O Grêmio está deixando escapar entre as chuteiras de Barcos – e as de mais uns dois ou três, para ser mais justo – suas chances de garantir vaga direta na Libertadores de 2014. Ou reage, ou já no próximo final de semana, contra o líder Cruzeiro, pode cair para terceiro ou quarto lugar.
Esta é a dura realidade do momento.
E como o Grêmio, que até uns 20 dias atrás ainda mantinha a esperança de título, chegou à essa situação que aflige os gremistas, repetindo, aliás, o que tem acontecido desde o distante título da Copa do Brasil de 2001?
Um pouco por teimosia do Renato, que se abraçou a um esquema como um marisco às pedras, e dele não desgruda.
Em nome desse esquema, que tem seus méritos indiscutíveis mas que apresenta sinais evidentes de desgaste, Zé Roberto fica no banco de reservas e vê desfilar em seu lugar uma série de nulidades inexperientes.
Hoje, depois de longo tempo, ele entrou para jogar uns 10 minutos.
O Grêmio dominava o Bahia, que praticamente não levava risco à área de Dida. Zé Roberto poderia ter entrado antes, talvez com Elano, aos 20 minutos.
Mas não foi por isso que o Grêmio deixou de faturar três pontos em sua casa, digo, na casa da OAS.
Mais uma vez o que se viu foi um ataque absolutamente incapaz de marcar gols. Em relação a maioria dos últimos jogos, houve ao menos um progresso: o time criou inúmeras situações de gol.
O goleiro Marcelo Lomba foi o destaque do jogo com algumas defesas muito difíceis, como aquela desviada do Kleber, à queima-roupa, após cruzamento do PGV Ramiro.
Depois, Barcos perderia duas chances muito claras de gol. Numa delas, ele poderia ter encostado para Kleber, mas optou por ele mesmo fazer o gol, já que um pouco antes havia perdido boa chance e fora vaiado. Marcelo Lomba cresceu em sua frente em defendeu.
Assim, de gol perdido em gol perdido, o Grêmio vai afundando como um barco avariado.
O sistema defensivo vai bem obrigado. Comete suas falhas, como aquele descuido contra o Atlético Paranaense na quarta-feira passada, mas não pode ser responsabilizado pela decadência do time que se mostra incapaz de bater, em plena Arena, adversários assustados pelo fantasma da segundona.
Ainda defendo a proposta de de jogo do Renato. Mas não tem como abrir mão de jogadores como Elano e Zé Roberto ao menos para entrar no intervalo ou mais cedo no segundo tempo.
Tenho minhas dúvidas se isso resolveria a inoperância do ataque, mas penso que poderia aumentar sua produção e eficiência.
Quem reclama que a simples presença de um articulador, sacando um volante, resolveria a questão, quero lembrar que no jogo de hoje o time criou oportunidades para vencer até com facilidade, mesmo com Ramiro, Riveros e Souza.
O fato é que há falta de qualidade na criação de jogadas, mas também é inegável que os atacantes não aproveitam devidamente as poucas chances que aparecem.
No caso de Barcos, sou solidário ao jogador. Chego a torcer para que o zagueiro intercepte a bola que vai deixá-lo na cara do goleiro, porque isso evita o constrangimento de mais um gol desperdiçado.
Vargas é um caso à parte: como sou um admirador do drible, a bola grudando no pé do atacante, me empolgo feliz quando vejo uma arrancada do chileno. Passa por um, por dois, por três. Agora vai, penso eu, mas aí ele adianta demais a bola. É bonito de se ver, só o desfecho da jogada é que deixa a gente frustrado.
Já o Kleber é um jogador inteligente. Talvez o mais inteligente do time na organização de jogadas, no passe, na bola enfiada. O problema é que ele praticamente não conclui. E quando aparece para receber em situação de marcar, como no lance referido do Barcos, a bola não chega.
Agora, tudo é agravado pela capacidade que os laterais têm de cruzar onde os atacantes não estão. Faz tempo comentei sobre isso. Moisés até fez uns dois ou três cruzamento bons, mas no restante imitiou o titular Pará. Alex Telles tem um problema sério. Eu, fosse o treinador, o proibiria de tentar o gol em chutes de fora da área. Na bola parada ele também é apenas razoável, para ser compreensivo.
Elano deveria jogar até em função da bola parada. Muitos jogos são decididos em cobrança de falta, de escanteio.
Por fim, o mais preocupante.
Um time que não conseguiu fazer um golzinho sequer no Bahia – fora o histórico de incapacidade ofensiva – tem chances reais de fazer dois gols no Atlético Paranaense?
Chegou a hora de acreditar, de ter fé.
Chegou a hora de rezar.
E quando chega essa hora é porque a coisa realmente está feia.