Grêmio segue vivo na Copa do Brasil

Sem o ataque titular e tendo como opções dois atacantes imaturos e pouco testados, o certo seria escalar um deles, no máximo, com um meia de criação.

Mas Renato decidiu começar com Lucas Coelho e Yuri Mamute, que alguns neófitos do futebol tentaram comparar ao Balotelli. A única semelhança, ficou comprovado hoje e para toda a eternidade, é a cor.

Mamute, como eu suspeitava há muito tempo, é o tipo de jogador de empresário influente. A realidade dele é um time de segunda linha, e olhe lá.

Juro que busquei encontrar alguma qualidade nesse rapaz.

Entre ele e o Lucas Coelho, mil vezes o segundo. Até nisso Renato errou. Na hora de substituir, sacou Lucas, que ao menos tem visão de jogo e passes corretos. Deixou o balotelli dos pampas em campo e viu, constrangido, o guri pisar na bola depois de outros lances em que revelou seu total despreparo.

Ora, será que Renato não viu, nos treinos, as limitações evidentes desse jovem, que tem como única qualidade a força física e a vontade de jogar bola.

Então, o certo seria começar com um dos atacantes e um meia, o Maxi ou o Elano.

Maxi parece estar pagando o preço de ousar marcar um golaço nos poucos minutos que teve com Renato. Onde já se viu driblar, clarear o lance e fazer gol? Para Renato, o importante é correr, lutar como uma ovelha cercada por lobos, até cair exaurido, sem forças.

Agora, analisando pelo lado positivo, a derrota por 1 a 0 pode ser revertida. Não com facilidade, porque para reverter será preciso marcar dois gols, o que tem sido uma raridade nesse time armado pelo Renato para defender, jogar no erro do adversário, e torcer por um aproveitamento espetacular nas conclusões.

Mas é um resultado possível de reverter. Afinal, o jogo é na Arena, que estará lotada, especialmente se a OAs der uma mãozinha. E também se o clima ajudar.

Outro aspecto positivo é que o Atlético, mesmo em casa, poucas chances de gol criou. O seu gol foi um achado. O certo seria um empate por 0 a 0, de tão pouco que as duas equipes criaram no ataque.

No final, quase Riveros empatou, após uma jogada brilhante de Pará, que demorou 90 minutos para acertar um lance ofensivo.

O importante é que o Grêmio está vivo.

E são apenas quatro equipes vivas na Copa do Brasil.

A escorregada de Abel e o drama de Renato

O técnico Abel Braga anunciou sua contratação pelo Inter para a próxima temporada.

Deixou os dirigentes colorados numa saia justa. Alguns reagiram contendo a irritação. O presidente Luigi chegou a gaguejar numa entrevista na rádio Guaíba.

Com o Brasileirão em andamento e um treinador comandando o time, os dirigentes tiveram que desmentir, mas sem desmentir de verdade.

Jornalistas compreensivos vieram em socorro dos dirigentes: ah, mas o Inter pensa também no Tite. Pura conversa. Abel está acertado, só que isso era para ser anunciado mais adiante, não agora.

O técnico Clemer ainda não foi ouvido a respeito. Tenho curiosidade em saber o que ele pensa de um colega de profissão anunciando que irá ocupar seu lugar a partir de janeiro.

O pior é que não ouço nem leio o pessoal da crônica esportiva criticando a declaração do Abel. Sei que o Abel é o técnico que levou o Inter ao mundial de clubes, fato que o faz ser muito amado por metade do RS, o que é muito justo.

Mas nem por isso ele pode ficar imune às críticas por essa escorregada ética.

Na defesa de Abel vão dizer que Clemer não passa de um interino. Sim, interino ele foi logo que assumiu, tinha até prazo de validade, que seria o jogo contra o Náutico. Aí, ele venceu e foi ficando.

Clemer cansou de manifestar seu desejo de seguir no cargo e, para isso, apostava nas vitórias e na vaga à Libertadores.  Toda a mídia dando força.

