Efeitos de um contrato pernicioso

A venda de percentuais dos jovens que alegraram e iluminaram a noite da torcida gremista nesta terça-feira, dando a impressão que as nuvens escuras desse tormentoso início de século podem, finalmente, se dissipar, não poderia ser anunciada/confirmada/realizada em pior momento.

A vitória redentora que lavou e enxaguou a alma dos gremistas espalhados pelo planeta foi em grande parte alcançada graças ao futebol da gurizada que ascendeu ao time titular com a a voracidade de quem tem pressa, uma pressa que acompanha a nação tricolor, sedenta de títulos como o vampiro por sangue fresco.

A confirmação de que Wendell, de atuação arrasadora pela maturidade, qualidade técnica e até imposição física, teve parte de seu vínculo negociado ao Leverkusen repercutiu muito mal entre os gremistas, que saíram da euforia que marcou o dia de todos os torcedores para um princípio de depressão em vários casos.

Wendell ficaria no Grêmio até a metade do ano. Menos mal, se for verdade. Ainda assim, será o mesmo Wendell que se entregou ao jogo contra o Nacional como se ali estivesse decidindo seu futuro? E pelo jeito parece que estava mesmo.

Como se não bastasse, percentuais de Ramiro e Bressan também estão  sendo negociados.

Pouco tempo atrás, foi Alex Telles. E outros irão também prematuramente. Sem tempo de amadurecer, conquistar títulos e vestir a camisa da Seleção. Enfim, alcançando maior valorização para o clube faturar muito mais.

Muitos torcedores estão revoltados, criticando a direção tricolor. Nada mais injusto.

O presidente Fábio Koff, desde que assumiu, mata um leão por dia. Herdou um nova casa magnífica, mas da qual não tem a chave.

Quando denunciou a situação foi criticado. Há quem tenha espírito de avestruz, e goste de enfiar a cabeça na terra para ignorar os problemas.

Mas problemas a gente enfrenta do jeito que dá, e sempre da melhor maneira possível.

Sem a receita de seus próprios jogos, a direção gremista trabalha para compensar e amenizar os efeitos maléficos, altamente nocivos, de um contrato pernicioso que, ao contrário do propalado ufanisticamente tempos atrás, é hoje o pesadelo maior do clube.

Um pesadelo mais terrível do que anos sucessivos de fracassos nos gramados, porque compromete o presente e o futuro do clube.

As derrotas, como as vitórias, são eventos passageiros, transitórios, cujos efeitos muitas vezes duram apenas até a próxima rodada.

Já um contrato ruim…

Luan, o Rivaldo do Grêmio

Aquilo que parecia impossível, ou muito improvável, aconteceu: a gurizada promissora mostra em poucos jogos que pode fazer a diferença e que, acima de tudo, já é uma grata realidade.

Luan, decididamente, pinta como craque. Mostra uma maturidade impressionante para um jovem de 20 anos que há poucos jogos era um ilustre desconhecido da grande maioria da torcida.

Sobre talento em Luan. O gol que marcou é um indicativo da tranquilidade que esse guri tem para jogar. A bola foi lançada por Ramiro, o PGV -Pequeno Grande Volante- foi um gigante, tinha direção de Riveros, em impedimento. Luan, vindo de trás, acreditou e ficou livre para encobrir o goleiro e fazer 1 a 0.

Ao deixar o campo depois dos 3 a 0, Luan explicou que foi na bola acreditando que poderia tirar proveito da jogada. Luan não apenas chegou no lance como teve categoria de sobra para encobrir o goleiro como se veterano fosse.

Confesso que naquele momento vi, na figura esguia e alta de Luan, a imagem de Rivaldo em começo de carreira.

Já o jovem Wendell destacou-se muito mais pela energia, a firmeza e a coragem com que enfrentou adversários experientes e catimbeiros. Sem contar, claro a sua técnica invejável. Wendell jogou como um especialista em Libertadores. Provocou e recebeu o troco, sem nunca se intimidar. Pela primeira vez, fez esquecer Alex Telles.

Então, a vitória do Grêmio começa pela gurizada. Além de Luan e de Wendell, Ramiro, que deu o passe para o primeiro gol e depois marcou o segundo após bela jogada de Wendell, deixando Ramiro em condições de escolher o canto para fazer 2 a 0.

No mais, é importante destacar a seriedade da zaga, a eficiência no combate. Rodolpho foi de novo uma muralha. Dos quatro, Pará foi o menos estável, mas não comprometeu.

