Renato errou ao substituir Zé Roberto, que começava a desabrochar no jogo depois de um primeiro tempo opaco; e errou na entrevista ao final, quando se defendeu das vaias dizendo que ‘meia dúzia traz problema de casa’.
Aqueles que não gostam do Renato-treinador ganham mais munição para atacá-lo.
Agora, esses mesmos que não gostam do Renato-treinador, precisam reconhecer que ele acertou ao começar com o mesmo Zé Roberto que ele, Renato, entendeu que deveria sair para manter a estrutura de marcação no meio, se mantendo fiel à sua concepção de time.
– Eu decido pela minha cabeça -, repetiu Renato na entrevista. É aquilo que eu escrevi dias atrás: em caso de derrota, de fracasso, o torcedor fica no máximo com a cabeça inchada, a do técnico rola.
Então, esse Renato de erros e acertos age corretamente ao tomar as decisões, sejam elas simpáticas ou não ao torcedor.
Se for decidir pelo torcedor, qualquer treinador vai enlouquecer, porque não tem nada mais instável do que opinião de torcedor.
Agora, no caso de Zé Roberto nesta noite de vitória apertadíssima de 1 a 0 sobre o Vasco, penso que faltou sensibilidade para Renato. Zé recém havia cobrado o escanteio que resultou no gol de Rodolpho, em mais uma atuação estupenda, quebrando o amargo e doloroso jejum. ZR começava a jogar com aquela desenvoltura de tempos atrás.
Pode ser que o time perdesse um pouco de combatividade no meio com a saída de Riveros, que não estava tão bem, mas com ZR e Maxi ganharia muito em qualidade ofensiva, e talvez a vitória fosse até por uma margem maior de gols.
Entre o ‘pode ser’ e a realidade há, muitas vezes, um abismo de diferença. O fato é que a entrada de Maxi no lugar do ZR, que reagiu mal à substituição, deu certo. O time ganhou em criatividade.
Maxi é o meia da jogada mais vertical e criativa. Ele deu um passe precioso para Elano marcar o segundo gol, mas faltou flexibilidade para o meia marcar.
Depois, Maxi perdeu a bola bisonhamente em jogadas de ataque. Redimiu-se minutos após com uma jogada que valeu o ingresso, ao meter a bola entre as pernas do marcador, entrar na área e chutar para uma grande defesa do goleiro.
Não foi gol, mas um lance como esse, tão raro no time espartano de Renato, é de iluminar a noite mais escura e de fazer renascer a esperança de que um dia os gols voltarão a fluir com naturalidade, diferente de agora.
O importante, conforme Renato frisou, é que o Grêmio venceu, somou três pontos e segue no G-4, agora a um ponto apenas do Atlético Pr, o vice-líder.
Se vencer o Flamengo, domingo, de novo na Arena, pode até reassumir o segundo lugar.
Por isso, a hora é de jogar com o time e com Renato, que, com mais acertos do que erros, mantém o Grêmio na ponta de cima do Brasileirão.