Mas os resultados não foram tão bons, o time agora joga basicamente para terminar a competição com dignidade.

Clemer é uma carta fora do baralho, mas as cartas ainda estão na mesa.

O que Clemer não contava, nem a direção colorada, é que Abel fosse abrir um bocão logo agora.

Mas não tem problema: a imprensa esportiva gaúcha acha tudo isso normal.

RENATO E OS CORNETEIROS

Treinador de futebol de grande clubes ganha muito, mas sofre.

Vejam Renato. Hoje, está levando pedrada como a Geni do Chico Buarque.

Por que? Simplesmente porque tentou manter a estrutura de time que levou o Grêmio a entrar no G-4, vencendo o campeonato paralelo com o Inter, e ainda na briga pelo título da Copa do Brasil.

Agora, se aos 4 minutos o time já está perdendo por 2 a 0 e se o ataque é essa inoperância crônica, uma reação fica quase impossível. Para qualquer time.

Ah, mas poderia ter começado com Elano e Zé Roberto. Sim, poderia. Mas quem garante que o time não levaria os mesmos dois gols no início?

E, perdendo, os mesmos que cobram esses jogadores no time, estariam apedrejando Renato por não ter mantido a proposta vencedora.

Também acho que Elano e Zé deveriam ser melhor aproveitados, mas respeito a opção do técnico, até porque Adriano é um volante eficiente e Matheus Biteco até pouco tempo era festejado como grande promessa, com boa marcação e qualidade para chegar na área adversária.

Agora, com dois gols em 4 minutos…

Nada que uma vitória em Curitiba não faça de Renato de novo, pelo menos até a próxima derrota, um grande treinador.

Futebol com cara de ressaca

O domingo não poderia ter sido pior para a dupla Gre-Nal.

O Inter viu seu sonho de Libertadores, que já estava muito mais para delírio, virar pó diante de um São Paulo que está ressurgindo das cinzas. A arbitragem foi cruel com o Inter, mas o time segue instável e sem qualquer sinal de que pode reagir. Lembro que no começo do campeonato previ que o Inter, em função de não jogar no Beira-Rio e também por ter uma defesa vulnerável demais, terminaria em torno da décima posição.

Se para o Inter, perder não chega a ser novidade, uma goleada desse Grêmio que tem seu forte justamente no setor defensivo, beira ao surrealismo.

Levar 4 a 0 do Coritiba, com dois gols em quatro minutos, e praticamente não mostrar poder de reação, me faz lembrar um antigo programa da TV em preto e branco: está muito Além da Imaginação.

Ninguém poderia supor um resultado tão desastroso.

Na minha avaliação, o Grêmio sentiu demais os efeitos do jogo decisivo contra o Corinthians. Houve um desgaste físico e mental muito grande.

O Grêmio jogou um futebol com cara de ressaca.

Desatento na defesa, confuso na marcação e, como sempre, absolutamente ineficiente no ataque.

Aqui, um comentário breve sobre o Barcos.

Vejo nesse jogador algumas qualidades, mas só quando ele está em pé. O problema é que ele tem um problema sério de estabilidade. Não sei se algum fisiologista já o examinou com atenção.

Acredito que o centro de gravidade do Barcos é semelhante ao daquelas pequenas vans coreanas ou algo assim, estreitas e altas. Ou seja, um perigo nas curvas. Um exame acurado poderá constatar isso.

Mas é claro que a goleada não passa por ele.

Apontar algum jogador ou alguns jogadores como responsáveis pela derrota seria injustiça. O time todo estava perdido, desorientado e até mesmo relaxado, porque o foco é a Copa do Brasil.

O técnico Renato também não tem culpa. Manteve a estrutura básica. Acho que o problema maior ficou por conta do entrosamento do meio de campo, o trio de volantes.

O sistema defensivo teve um apagão inicial e depois não conseguiu reagir. E quando se reequilibrou não viu ninguém na frente. A entrada de Elano deu mais qualidade, mas foi insuficiente.