No meio de campo, Edinho repetiu a atuação que teve em Montevidéu, muita raça, bravura e até alguns lances de boa técnica. Qualquer crítica à atuação de Edinho não passará de puro preconceito, que é algo abominável.

Se Ramiro justificou seu apelido, PGV, Riveros não ficou atrás. Decididamente, Riveros fez uma partida impecável. A vitória, sem dúvida, começa pelo desempenho incansável desse trio de marcação, esforço completado pelo futebol reluzente de Luan, um jogador que faz a diferença  entre este Grêmio e o Grêmio do ano passado.

Quem voltar a questionar se Kleber volta ou não ao time estará passando um atestado de absoluto desconhecimento de futebol ou de alguém apenas preocupado em tumultuar o ambiente do time criando dúvida onde só existe certeza: Luan é titularíssimo.

Até o veterano Zé Roberto correspondeu. Uma pena não ter marcado o gol naquele lance de voleio em que ele aparou cruzamento milimétrico de Luan, no segundo tempo, e o goleiro fez grande defesa.

Por último o Barcos. Um jogador que destoou dos demais. Ele teve dois momentos importantes, em ambos ele fracassou. Aos 38, recebeu lançamento de Riveros invadiu a área, tinha a frente da jogada, mas demorou e quando chutou a bola foi interceptada por um defensor que havia largado pelo menos cinco metros atrás.

Aos 40min, de novo ele entrou livre, após lançamento de Alan Ruiz. Dudu estava ao seu lado, erguendo os braços desesperadamente, mas Barcos, com toda a sua experiência, não viu ou não quis ver: preferiu definir. E chutou para fora. Seria o terceiro gol do time.

Três minutos depois,  Alan Ruiz fez a jogada mais espetacular do jogo. Ele recém havia entrado. Pegou a bola pela meia direita e foi para cima da defesa, verticalmente, entortou a marcação, viu o goleiro num canto e chutou no outro com extrema precisão e sangue frio. Em poucos minutos, o argentino mostrou que os dias de Zé Roberto estão contados.

Foi uma grande vitória. Só espero que nesta quarta-feira aqueles que valorizaram tanto o Nacional colombiano não queiram agora diminuí-lo para desvalorizar esse excelente resultado.

TORCIDA

Nota dez para a torcida, que ajudou o time todo o tempo como deve fazer sempre, mesmo nas dificuldades.

Enderson começa a mudar formatação do time

Vamos ao que interessa: a Libertadores.

No final de semana, em mais uma rodada emocionante do Gauchão, o Grêmio aplicou 3 a 0 no Novo Hamburgo na Arena e o Inter voltou a fracassar em Veranópolis, onde decididamente se complica. Seu time de reservas, na estreia de Dida, perdeu a invencibilidade com a derrota por 1 a 0.

Mais adiante, no espaço destinado a amenidades, volto a falar sobre o campeonato do Noveletto.

O que ficou de mais importante sob a ótica da competição que interessa é que o treinador Enderson começa a esboçar a formatação que considera ideal dentro de suas convicções.

Ele mantém a linha de quatro na defesa, com Edinho como anjo protetor. Pará, enquanto não sofrer uma lesão que o afaste para descanso e meditação, segue titular. Assim, Tinga ou Ramiro ficam no aguardo.

Ramiro, a julgar pela formatação nova da equipe, vai sobrar no meio de campo.

Enderson, pelo que estou percebendo, não vai jogar com três volantes, digamos, ortodoxos . Um dos três vai sobrar. Desconfio que é Ramiro.

No lugar dele entraria Alan Ruiz, que também marca e é mais criativo, embora ainda tenha que confirmar plenamente.

Então, seria uma linha de três mais defensiva, mas com melhor capacidade de chegar à frente. Ramiro deslocado para a direita daria a qualidade que tem faltado já faz tempo graças ao esforçado Pará.

A principal novidade é, pelo menos para jogar em casa, um trio atacante: Dudu, Luan e Barcos. Considere-se que os três combatem e recuam eventualmente até o setor defensivo, como se viu contra o NH. E, curioso, não era Renato Portaluppi o treinador.

Assim, o esquema seria um 4-5-1, podendo passar para um 4-3-3 durante o jogo, ou até um 5-3-2, aí tendo Edinho funcionando como um terceiro zagueiro, o que aconteceu na vitória contra o Nacional em boa parte do tempo.

