Grêmio cai por incompetência nas conclusões

O Grêmio perdeu tempo demais com Zé Roberto, esse mesmo que a torcida ensandecida escalou no jogo anterior.

Renato só pode ter escalado ZR para não ter a torcida resmungando desde os primeiros minutos a qualquer passe errado. Sem contar, que ZR, por sua qualidade, talvez desse alguma contribuição significativa.

Zé Roberto parecia um carro 1.0 no meio de máquinas 2.0. Parecia uma barata tonta. Não acrescentou defensivamente e muito menos ofensivamente, como acreditavam aqueles que isso aconteceria e que gritaram seu nome no último jogo.

Sem contar o clamor de um colunista que tem em seu histórico – entre outros tantos equívocos – a tentativa de destruir Baltazar, nada menos o cara que fez o golaço do primeiro título brasileiro do Grêmio e que depois foi ser goleador na Europa.

Renato acabou cedendo. Um treinador deve morrer abraçado à sua convicção. Ou teimosia.

Nada garante que o Grêmio com três atacantes desde o começo venceria o jogo, mas não tenho dúvida de que teria feito mais no primeiro tempo do que os dois chutes de fora da área do Telles e do Barcos, que o goleiro defendeu.

Aliás, nos dois últimos jogos, os goleiros adversários foram os melhores em campo. Marcelo Lomba foi o maior pontuador do Cartola.

Agora, o empate e a eliminação não passam por Renato. A culpa é muito mais da má qualidade do time em termos ofensivos.

Barcos, que até fez alguns bons lances, é um péssimo cabeceador. Chamei a atenção para esse fato algumas vezes, como hoje ao meio-dia no rádio Guaíba.

Hoje, a bola dos laterais encontrou Barcos na área. E todos os cabeceios do argentino foram para fora, sem qualquer perigo. Nunca pensei que sentiria saudade do André Lima, mas nesse quesito faltou alguém mais eficiente na área.

Outro que não acerta um cabeceio a gol é o Rodolpho, que é bom mesmo, e muito bom, na própria área.

Então, em Curitiba, mesmo com um ataque juvenil, o Grêmio foi superior e mereceu ao menos o empate. O Atlético teve uma situação e marcou. De cabeça. Nem cabeceador o Grêmio tem mais. O melhor, Werley, ficou fora.

Hoje, na Arena, com a torcida tendo um comportamento exemplar, o Atlético não ameaçou uma vez sequer o goleiro Dida.

Então, se não permitiu situações de gol ao adversário e ao mesmo tempo criou inúmeras situações de gol, ninguém pode, com honestidade, isenção e sem paixão, responsabilizar Renato pela eliminação na Copa do Brasil.

O treinador arma o time para se defender bem e criar situações de gol. Ele não pode entrar em campo para marcar o gol que os atacantes por imperícia e/ou nervosismo não conseguem fazer.

O GOL ANULADO

Antes do jogo comentei que o juiz seria o flamenguista Marcelo Henrique, de grande atuação no Gre-Nal.

Não gostei de ter um flamenguista apitando a decisão na Arena. Pensei com os meus botões: qual seria o melhor adversário para o Flamengo numa final de Copa do Brasil? Grêmio ou Atlético PR?  A resposta me parece óbvia. Repeti essa pergunta hoje na Guaíba.

Kleber, que apanhou como um cão sarnento, levou cartão amarelo num lance banal. E Kleber, que havia provocado três cartões amarelos por agressões sofridas, era o único que incomodava a defesa paranaense.

O Grêmio precisava de um golzinho para levar aos pênaltis. O golzinho aconteceu num chute de Ramiro, que minutos antes havia acertado a trave.

Teria havido falta de Barcos no lance. Não vi nada. E muita gente não viu. Mas o juiz, que não se constrange de aparecer com a camisa do Flamengo, marcou uma infração e anulou o gol

O gol que levaria aos pênaltis ou até a um segundo gol.

No futebol, cada vez mais se vence ou se perde nos detalhes. Tudo está muito nivelado. Qualquer erro de arbitragem pode ser fatal.