Renato disse que foi um acidente. Também acho.

O importante é que os estilhaços desse choque não causem reflexos no jogo de quarta-feira, de novo em Curitiba.

Cerveja 1983, a mídia e o pênalti de Pato

Foi divertido ouvir os programas esportivos – é claro que não ouvi todos – nesta quinta-feira, principalmente os debates.

O assunto predominante foi o pênalti cobrado pelo Pato.

A vitória do Grêmio e a classificação à semifinal ficaram em segundo plano. Por que será que eu não me surpreendo?

Faziam muita brincadeira. Não faltou nem musiquinha com patos e o qua-qua-qua.

Havia, claro, muito despeito, muita inveja, muita ciumeira incontrolável.

O jogo em si passou ao largo, praticamente.

Não ouvi ninguém mencionar que o Grêmio jogou melhor que o Corinthians e que havia feito por merecer a vitória nos 90 minutos.

O Corinthians chutou uma bola em gol, com algum perigo. Douglas pela esquerda e a defesa de Dida para escanteio. No mais, cruzamentos afastados pela zaga ou neutralizados pelas mãos firmes do goleiro gremista.

Chances claras de gol quem teve foi o Grêmio. Destaco as duas do Vargas, em especial a primeira. Até o Damião com sua péssima fase teria feito.

No final, aquela cobrança de falta sensacional do Elano, que, aliás, entrou muito bem, vibrante, interessado. Pena que ele não entrou uns dez minutos antes.

Então, foi uma vitória merecida, com muito sofrimento, mas absolutamente justa.

Um jogo que merecia mais destaque da mídia esportiva porque foi um grande duelo tático e técnico.

Na minha opinião, um confronto digno de final de campeonato.

CERVEJAS e MARQUETINGUI

É claro que antes, durante e depois do jogo degustei a 1983 e a 1903. Moderadamente.

Estou lançando o último lote de long neck, pilsen, com as cinco marcas.

Depois, vou largar. Tentei licenciar a 1983 para comemorar em alto estilo os 30 anos do Mundial de Clubes.

Não tive sucesso.  Ando mesmo sem moral.

Se o Grêmio não se interessa, quem sou eu pra achar que é realmente um bom lance de marketing justo agora em que dois heróis de 1983 estão juntos de novo, o Koff e o Renato?

Pensei em escrever ‘brochei’, mas como este é um espaço família opto por ‘desanimei’.

Com a 1983 licenciada e com registro no MAPA seria mais fácil atender os centenas de gremistas de todo o país que pedem a cerveja.

Bem, eu tentei. Ali em cima foto do último lote que vou disponibilizar à nação gremista.

Pedidos: ilgowink@gmail.com

AMBEV

Alegadamente, a 1983 não pode ser licenciada porque a Ambev tem contrato de exclusividade de bebidas alcoólica com o Grêmio.

Eu sabia que a Ambev estava com medo de mim, eu sabia.

Dida, três vezes Dida

Antes dos pênaltis, Dida foi até a beira do gramado para abraçar um Renato tenso e agitado. ‘Deixa comigo, chefe’, deve ter dito esse goleiro que é mais que um goleiro, é uma lenda.

E Dida passou a escrever mais uma página em sua trajetória de vitórias logo no primeiro pênalti. Barcos, um jogador vivido, rodado, sentiu o peso da responsabilidade e chutou para a defesa do goleiro Walter.

Aumentou a responsabilidade do goleiro gremista, a melhor herança deixada por Luxemburgo. O experiente Danilo cobrou e viu Dida crescer em sua frente. Defesa de Dida.

Depois, o promissor Alex Telles cobrou na trave esquerda. Romarinho cobrou e venceu Dida.

O Corinthians estava em vantagem quando o patinho feio fez o que o veterano Barcos e o garoto de ouro não conseguiram: mesmo nervoso, ele fez o gol, voltando a dar esperança à torcida que enfrentou a noite chuvosa para apoiar o time.