Essas variações só é possível pela versatilidade principalmente de Luan e Dudu, este, aliás, com um futebol que lembra o do Vargas, mas menos individualista e maior senso do coletivo.

Por essa análise, Zé Roberto é banco.

Agora, no jogo desta terça-feira, acredito que ZR ainda jogue e que Enderson mantenha a formatação tradicional, com Edinho, Riveros e Ramiro. Até porque Alan Ruiz ainda precisa confirmar condições de ser titular.

Mas penso que está na hora de ZR descansar, ler um livro, assistir ao seria Breaking Bad, que é sensacional, frequentar bons restaurantes, que dinheiro para isso ele tem, ou combinar umas saídas com Kleber para discutir como o futebol está mudando.

Enfim, é hora de velocidade, jogadas verticais e menos passes para o lado.

A RODADA

No sábado, a prova de que os técnicos deixam Edinho livre. Nunca se viu tanto o Edinho na área adversária para concluir, trocar passes, etc. Fico imaginando se o volante fosse Souza. Nunca que teria essa facilidade.

Mas Edinho é útil, principalmente para aquilo que interessa, a Libertadores. Tem mais determinação, mais garra, sangue nos olhos, vibração. Na Libertadores, sou mais Edinho do que Souza.

Outro que teve participação ativa, o Pará. Meu Deus, como ele recebe bolas, e isso faz tempo. NInguém recebe mais bolas do que ele no campo ofensivo.

Pará vai ao fundo e cruza com perfeição, na medida. E tem gente que ainda o critica. O problema não é dele, é dos atacantes que nunca estão onde ele manda a bola. Simples.

Sobre Barcos: assumiu a artilharia do Gauchão, ultrapassando o famoso e consagrado Zulu.

Sábado, ele errou jogadas como sempre, mas fez dois gols e mais dois ou três bons lances, muito pouco para quem recebeu tantas bolas na frente.

Gostei do Geromel. Boa técnica, joga limpo na bola, faz poucas faltas. Agora, nenhum zagueiro, e isso vale tanto para Grêmio como para o Inter, é realmente testado no Gauchão.

Ah, vale o mesmo para as outras posições, em especial aos centroavantes ou algo parecido que vistam a camisa 9.

Para não deixar passar em branco: incrível a choradeira de setores da mídia em relação ao pênalti que teria sido sonegado ao Inter pelo juiz Francisco Neto.

Não vi o lance, mas deve ter sido um pênalti daqueles indiscutíveis.

Algo está mudando: na rodada anterior um jogador do Inter foi expulso no Gauchão depois de dois anos; agora um pênalti não teria sido marcado.

Estranho. Muito estranho.

PERGUNTINHA OPORTUNA

Por que razão mesmo o Inter está poupando titulares? Não tem Libertadores, não tem nada. Será que é só pra não ficar atrás do Grêmio? Se for para testar jogadores, Abel pode jogar com os titulares com uns dois ou três reservas.

CARANGUEJOS

Não deixem de ler e saibam tudo sobre caranguejos azuis, vermelhos, cínicos, etc

http://www.blogdodemian.com.br/2014/02/o-caranguejo-e-vespa.html

Hora de testar alternativas no Grêmio

Eu cheguei a pensar em escrever sobre a politicalha que vive nas entranhas do Gauchão, mas depois que li os blogs dos combativos Demian e RW (blogdodemian e cornetadorw) percebi que a mudança na tabela do campeonato prejudicando ainda mais o Grêmio – não se esqueçam que o Grêmio disputa os jogos mais difíceis fora de casa, oposto do Inter – foi muito bem denunciada/abordada.

Podem conferir em http://www.blogdodemian.com.br/2014/02/o-que-era-ruim-ficou-pior.html

www.cornetadorw.blogspot.com.br/2014/02/muito-obrigado-presidente-conselheiro_21.html

No RW, uma foto muito interessante do Noveletto fardado. Vale pela curiosidade.

Isso posto, vamos ao que interessa: a Libertadores.

O Gauchão é um passatempo, um campo de treinamento para o que realmente interessa: o título da Libertadores. É assim tanto para Grêmio como para Inter.

Neste sábado, o técnico Enderson Moreira terá que aproveitar o jogo contra o NH, na Arena, para observar alguns jogadores projetando o confronto de terça-feira, e, principalmente, ajustar melhor o time.

Contra o Nacional, em Montevidéu, o time foi bem. Venceu e isso é o que importa. Não se pode ignorar, contudo, que no final houve um pênalti contra que o juiz optou por marcar fora da área.

