A situação financeira do Grêmio é alarmante.
Só não é mais alarmante que a facilidade com que os números da crise são transmitidos à imprensa ao pé do ouvido de cada repórter ou colunista por gente que parece mais preocupada em ficar ‘de bem’ com jornalistas, mesmo que isso signifique expor o clube.
Hoje, há mais informantes da imprensa por metro quadrado no Olímpico do que veranista à beira-mar de Capão da Canoa num domingo ensolarado de verão. Diante disso, penso que após cada reunião o presidente poderia convocar os setoristas e passar de uma vez todas as informações, que hoje pingam a conta-gotas e deixam o torcedor aturdido e assustado.
Bom seria se fosse, como pensam alguns, pura invenção da imprensa ‘vermelha’. O fato é que a situação é realmente crítica.
A direção do Grêmio, segundo foi passado aos meios de comunicação, vai trabalhar para o clube não entrar em colapso, buscando viabilizar o pagamento em dia dos salários e demais compromissos.
Os torcedores com mais de 40 anos já viram o Grêmio – e também o Inter – passar por períodos terríveis em que não havia dinheiro em caixa nem pra comprar papel higiênico.
Um dirigente colorado, Gilberto Medeiros, assumiu a presidência do Inter nos anos 80 dizendo que chegava para ‘pagar títulos, não ganhar títulos’.
O próprio presidente Fábio Koff assumiu o clube na década de 90 com os cofres raspados. Acabou campeão da Libertadores e só não foi bi mundial por essas coisas do futebol.
Lembro que certa vez o Grêmio contratou Adilson porque ele foi o único que aceitou receber um salário muito abaixo do mercado por gratidão ao clube. Um salário que outro técnico, figurinha fácil, recusou de pronto.
Então, pelos números vazados, a situação é realmente grave.
Eu só não estou em pânico, ainda, porque acredito na competência de Koff e seus companheiros.
Creio que é possível cruzar esse mar bravio, de ondas assustadoras, com união, trabalho, serenidade e maior discrição.
Se for para passar informações, que elas sejam transmitidas formalmente pelo comandante máximo do clube.
É importante que o torcedor tenha consciência do que está acontecendo, mas oficialmente.
Uma das coisas que a torcida mais detesta é saber da ‘desgraceira’ por jornalistas, muitos dos quais ela vê como ‘colorados ondeiros que estão se deliciando com a crise do Grêmio’.
É interessante como esses gremistas que gostam de passar informações à imprensa – que está no seu papel – ainda não se deram conta disso.
SUGESTÃO
Se o quadro financeiro é tão tenebroso, por que não lançar uma campanha para arrecadar recursos junto aos torcedores em vez de ficar entregando parte de jogadores promissores?
Poderia ser aberta uma conta num banco, o Banrisul talvez, e conclamar a torcida a depositar determinada quantia, a partir dos 10 reais.
Outra ideia seria lançar um plano de sorteio, sem grandes premiações. Quem sabe cadeiras em locais nobres, isso se a OAS permitir.
A torcida do Grêmio é grande demais.
O Grêmio é grande demais para se encolher assim, reforçando adversários da Libertadores em troca do pagamento de metade do salário de alguns dos seus jogadores mais talentosos e experientes.
Liberar só com ônus total para o clube interessado, isto sim.
O que não pode é continuar esse discurso do coitadismo. A situação está feia, e todos sabem por que, mas chega de lamúrias, intrigas e transferência de responsabilidade.
Afinal, além de tudo, há uma Libertadores pela frente.