Na cobrança de Edenilson, mais uma vez Dida brigou e evitou o gol. Foi aí que apareceu Elano. O jogador que teve seu nome gritado pela torcida durante boa parte do jogo e que vem amargando a reserva com elevado profissionalismo deu a resposta que seu talento impõe. Gol.

Alessandro, capitão corintiano, foi para a quarta cobrança do time e não se intimidou: empatou tudo.

Na quinta cobrança, Kleber esbanjou categoria e tranquilidade. Na verdade, uma tranquilidade apavorante. Walter vai defender, pensei eu, assombrado por mil demônios.

Gol de Kleber.

Ficou tudo para ser decidido entre dois velhos companheiros de Milan: Alexandre Pato e Dida. Pensei: Dida deve conhecer todas as manhas de Pato. Vai defender.

E Pato fez a alegria gremista. Deu uma cavadinha mal aplicada e Dida defendeu com a facilidade que só os grandes goleiros conseguem passar a cada intervenção.

Classificado, o Grêmio encara o Atlético Paranaense, que eliminou o Inter com o empate por 0 a 0 em Curitiba.

Não terá seus três atacantes: Kleber e Barcos receberam o terceiro amarelo, e Vargas foi expulso.

Vargas é  um atacante perigoso, mas é um inconsenquente. Um jogador inconfiável. Ele perdeu duas grandes chances de gol. As melhores chances da partida. Na primeira, cruzada da direita, do Kleber, ele teve tudo para marcar, mas chutou muito alto com a goleira escancarada.

No segundo tempo, em outra jogada de Kleber, o melhor do jogo nos 90 minutos, Vargas entrou livre pela direita e chutou na rede pelo lado de fora. Foram as grandes chances de gol da partida.

Depois, Dida salvou a noite e justificou plenamente sua contratação, calando corneteiros não definitivamente, porque são poucos os torcedores que têm humildade para recuar em suas opiniões, mesmo quando um goleiro defende três pênaltis em cinco.

Não me lembro de algo assim.

Dida salvou Vargas, salvou Barcos e salvou Renato.

Graças a ele o Grêmio mantém viva a esperança de um título nacional.

Dida, Dida e Dida. Três vezes Dida.

Koff, Odone e a Arena

A propósito do debate público entre o presidente multicampeão, Fábio Koff, e o ex-presidente Paulo Odone, que entra para a história – para o bem e para o mal – como maior responsável pela construção da Arena e demolição do Olímpico, quero deixar muito claro, mais uma vez, que estou preocupado. Muito preocupado. Quase desanimado.

O pior é que eu e muita gente previmos que esse momento chegaria e que o clube Grêmio passaria por um longo período de turbulência a partir do contrato firmado com a empreiteira OAS, que, é claro e está no seu direito, nunca joga pra perder.

Se a OAS não ceder e revisar alguns pontos do contrato, a situação ficará muito, muito difícil. Se ela continuar intransigente e arrogante, desde já, proponho que nenhum gremista compre os imóveis que serão erguidos pela empresas às centenas. Que fiquem vazios, sem compradores.

Bem, seguem agora dois textos que escrevi no meu antigo blog, quando ainda trabalhava no Correio do Povo, há quase cinco anos.

Confesso que não me lembrava deles, mas sabia que havia opinado sobre o negócio. Infelizmente eu não estava muito errado. Mas acho que exagerei no titulo do primeiro. Confiram:

17/12/2008

Atestado de óbito

Os fatalistas não deixam por menos: a assinatura do contrato (lido por poucos e comentado por muitos) para construção da Arena vai selar o começo do fim do Grêmio. A morte do Grêmio.

O pessoal de um blog já fez até convite para o sepultamento. Não acredito que seja para tanto, mas depois do terremoto causado pelo contrato com a ISL (até hoje o clube sofre os efeitos da herança maldita) todo cuidado é pouco.

Por isso, é inaceitável essa pressa. Inventaram a história da Copa do Mundo para acelerar o processo. O que menos importa é erguer um estádio para sediar jogo da Copa do Mundo.