Depois disso, no Gauchão, ocorreram falhas graves no sistema defensivo. A dupla Werley/Rodolpho, eficiente contra o time uruguaio, vacilou, ou por falha individual ou por falha coletiva de marcação. Edinho é outro que caiu, sem contar o Pará, que vira e mexe compromete.

Enderson vai testar Pedro Geromel. Esse zagueiro, que ninguém conhece realmente aqui abaixo do Mampituba, não cruzou o Atlântico para ser reserva. Pode ser ele o companheiro de Rodolpho, vamos ver.

Werley e Bressan são bons zagueiros, mas estão longe de serem unanimidades. Por isso, é apropriado que se teste Geromel de uma vez.

Providência semelhante deveria ser tomada na lateral-direita. Não é possível continuar com Pará de dono da posição. É preciso testar alternativas.

Já que Ramiro tem saído com alguma frequencia, quem sabe não testá-lo como lateral? Está caindo de maduro. O problema é que o PGV (Pequeno Grande Volante) fecha bem o meio de campo ao lado de Riveros.

Ramiro pode passar de um volante eficiente a um lateral extraordinário. Quem sabe? Potencial e qualidade para jogar na lateral direita ele possui. Não custa testar.

Há, ainda, o jovem Tinga, um jogador alto, forte e com boa chegada ao ataque.

Gostaria de ver, também, Barcos mais centralizado com Dudu (Jean Deretti) por um lado e Luan pelo outro, saindo Zé Roberto. Nesse caso, o meio segue com Edinho, Ramiro e Riveros.

O Gauchão, repito, é ótimo para campo de treinamento, experiências.

O técnico Enderson Moreira tem pouco tempo para ajeitar o time à sua maneira.

Por enquanto, o que tem aparecido é um arremedo do esquema de Renato Portaluppi, ainda pouco efetivo na frente, mas agora mais vulnerável atrás. Com trabalho e bons resultados, Enderson chega lá.

CORNETEIROS E BOTEQUEIROS

Convite: próximo encontro será dia 13 de março, quinta-feira, às 20h, no Bar do Beto da Venâncio Aires. Adianto que contaremos com as presenças de companheiros que moram no exterior e que estão ansiosos por trocar ideias aqueles que acompanham Demin, RW e Boteco.

Luan confirma e a defesa vacila demais

Não há mais dúvida: Luan é um jogador diferenciado. Depois do jogo desta noite contra o Caxias, Luan é titular. Pode ser como segundo atacante ou como meia.

Ele pode jogar no lugar de Kleber ou de Zé Roberto, duas estrelas cadentes do grupo. Se for o caso de um 4-4-2, Luan pode jogar no lugar de Ramiro ou Riveros, ficando ZR.

Agora, se Luan é a boa notícia pela afirmação de um potencial que ainda não podemos mensurar, a defesa é de uma instabilidade preocupante.

Os dois gols do Caxias são inaceitáveis. Os jogadores cabecearam sem qualquer marcação. No primeiro, Werley saiu para fazer a cobertura pela esquerda. Madureira recebeu o cruzamento na primeira trave completamente livre. Edinho, que teria de estar ali fazendo cobertura, assistiu de camarote.

No segundo gol, bola cruzada da direita, o jogador do Caxias apareceu sozinho para cabecear.

É falta de atenção, de cuidado, de treinamento. Lembro que os times de Felipão raramente levaram gols desse tipo, justamente porque ele treinava muita a marcação na área.

Agora, tem treinador que não sabe como fazer isso. Será o caso de Enderson? É cedo para uma resposta, mas em jogo de Libertadores esse tipo de descuido pode resultar em eliminação.

O Grêmio venceu por 3 a 2. Os gols do Caxias foram de vaciladas absurdas.

O Grêmio largou na frente. Luan, o melhor do jogo, meteu uma bola milimétrica para Zé Roberto, que desviou do goleiro. Na sequencia, em minutos, o que é muito grave, o Caxias virou.

No segundo tempo, Luan lançou Barcos pela direita. O argentino marqueteiro tentou cruzar, a bola desviou no adversário e enganou o goleiro..

O gol da vitória foi lançamento do goleiro Busatto, que mostrou insegurança em alguns lances e firmeza e agilidade em outros. A zaga falhou e Barcos, incrível!!!, na posição de centroavante, encobriu o goleiro e fez 3 a 2.

