poder de fogo, mas era visível que o time, ainda sentindo os reflexos do desgastante física e emocionalmente jogo contra o Santos, estava satisfeito.

Sei que Renato poderia ousar mais. Mas ele sabe com quem está lidando. Lembram daquele lance no último minuto, quando Willian foi derrubado a um metro da área após falha de Alex, ou foi de Bressan aquele balão traiçoeira?

Pois é. Renato sabe o que faz.

O ASSESSOR

Circula a informação – publicada no blog do Darci Filho – de que o presidente MULTICAMPEÃO tem um assessor colorado. Alguém com quem trabalhou no Clube dos 13. É portanto, uma parceria de longos anos.

Realmente, ter um colorado circulando no centro do poder do Grêmio não pega bem.

Agora, se o presidente Koff o escelheu é porque confia nele, tem total confiança nele. Sendo assim, não vejo motivo para tanto alarde.

Seria melhor que todos fossem gremistas, até porque não faltam gremistas competentes e honestos, mas Koff vê nesse profissional as qualidades necessárias para o cargo. E isso é o que importa.

BRIGADA

O Grêmio está trabalhando nas internas para resolver essa questão com a BM. Realmente, não se pode tolerar que soldados disparem balas de borracha no rosto das pessoas. Isso é muito grave. O pior é que não se ouve um discurso de indignação do comando da BM em relação ao episódio ocorrido antes do jogo contra o Santos. Um torcedor pode ficar cego em razão da insensatez de alguns soldados.

Aparentemente, há uma boa dose de má vontade da BM em relação à uma parcela da torcida gremista.

Agora, se a BM manda que uma rua tomada por torcedores seja liberada para o trânsito fluir – e parece que a raiz de problema foi esse -, e não é atendida e até é desacatada, a situação foge ao controle rapidamente. E aí tudo pode acontecer.

Se eu estou lá e um soldado pede que eu saia, eu saio. Mas há quem prefira o confronto. Isso não justifica o excesso de força e a violência, mas a ordem precisa ser estabelecida.

Eu não gostaria de estar dentro de um carro parado, sem poder avançar, porque um grupo de indivíduos vestidos de azul ou vermelho decidiram beber no meio da via pública.

OS SINAIS

No filme O Lado Bom da Vida, que teve várias indicações ao Oscar e que teve sua atriz principal como vencedora, lá pelas tantas a protagonista fala em seguir os sinais, interpretar os sinais.

Os sinais em relação ao Inter é de que o time não está bem, apesar de alguns analistas acharem o trabalho de Dunga muito bom, e que a qualquer momento o castelo de cartas pode ruir.

Posso estar interpretando mal os sinais depois de uma série de jogos sem vencer e com a defesa vazando mais que a represa no bairro Sarandi. Mas o fato é que os sinais não são positivos. Ao contrário.

Ah, recomendo muito esse filme, um grande filme, com excelentes diálogos.

Outro personagem disse uma coisa simples, mas que a gente costuma esquecer:

– Não dá pra ser feliz o tempo todo.

EMPATITE

O Inter segue sofrendo de empatite. Mas já houve uma evolução, segundo Dunga: o time não sofreu gol. Dunga omitiu que nessa ‘evolução’ o ataque involuiu, porque se não sofreu também não marcou como vinha fazendo.

Mas um empate fora com o Coritiba não é um mau resultado.

Dunga, é fato, não consegue dar equilíbrio ao time. Por muito menos, outros treinadores foram defenestrados.

Mas Dunga parece blindado.

Curioso é que ninguém faz entrevistas com Celso Roth como aconteceu outras vezes tanto em relação ao Inter como ao Grêmio.

Mas o fato é que Celso Roth está disponível.