Parece que agora as coisas estão andando num ritmo mais lento, o contrato misterioso é analisado com calma e, principalmente, seriedade. Sei que tem muita gente séria debruçada sobre o documento. Por isso, acredito que no final tudo vai dar certo. Se houver algum problema, esse grupo vai vetar o contrato.

Fiquei sabendo, por exemplo, que se a construtora, famosa por abocanhar muito grana de sucessivos governos daqui e do exterior, falir, a Arena ficará para pagar os credores.

O Grêmio, então, ficaria sem Arena, sem Olímpico, sem nada. Confio que os conselheiros atentem para esse tipo de coisa, entre outros tantos aspectos que ficam nas entrelinhas.

Caso contrário, podemos começar a escrever o atestado de óbito e nele colocar todos os nomes dos responsáveis pela morte, um por um.

Escrito por Ilgo Wink às 22h11
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14/12/2008

Arena no Olímpico

O Conselho Deliberativo do Grêmio decide amanhã sobre o projeto da Arena.

Vou direto ao ponto: sou a favor da Arena no Olímpico mesmo, não no banhadão do Humaitá.

O grande problema seria a questão de área, de espaço. Isso seria resolvido com muito menos do que será gasto para comprar a área do Humaitá. Bastaria comprar alguns prédios junto ao Olímpico.

Resolvido o problema de espaço, reformar o Olímpico ou erguer outro estádio.

Nas duas hipóteses, o clube faria parcerias, a exemplo do que fez para erguer o Olímpico. O Inter também agiu assim e aí está o portentoso Beira-Rio.

Não há necessidade de vencer a alma para o diabo.

Até pouco tempo o Grêmio estava fechado com um grupo português, que acabou saindo fora porque tinha ou tem problemas. Mas era defendido com unhas e dentes pelos dirigentes do clube.

O negócio atual me parece nebuloso, não está muito claro. Não gosto dessa história de ter alguém bancando tudo para depois ter direitos sobre receitas do clube. O Grêmio não precisa ficar refém de nenhuma empresa. Pode andar e seguir em frente com suas próprias pernas e ajuda de empresários, sem comprometer seu futuro.

A matéria do CP deste domingo, feita pelo Carlos Corrêa, aponta para outro tipo de solução, algo que torna o clube dono do empreendimento.

O projeto do arquiteto Plínio Almeida me parece muito viável e melhor para o Grêmio. Confiram.

Se foi possível erguer o Olímpico (e o Beira-Rio) numa época em que não girava tanto dinheiro no futebol, por que não o seria hoje?

Fiz uma rápida enquete entre os gremistas da redação. Dez votaram. Sete a favor da Arena no Olímpico, dois no Humaitá e um ficou neutro.

Grêmio esteve mais perto da vitória

O gol do Inter logo no começo do jogo deixou o Grêmio mais alvoroçado que os sabiás nesta época de acasalamento em que eles passam a madrugada imitando, aos gritos, a voz esganiçada de D’Alessandro.

É um coral irritante de D’Alessandros.

Com esse esquema de jogar fechado, não levar gol e especular um na frente, o Grêmio sentiu o gol de Williams, após ótima jogada de Otávio, que passou no teste de fogo com louvor. Levou pau, mas não se intimidou.

O time realmente ficou perturbado. Pará estava transtornado, embora ele parece que sempre joga transtornado. A diferença é que estava agressivo demais, metendo a mão e o braço na cara dos adversários. Até demorou para levar o cartão amarelo, num lance com Otávio, o melhor do Inter disparado.

Souza fez uma de suas piores partidas. Falhou no primeiro gol de forma bisonha. Para agravar, ainda perdeu dois gols, conforme ele mesmo admitiu ao deixar o campo. Aquele lance no finalzinho, cruzamento do Kleber, era para matar o jogo. Ele cabeceou para fora.

A zaga também sentiu o gol logo aos 4 minutos. Tivesse o Inter um time melhor, poderia ter ampliado.