DUDU

Grande curiosidade em relação a Dudu. O atacante estreou mostrando grande disposição – até aí nada mais natural. É cedo para qualquer avaliação, mas é um jogador que se movimenta, tem boa visão de jogo, boa técnica e não tem medo de se feliz. Já é alguma coisa.

PIERRE

O árbitro que não expulso Damião contra o Santa Cruz, dois anos atrás, hoje deixou de expulsar Edinho. O volante fez uma falta para cartão amarelo, algo escandaloso no meio de campo, e Jean Pierre deixou passar. Marcou a falta, mas não deu o amarelo.

Ou é ruindade mesmo ou o lance em Santa Cruz, muito explorado pelas redes sociais, acabou pesando.

Em qualquer das hipóteses, mostra que é um juiz sem condições de apitar jogos de primeira divisão.

INTER

O Inter segue avassalador no Gauchão. Rafael Moura virou goleador e já é festejado pela torcida. Hoje, li o Baldasso, grande comentarista da Band, comentando no tuíter que D’Alessandro poderia defender até a seleção brasileira depois de vestir a camisa amarela do Inter.

D”Alessandro é outro que no Gauchão manda e não pede, mas que acima do Mampituba não decide nada. Basta ver as últimas campanhas do Inter no Brasileirão e na Copa do Brasil.

VERMELHOU

O fato novo é que depois de 52 jogos, um jogador colorado levou o vermelho. Foi Fabrício o contemplado. Ouvi comentários que teria sido efeito da campanha pelas redes sociais – em especial o cornetadorw. O comando da arbitragem teria comentado o fato de que nos dois últimos regionais nenhum colorado foi expulso. Que era, portanto, para ficar atento e não ter qualquer receio de expulsar algum colorado.

Verdade ou não, o fato é que a força das redes sociais é grande.

O ‘emocionante’ Gauchão e os jovens do Grêmio

Enquanto alguns setores tentam provar que ‘estruturas provisórias’ para a Copa do Mundo podem ser permanentes, podem ser um legado, o que justificaria dinheiro público para amenizar a vida do Inter e seu ‘entorno’ muito atuante, o Gauchão continua em seu ritmo de telenovela que tem seus capítulos espichados.

No sábado, o Inter fez o primeiro jogo teste no estádio da Copa. Muita coisa ainda por fazer, mas é inegável que a repaginação ficou bonita, embora o estádio continue com a cara de… Estádio. Ou seja, estádio padrão anos 70/80. Mas ficou bonito e já tem gente jurando que está entre os cinco mais belos do planeta. O que não me surpreende, porque tudo que acontece nessa área de Porto Alegre é sempre espetacular, é sempre superior.

O Inter pode não ser protegido dos deuses, mas tem a proteção e o amparo de segmentos importantes e decisivos do poder público. E assim a vida se torna mais fácil.

Mas o que importa aqui é o Gauchão cada vez mais decadente, obra do sempre festejado e blindado Noveletto.

Particularmente, minha maior preocupação no momento com o regional é saber quando e se o Inter será brindado com um cartão vermelho. Segundo contagem do cornetadorw, são 52 jogos sem jogador colorado expulso no Gauchão.

Sobre a rodada deste final de semana, enquanto os pequenos sofrem para sobreviver na série A – eles fazem de tudo para não cair e continuar sofrendo na série A no ano seguinte, e isso até o fim dos tempos -, mais uma vez a dupla Gre-Nal deitou e rolou.

O Inter massacrou o Caxias por 4 a 0. Grandes performances dos talentosos Rafael Moura e Fabrício, que provam a cada jogo o quanto foram injustiçados e continuarão fazendo isso até que comece a Copa do Brasil e o Brasileirão, quando então voltarão à realidade.

Como a festa era colorada, aquele detalhezinho de reservar um percentual razoável de ingressos ao visitante foi completamente ignorado. Ninguém se preocupou em lembrar o espisoteado Estatuto do Torcedor e o Caxias ficou com 250 ingressos. Não tenho dúvida que os colorados de Caxias iriam adquirir uns mil ingressos facilmente só pra conhecer o novo Beira-Rio.

Bem, neste domingo, o Grêmio também ignorou o adversário. Fez 3 a 1 no Esportivo, e talvez tivesse feito mais se mantivesse a disposição que o levar a chegar aos 3 a 0.

O jogo valeu pelos 3 pontos, garantindo tranquilidade ao time em termos de Libertadores, que assim fica sem essas preocupações menores que envolvem o Gauchão.