O fato é que o Flamengo está mesmo com muita sorte: terá o Atlético na final. Não um velho carrasco.

O time do Renato e a força da torcida

Se reunirmos dez gremistas (ou colorados), não encontraremos duas opiniões completamente iguais sobre qualquer assunto a respeito de suas equipes.

Há muito tempo estou convencido disso. Claro, pode haver exceções.

Na ZH de hoje, dia 5, colunistas e convidados do jornal opinam sobre qual seria o seu time ideal para enfrentar o Atlético Paranaense. Há diferenças de esquemas e de nomes tanto na defesa, como no meio e no ataque.

Mas de um modo geral todas escalações se aproximam do time que irá entrar em campo na Arena para buscar à classificação à final da Copa do Brasil.

O fato é que se nós aqui de fora não chegamos a um acordo, como cobrar de Renato que nos ouça? Ele tem mais é que decidir por sua cabeça, que é a que pode rolar em caso de fracasso. Não será a minha nem a sua. No máximo, ficaremos com uma baita dor de cabeça. E ainda de cabeça inchada, como se dizia antigamente.

Assim, dou meu apoio ao time que Renato irá escalar, e que dificilmente será diferente desse:

Dida; Pará, Werley, Rodolpho e Alex Telles; Souza, Ramiro e Riveros; Vargas, Kleber e Barcos.

Afinal, essa formação no 4-3-3 (agora com Pará e Werley – pode ser que Bressan seja mantido) foi bem contra o Bahia.

O adversário nunca ameaçou o goleiro Dida e o sistema ofensivo funcionou, dando muito trabalho ao goleiro Marcelo Lomba, que parecia estar de aniversário.

O que faltou contra o Bahia e não pode faltar nessa decisão é esse artigo tão raro no Grêmio, o gol.

Mas o caminho para chegar ao gol foi redescoberto.

Só falta esse detalhe que faz toda a diferença, que consagra ou afunda: a bola na rede.

Então, duvido que Renato vá arriscar mudanças de última hora, como Zé Roberto e/ou Elano começando o jogo.

Cabe ao torcedor confiar no treinador que chegou aqui desacreditado por muitos, herdeiro de um time montado por outros.

Renato em pouco tempo conseguiu devolver ao Grêmio a bravura, a determinação e a indignação do time diante da adversidade.

Um Grêmio com a cara do Grêmio.

Houve uma queda de rendimento, é verdade. O crédito de Renato com a torcida está evaporando velozmente, porque no futebol tudo é muito rápido. No futebol, o céu e o inferno estão muito próximos. O herói de hoje é o vilão de amanhã. E vice-versa.

O importante nessa hora é confiar em Renato e no time que ele montou. Será um jogo de paciência. O Grêmio deve entrar em campo pensando em vencer por 1 a 0. Nunca com a obrigação na cabeça de vencer por 2 a 0. O 1 a 0 basta.

O segundo gol será consequência, mase se não acontecer ainda há Dida para garantir nos pênaltis. Os batedores do Atlético vão pensar nas defesas de Dida contra o Corinthians, e irão tremer.

O Atlético Paranaense vai sentir hoje o peso de uma Arena lotada e de uma torcida ainda mais vibrante e incansável quanto esse time do Renato.

Quem for à Arena predisposto a vaiar e a pedir por jogadores que estão no banco, por favor, que fique em casa.

Se não pode ajudar, ao menos não atrapalhe.

Chegou a hora de começar a rezar

O Grêmio está deixando escapar entre as chuteiras de Barcos – e as de mais uns dois ou três, para ser mais justo – suas chances de garantir vaga direta na Libertadores de 2014. Ou reage, ou já no próximo final de semana, contra o líder Cruzeiro, pode cair para terceiro ou quarto lugar.

Esta é a dura realidade do momento.

E como o Grêmio, que até uns 20 dias atrás ainda mantinha a esperança de título, chegou à essa situação que aflige os gremistas, repetindo, aliás, o que tem acontecido desde o distante título da Copa do Brasil de 2001?

Um pouco por teimosia do Renato, que se abraçou a um esquema como um marisco às pedras, e dele não desgruda.