O Inter foi levemente superior no primeiro tempo até em função desse gol, da torcida praticamente toda a seu favor e também por causa de algumas atuações individuais do Grêmio abaixo da normalidade. Diria que de quase todos, a começar pelo Dida, que saltou tarde no gol de Williams. Mas foi um chute forte, rasante.

Aos 40, Ramiro, que voltou a jogar muito bem, lançou para Barcos na grande área. O zagueiro Jackson, que afastou Mário Fernandes do futebol por alguns meses com uma voadora que Leandro Vuaden ignorou, foi finalmente punido. Tentou interceptar e marcou um belo gol, encobrindo Muriel, que começa a pegar fama de goleiro com mala suerte.

Aparte: que diferença uma arbitragem de Gre-Nal com juiz de fora… Foi muito bem o juiz carioca.

No segundo tempo, o Grêmio jogou mais tranquilo, mais confiante. Começou a aparecer o futebol de Kleber e Vargas.

Com a bola mais trabalhada, os dois atacantes enlouqueceram a marcação colorada. Vargas com seus dribles perturbou os defensores.

Foi aí que Kleber começou a mostrar o quanto é inteligente pra jogar futebol. Aos 6 minutos, ele trabalhou toda a jogada com Ramiro – o lance todo me deu a impressão de jogada treinada, Kleber levou a bola para a esquerda, atraiu três marcadores, Ramiro encostou e ele deu-lhe a bola. Ramiro devolveu de calcanhar deixando Kleber livre. E aí a metida milimétrica para Vargas entrar, driblar Muriel e mandar para a rede, um golaço.

Kleber e Vargas foram os melhores do Grêmio. Pena que o centroavante não esteve no mesmo nível. Aí, a vitória seria inevitável.

Cinco minutos depois, Souza perdeu o gol ao cabecear para fora num lance em que saltou sozinho na cobrança de escanteio.

É claro que o Inter, empurrado pela torcida, não esmoreceu. D’Alessandro fez boa jogada, invadiu a área e foi derrubado por Bressan, para mim, o melhor da zaga.

Dida adivinhou o canto, mas não defendeu o chute do argentino.

No finalzinho, a chance desperdiçada mais clara do jogo: o rebote de Muriel no chute de Alex Telles, a sobra para Kleber, o cruzamento na medida para Souza, que cabeceou pra fora. Seria o gol da vitória.

O empate, diante daquele início tumultuado, foi bom para o Grêmio, que jogava fora. Mas que o gol perdido do Souza deixou um gostinho de quero mais, deixou.

Agora, vamos ao que realmente interessa: o jogo decisivo contra o Corinthians, que vale vaga na semifinal da Copa do Brasil, competição em que há chance real de título.

Enquanto isso, o Inter pega o Atlético PR em Curitiba. O Atlético foi batido pelo Goiás com facilidade na rodada, o que me dá a impressão que jogou com freio de mão puxado pensando na Copa do Brasil. O desafio do Inter é pior que o do Grêmio, que joga em casa.

VHS

Depois do jogo, a provocação bobinha do sabiá, digo, do D’Alessandro: “Tem time que olha de binóculo, mas também tem time que precisa de fita VHS para relembrar título”.

Primeiro, ele assumiu que olha para o Grêmio de binóculo. Muito digno da parte dele. No mais, realmente, está na hora de o Grêmio ter seus títulos registrados em DVD ou coisa parecida.

O atacante Kleber, ao ser informado disso pelos repórteres, mostrou que é lúcido também fora de campo: “O Inter passou a existir em 2006”.

Boa essa corneta, é saudável.

Se a rivalidade Gre-Nal ficasse restrita a esse tipo de brincadeira seria perfeito.

Favoritismo gremista e temor colorado

O Inter conseguiu o queria: quase nada de gremistas no Gre-Nal.

Não tenho nenhuma dúvida de que a direção colorada está assustada diante da perspectiva de perder o jogo, o que irá complicar muito o planejamento que prevê terminar o ano com Clemer.