Mas o jogo valeu ainda mais para dar maior moral e confiança aos jovens que estão subindo. Em especial, os agora titulares Wendell e Luan, que foi o melhor do time na minha opinião.

Aos poucos, Luan e Wendell, dois jovens realmente promissores, se tornam realidade cintilante, capaz de iluminar o caminho tricolor na Libertadores.

A esperança aumenta porque vi aparecer um centroavante nesse time misto que jogou em Bento Gonçalves: Everaldo.

Não sei se ele pode ser a solução para o ataque, mas quando não se tem nada, o pouco que surge merece ser saudado. Por isso, destaco o surgimento de Everaldo, autor de um gol.

O rapaz surgiu na base do Esportivo – aliás, gostei do Clayton e do Assis do Esportivo – e mostrou que pode ser útil até ao lado de Barcos, que não gosta muito de jogar na área do adversário.

Só não gostei quando Everaldo, tendo o braço direito de Barcos sobre seus ombros, afirmou: “Tenho Barcos como modelo”. Preocupante.

MARQUETEIRO

Por falar em Barcos, o marqueteiro maior que vi nos últimos anos por aqui, do nível de um D’Alessandro, ele foi ao jogo e no final ficou ao lado de Everaldo numa entrevista para a TV. Ele poderia ficar anônimo, mas optou por aparecer, claro, mostrando que é um grande marqueteiro. Ah, e ainda ouvi que ele viajou em seu próprio carro. É bom esse Barcos!

Agiu como se fosse um dirigente de futebol do Grêmio, o que talvez seja de fato, não de direito.

E o Rui Costa ainda elogiou.

ASSIS

Não li a entrevista do Assis na ZH. Quer dizer, li só a abertura e parei nas duas frases finais dessa introdução para a entrevista estilo ping-pong. Publico sem comentários porque elas resumem tudo:

– Eu só não gosto de mentiras.

– Eu não sou um bandido.

FLAMENGO

Por falar em bandido, Douglas fez um golaço de falta pelo Vasco sobre o Flamengo. A bola entrou e o auxiliar da goleira ficou sem ação. O lance foi a poucos metros dele, que estava na linha de fundo. Um absurdo esse gol anulado. É muita incompetência, ou coisa pior.

Grêmio vence com atuação convincente

O Grêmio venceu o Nacional, em Montevidéu, por 1 a 0. E isso é o que interessa.

Teve problemas, sem dúvida. Mas além de vencer, passou praticamente o jogo todo controlando o adversário, que só levou perigo em alguns contra-ataques.

O Grêmio parecia o time da casa.

Méritos do Grêmio, que manteve o padrão de jogo introduzido pelo Renato.

Agora, como escrevi anteriormente, o Nacional – e o Penarol – disputariam o Brasileirão para não cair.

O Nacional é um time mediano, esforçado, aplicado taticamente, e fica por aí. Agora, vacilou, faz gol e pode até vencer uma equipe superior tecnicamente.

No final, o Grêmio se complicou um pouco, o que é natural. No lance mais polêmico, no finalzinho, Barcos errou em bola ao tentar afastar na cobrança de escanteio. A bola pererecou na área e ele, Léo Gago – eu falei que ele acabaria jogando – afastou, impedindo o gol.

No rebote, um uruguaio aparou de fora da área e Barcos saltou em sua frente. A bola bateu no braço direito de Barcos, dentro da área.

O juiz marcou fora.

Os secadores todos, inclusive o isento – entendam como quiserem – Carlos Simon, fizeram questão de dizer e repetir que houve pênalti.

Não ouvi os comentários finais, mas devem ter enfatizado esse erro da arbitragem, que, aliás, foi dura com o Grêmio na aplicação de amarelos.

DESTAQUES

Edinho foi o melhor do Grêmio. Cometeu erros, como todos os demais. Mas ele foi um gigante diante da área. Ao lado dele, destaco o Riveros, um trabalhador incansável, silencioso, e sempre presente.

O gol foi quase uma ironia. Na falta de ataque, o volante Ramiro foi ao fundo, ergueu a cabeça e viu na área os volantes Zé Roberto e Riveros. O paraguaio cabeceou certeiro, preciso, gol.

Ah, para não dizer que o ataque de asma não participou, o passe para Ramiro foi de Barcos, o Lento.

Urge a contratação de um homem de área.

Gostei também de todo a linha de defesa. Wendell passou pela prova e só tende a crescer.