Em nome desse esquema, que tem seus méritos indiscutíveis mas que apresenta sinais evidentes de desgaste, Zé Roberto fica no banco de reservas e vê desfilar em seu lugar uma série de nulidades inexperientes.

Hoje, depois de longo tempo, ele entrou para jogar uns 10 minutos.

O Grêmio dominava o Bahia, que praticamente não levava risco à área de Dida. Zé Roberto poderia ter entrado antes, talvez com Elano, aos 20 minutos.

Mas não foi por isso que o Grêmio deixou de faturar três pontos em sua casa, digo, na casa da OAS.

Mais uma vez o que se viu foi um ataque absolutamente incapaz de marcar gols. Em relação a maioria dos últimos jogos, houve ao menos um progresso: o time criou inúmeras situações de gol.

O goleiro Marcelo Lomba foi o destaque do jogo com algumas defesas muito difíceis, como aquela desviada do Kleber, à queima-roupa, após cruzamento do PGV Ramiro.

Depois, Barcos perderia duas chances muito claras de gol. Numa delas, ele poderia ter encostado para Kleber, mas optou por ele mesmo fazer o gol, já que um pouco antes havia perdido boa chance e fora vaiado. Marcelo Lomba cresceu em sua frente em defendeu.

Assim, de gol perdido em gol perdido, o Grêmio vai afundando como um barco avariado.

O sistema defensivo vai bem obrigado. Comete suas falhas, como aquele descuido contra o Atlético Paranaense na quarta-feira passada, mas não pode ser responsabilizado pela decadência do time que se mostra incapaz de bater, em plena Arena, adversários assustados pelo fantasma da segundona.

Ainda defendo a proposta de de jogo do Renato. Mas não tem como abrir mão de jogadores como Elano e Zé Roberto ao menos para entrar no intervalo ou mais cedo no segundo tempo.

Tenho minhas dúvidas se isso resolveria a inoperância do ataque, mas penso que poderia aumentar sua produção e eficiência.

Quem reclama que a simples presença de um articulador, sacando um volante, resolveria a questão, quero lembrar que no jogo de hoje o time criou oportunidades para vencer até com facilidade, mesmo com Ramiro, Riveros e Souza.

O fato é que há falta de qualidade na criação de jogadas, mas também é inegável que os atacantes não aproveitam devidamente as poucas chances que aparecem.

No caso de Barcos, sou solidário ao jogador. Chego a torcer para que o zagueiro intercepte a bola que vai deixá-lo na cara do goleiro, porque isso evita o constrangimento de mais um gol desperdiçado.

Vargas é um caso à parte: como sou um admirador do drible, a bola grudando no pé do atacante, me empolgo feliz quando vejo uma arrancada do chileno. Passa por um, por dois, por três. Agora vai, penso eu, mas aí ele adianta demais a bola. É bonito de se ver, só o desfecho da jogada é que deixa a gente frustrado.

Já o Kleber é um jogador inteligente. Talvez o mais inteligente do time na organização de jogadas, no passe, na bola enfiada. O problema é que ele praticamente não conclui. E quando aparece para receber em situação de marcar, como no lance referido do Barcos, a bola não chega.

Agora, tudo é agravado pela capacidade que os laterais têm de cruzar onde os atacantes não estão. Faz tempo comentei sobre isso. Moisés até fez uns dois ou três cruzamento bons, mas no restante imitiou o titular Pará. Alex Telles tem um problema sério. Eu, fosse o treinador, o proibiria de tentar o gol em chutes de fora da área. Na bola parada ele também é apenas razoável, para ser compreensivo.

Elano deveria jogar até em função da bola parada. Muitos jogos são decididos em cobrança de falta, de escanteio.

Por fim, o mais preocupante.

Um time que não conseguiu fazer um golzinho sequer no Bahia – fora o histórico de incapacidade ofensiva –  tem chances reais de fazer dois gols no Atlético Paranaense?

Chegou a hora de acreditar, de ter fé.

Chegou a hora de rezar.

E quando chega essa hora é porque a coisa realmente está feia.