O presidente Luigi fala no percentual de 2,5%. Hoje, na Gaúcha, para o Nandro Gross, o secretário de segurança do RS, que presidiu a reunião com a BM e a direção dos clubes, afirmou taxativamente que nunca houve acordo para o segundo jogo. Nunca. Quer dizer, desmentiu o presidente colorado. Senti que o Nando ficou surpreso.

O sr. Airton Michels disse que o Luigi mencionou os 2,5% depois de ficar definido que Inter teria 1,5 mil ingressos. Definição essa que partiu da BM, que não queria nenhum colorado na Arena por alegadas questões de segurança.

Aparte: o Corinthians vai receber 5 mil ingressos para quarta-feira. Agora pode? Ah, a torcida corintiana é composta de anjinhos, claro.

Então, o número de 1,5 mil colorados na Arena não partiu do Grêmio.

Foi aí, segundo o secretário, que Luigi falou nos 2,5% para o segundo clássico. O secretário apartou dizendo que a reunião era apenas, e unicamente, para definir o público do primeiro jogo.

Quer dizer, nunca houve acordo.

O comandante da BM dá a entender que houve acordo, mas suas entrevistas são confusas. O repórter perguntou se ele, o comandante, seria testemunha no caso de uma ação judicial sobre o assunto. Ele titubeou e disse algo assim: não sou testemunha, estava na reunião, mas não sou testemunha.

Estava na reunião e não é testemunha? Não sei o que ele anda falando hoje, mas no começo era uma maçaroca verbal.

Muito diferente do secretário, que foi simples e objetivo. Admitiu que houve tentativa do Inter em fixar o percentual, mas que isso não foi adiante ao menos nessa reunião.

O fato é que o resultado disso tudo é que o Grêmio terá meia dúzia de gato pingado no Centenário.

Sou mais o Nestor Hein, que não aceitou receber os 500 ingressos. Pena que uns gremistas foram lá em Caxias comprar ingressos.

Bom para a BM, que terá menos trabalho, e para o Inter.

Ah, só lembrando que Luigi negociou com a FGF para levar o jogo a Cascavel. Noveletto foi lá e acertou tudo, autorizado por Luigi. Depois, ficou pendurado no pincel, porque o Inter percebeu o prejuízo técnico que teria ao enfrentar um Grêmio com torcida – lá seriam pelo menos 10 mil gremistas.

Mais tranquilo um Gre-Nal sem a torcida do Grêmio, não é mesmo? Parabéns ao Inter.

FAVORITISMO

Com ou sem sua torcida atordoante torcida, o Grêmio é o favorito. Mas já foi favorito outras vezes e não venceu.

O Grêmio é favorito porque tem um time mais consolidado. A diferença de pontos em relação ao Inter deve significar alguma coisa, ou não?

O Inter tem um técnico noviço. Ele está tentando ajustar uma equipe. Lança mão de um guri de 18 anos como volante. Tem uma defesa vulnerável, os números mostram isso.

O problema é que o Grêmio não tem muito poder de fogo para aproveitar essa deficiência que o Clemer anda enlouquecido para corrigir. O s números escancaram a penúria ofensiva tricolor.

Mas, como a defesa colorada é fraquinha, um gol ao menos vai passar.

Já a defesa do Grêmio é uma muralha, como afirmei hoje na rádio Guaíba, ao meio-dia. E tem um goleiro excepcional.

Mas o ataque colorado é perigoso, apesar da fase ruim de Damião.

Ainda assim, acredito que o Inter não fará gol. Meu palpite: 1 a 0 para o Grêmio, gol de Barcos.

Ou então ficaremos no mais provável mesmo: 0 a 0.

Outra coisa, é estimulante um Gre-Nal com juiz de fora.

PRIORIDADE

Penso que a prioridade gremista não deva ser o Gre-Nal. O mais importante, sendo bem pragmático, é bater o Corinthians.

Acho que é por isso que apareceu uma lesãozinha no Rodolpho. Desconfio que o Riveros também será poupado.