O mesmo em relação a Luan, que teve alguns momentos no jogo. São os guris amadurecendo e nada melhor que isso aconteça com vitórias.

O comandante uruguaio na Copa de 1950

Na virada do ano de 1980 para 1981, eu cobri o Mundialito realizado no Uruguai. Estava pelos jornais da Caldas Jr, na época uma potência.

Passei o Ano Novo lá com o Ranzolin e outros craques do jornalismo esportivo. Eu tinha apenas dois anos de repórter esportivo da Folha da Tarde.

Aproveitei para fazer algumas reportagens diferentes. Localizei o técnico Juan Lopez, o comandante da histórica e traumática vitória do Uruguai sobre o Brasil, em 1950.

Ele morava numa casa simples, modesta. Fui muito bem recebido. Na verdade, ele ficou feliz por ser lembrado, ainda mais por um repórter brasileiro. Fiquei comovido com a felicidade dele.

Dia desses, mexendo no meu baú, deparei com o cartão postal ao lado. O Lopez me agradecia por eu ter lhe enviado a reportagem, publicada na Folha e também no CP.

Nem me lembrava mais do cartão. São tantas emoções…

Se não me engano, ele torcia pelo Nacional. Hoje, estaríamos em lados opostos.

Não há por que temer o Nacional

O Grêmio que estreia na Libertadores é um time inferior ao que terminou o ano. Não muito, mas é.

Na defesa, destaco que Alex Telles é superior a Wendell, que um dia talvez nem tão distante prove que é melhor que seu antecessor, eleito o melhor lateral-esquerdo do Brasileirão 2013.

No meio de campo, Souza é mais jogador que Edinho.

Na frente, continuo vendo uma incompetência ofensiva de fazer chorar. A esperança é que Luan/Deretti/Maxi Rodriguez, um deles assuma o lugar de Kleber e seja um companheiro melhor para Barcos.

Apesar de entender que a direção fracassou na montagem de uma equipe mais confiável para disputar o título – não apenas para fazer figuração como tem ocorrido -, penso que dá para estrear com um bom resultado no Uruguai.

Entendo bom resultado como um empate. A vitória seria excelente. Um largo passo para a classificação.

Não descarto a vitória se a gurizada que entrar não se intimidar e Barcos deixar pelo menos uma bola na rede adversária, o que considero quase impossível. Mas, enfim, futebol é uma caixinha de surpresas.

Acredito nos três pontos porque não vejo motivo para temer o Nacional. Como temer um time que perdeu para o tal Petrolero? Ou um time que perdeu o campeonato uruguaio para o Danúbio ou algo parecido?

Aliás, que lugar ficou o Penarol, o glorioso clube do passado que vai inaugurar o Beira-Rio?

Tem o fator local, que pesa muito em função das condições do estádio, e a famosa garra uruguaia.

É num jogo como esse que Edinho pode justificar sua contratação.

O técnico Enderson Moreira vai repetir o time que empatou o Gre-Nal. E faz bem. Não tem o que inventar, e isso é bom, limita e impede o treinador de futebol de fazer bobagem. E nós sabemos que eles têm fixação em fazer bobabens. Todos eles têm seus dias de professor Pardal.

É o trio de volantes, um trio de forte pegada, essencial na Libertadores. Barcos centralizado, com Zé Roberto e Luan pelos lados.

Eu só faria uma mudança: Maxi Rodriguez no lugar de Luan.

Concordo com aqueles que pensam que o uruguaio deve jogar mais adiantado, junto ao Barcos. Os momentos mais brilhantes de Maxi foram em jogadas na região da grande área. Ele mais recuado, armando e marcando, vira um jogador comum. Parece que não tem força para essa função.

Zé Roberto, que muitos querem ver longe, ainda pode ser muito útil pela sua experiência e alta técnica. Aliás, até o técnico Renato Portaluppi descobrir que Zé só empacava o time do Grêmio, ele era unanimidade, ou quase.

Lembro que aqui no Boteco apenas o Francisco dava pau no Zé e era corneteado por outros botequeiros, eu inclusive. De onde concluo, talvez com exagero e precipitação, que Francisco e Renato são os que mais entendem de futebol.

Então, que venha o Nacional. Não há por que temer o Nacional. Respeito, sim, mas medo nunca.