Acho que contra o Inter o Grêmio vai com dois zagueiro, três volantes e três atacantes.

Contra o Corinthians será com três zagueiros.

Se eu tivesse que escolher entre vencer o Gre-Nal e vencer o Corinthians, ficou com a segunda hipótese.

Cansei de ‘festejar’ vaga.

Barcos e a extração de dente sem anestesia

O gol de Barcos foi o que de melhor aconteceu na Arena.

O primeiro tempo foi doloroso. Confesso que me vi numa cadeira de dentista. Extração de dente sem anestesia. É a imagem que faço para o futebol dos dois times, em especial o Grêmio, que só foi concluir a gol aos 40 minutos, chute do Lucas Coelho.

O Corinthians ameaçou mais que o Grêmio, que jogava em casa, diante de sua torcida. Quer dizer, pior que isso só mesmo uma extração de dente sem anestesia.

Fui para o intervalo pensando que só mesmo um milagre salvaria o Grêmio de um 0 a 0, sim porque não conseguia imaginar o Corinthians fazendo gol também.

Antes do jogo, pensava que o ideal seria começar com Maxi e Barcos na frente. Iniciar com  Lucas Coelho foi uma surpresa para mim, mas se pensarmos em termos de atacante não havia coisa melhor no banco.

O Paulinho, que entrou no final, é um Leandro piorado. Vai direto do junior para os veteranos sem escala.

Pois Maxi Rodriguez começou o segundo tempo, saindo um zagueiro. Renato está ficando mais ousado. A dor ensina a gemer, já dizia meu pai.

E foi de Maxi o lançamento para Barcos fazer o gol. O grande mérito no lance não foi de Maxi, mas sim de Barcos.

Um lance difícil. Não é para qualquer um dominar aquela bola no peito, colocando-a submissa para o arremate. É coisa de centroavante talentoso.

O chute cruzado no contra-pé do melhor goleiro do Brasil, disparado, foi certeiro, preciso como a broca do dentista no dente cariado. Com anestesia, claro.

O importante é que o Grêmio venceu, somou três pontos, como o Cruzeiro, que bateu o Flu.

O Atlético PR empatou e o Botafogo joga hoje.

Já o Inter ficou no empate. O que não deixa de ser bom resultado.

Agora, vamos para o Gre-Nal. Este sim é um jogo sempre tão tenso e sofrido que nem anestesia resolve.

Peñarol e a blindagem em torno de Luigi

É impressionante a blindagem em torno do presidente Giovani Luigi.

Como não tenho condições de acompanhar todos os jornalistas da área esportiva e agregados, estou recebendo relatos atordoantes de alguns amigos sobre o que andam escrevendo e falando a respeito de ser o Peñarol o adversário do jogo de inauguração do novo Beira-Rio.

Se o presidente Luigi não tivesse feito aquele comentário provocativo sobre a presença do Hamburgo na inauguração da Arena, acredito que ninguém neste momento estaria questionando a escolha colorada.

Ocorre que ao ironizar o convidado gremista, Luigi passou a impressão de que um clube de primeira linha do futebol mundial estaria na festa colorada no dia 6 de abril. Confesso que cheguei a pensar no Barcelona. Seria mesmo uma grande atração, com repercussão internacional.

Aí, é anunciado, com pompa e circunstância, um adversário menor no contexto atual do futebol. O Peñarol é um clube com uma história rica, vitoriosa, mas isso ficou no passado.

Para quem esnobou o Hamburgo, anunciar o Peñarol é quase uma afronta.

Alguns jornalistas da praça estão questionando a decisão, mas outros, sem qualquer constrangimento, não ficam nem ruborizados ao defenderem a escolha colorada, que, repito, seria aceitável em outra circunstância, nunca depois da fala inoportuna do presidente colorado.

Além do mais, o Peñarol tem muito mais vinculação com o Grêmio.

O que não deixa de ser uma homenagem ao primeiro clube gaúcho campeão da Libertadores e do Mundo.