O incrível poder de Barcos no Grêmio

O empate foi o melhor resultado possível para o Grêmio. A derrota seria humilhante e a vitória deixaria o time convencido, ‘se achando’, o que seria péssimo para o enfrentamento que realmente interessa no momento, contra o Nacional, em Montevidéu.

Se o resultado foi bom, a meu ver, a atuação foi preocupante.

Na verdade, não esperava muito mais do Grêmio. Por isso, defendi que jogasse com os titulares, não para vencer o Inter, mas para preparar a equipe. Era importante um teste forte antes da estreia na Libertadores.

O teste aconteceu e mostrou que há muito o que resolver. Não sei se o técnico Enderson Moreira terá capacidade e tempo para ajustar o time.

Mas principalmente o que falta é ‘apenas’ o essencial no futebol: alguém que faça gol. Um goleador, um artilheiro, um matador.

Barcos é o anti-matador. Barcos é um articulador, um preparador de jogadas para as quais ele não se apresenta para concluir. Raramente ele está naquela área no entorno da marca do pênalti.

E quando está, perde gols. Outra coisa, ele é excelente cabeceador, mas na defesa, para afastar a bola do adversário.

Então, Barcos é o centroavante que Enderson tem. Que Luxemburgo teve e que Renato teve. Barcos vai derrubar mais um treinador, porque simplesmente ele não consegue ser o que o time precisa, um matador.

Se ele fosse tão bom centroavante como é marqueteiro, estaria jogando em clube de ponta da Europa.

Então, a falta de um camisa 9 titular é o principal problema do Grêmio. Não é centroavante de velocidade ou coisa parecida. Aliás, o Grêmio não precisa desse tal Dudu. Alguém já ouviu falar nesse jogador? Ele não é solução pra nada, talvez apenas para seu procurador e arredores.

Infelizmente, a direção do Grêmio capitulou. É refém de Barcos. Até capitão do time ele é. Um sujeito que entregou para a mídia o atraso salarial no clube.

Não entendo por que tanto poder para esse funcionário do clube. Se ainda fosse um jogador que resolvesse…

Será que o Grêmio não contrata um camisa 9 para não ofender Barcos? Pergunta absurda, mas mais absurdo é entrar numa Libertadores apenas com um centroavante, ainda mais com um índice tão baixo de gols.

Um goleiro para disputar com Grohe o Grêmio esboçou contratar, mas centroavante não.

Desde já elejo a direção do Grêmio, que tanto defendi, como responsável maior por um eventual fracasso do time já na primeira fase da Libertadores.

Enderson Moreira, portanto, não é o principal equívoco de Koff e cia.

A GENI DO GREMIO

Não responsabilizo Pará pelo gol de Fabrício. Ele teve de sair da posição para marcar o Jorge Henrique, que estava sozinho. Quem deveria estar ali seria um dos 4 volantes que Enderson mandou a campo. Se tivesse um volante ali, Pará teria ficado na dele. O problema foi de entrosamento, de posicionamento. Sobrou para Pará.

Pará é a Geni do Grêmio.

GRE-NAL

O Grêmio teve um começo vibrante. Mas é normalmente assim jogando em casa. Achei o Inter um time mais ajustado, mais consciente.

Foi um jogo parelho. O Inter foi mais efetivo nas conclusões. Marcelo Grohe fez grandes defesas. Muriel trabalhou menos, mas fez uma defesa sensacional num chute sensacional de Edinho.

O empate foi justo.

VUADEN

Errou ao não marcar o puxão de Willians em Pará no começo do primeiro tempo. Pênalti. Até o Batista deu. O comentarista de arbitragem da Band disse que não foi pênalti. Ficaria surpreso duas vezes se ele repetisse Batista.

No pênalti marcado, a bola bateu no braço de Paulão. Barcos estava na jogada e talvez ficasse com a bola. O toque prejudicou a ação de Barcos.

Vuaden demorou para dar cartão amarelo. Willians merecia no primeiro tempo. Mas os primeiros foram gremistas, e com correção. Só no final ele começou a amarelar os colorados, que continuam sem levar vermelho, apesar da violenta entrada de Rafael Moura em Rodolpho.

KLEBER/LUAN

Gosto muito desse Luan. Ele começou bem, mas não há dúvida de que Kleber seria muito mais útil, até para se impor aos marcadores colorados. Inclusive por uma questão de respeito. Luan é um guri talentoso, Kleber um atacante decadente, mas que ainda incomoda, perturba e preocupa o adversário.

Mas foi bom ver Luan no time titular. A experiência será importante para o jogo contra o Nacional.