O Grêmio foi melhor no primeiro tempo, teve mais domínio e criou mais uma ou duas boas situações de gol. Numa delas, Riveros chutou e Dida defendeu. Marcou seu gol num cruzamento primoroso de Pará e um cabeceio sensacional de Barcos, tirando Dida da fotografia.
Agora, o Inter só não fez um gol antes e isso poderia dar um rumo diferente ao jogo porque MARCELO GROHE fez uma defesa para entrar na história.
A vitória apertada dentro de casa, com a Arena lotada, e com pouca pressão na área colorada, deixou-me a sensação de que o jogo ficaria complicado no segundo tempo. Um amigo passou por mim no intervalo, me abraçou e desabafou: “Estou com o coração na boca”.
– E é pra ficar mesmo, porque o jogo terminou parelho e vai complicar mais -, previ.
Não deu outra. Abel Braga mostrou que é um grande treinador.
Eu já havia percebido um erro de Abel: deixar o excelente Aranguiz como volante ao lado de Willian. No final do jogo no vestiário, Abel foi humilde e admitiu esse erro e até disse que pediu desculpas por ter armado o time de forma errada.
Além de adiantar o chileno, que perturbou a marcação do sistema defensivo gremista, Abel colocou Alan Patrick no lugar do fraco Jorge Henrique. O Inter cresceu, matou a saída de bola gremista. Barcos só recebeu melancia na frente. Luan e Dudu foram bem contidos. Quem começou a armar pelo Grêmio, quem? Ele, o super Edinho.
Eu tenho um instrumento chamado Edinhometro. Quando o instrumento aponta que Edinho está aparecendo demais com a bola dominada, trocando passes e fazendo lançamento, é sinal de que ele precisa ser substituído para dar lugar a outro mais capaz para essa função.
O que fez o técnico Enderson Moreira? Nada.
Aos 7 minutos Aranguis, agora mais à frente, foi ao fundo e cruzou para Rafael Moura mandar para a rede, tudo muito fácil.
O que deveria ter feito o técnico: sacar Edinho e colocar Alan Ruiz, recuando mais Ramiro e Riveros. O que ele fez? Nada.
Aos 14, Aranguiz livre leve e solto, exatamente no lugar onde Edinho costuma ficar, invadiu a área e só não fez o segundo gol porque Marcelo Grohe fez outra defesa monumental.
Bem, agora Enderson dá um jeito de marcar esse chileno e também D’Alessandro, que já se sentia à vontade até para apitar o jogo ao lado de Vuaden.
Aos 27, Rafael Moura fez o segundo, de novo com extrema facilidade.
Alan Ruiz entrou, mas quem saiu não foi Edinho ou, vá lá!, outro volante. Saiu Dudu. Sem comentário.
Depois, saíram Riveros e Luan, entraram Maxi e Deretti.
À essa altura,substituições muito mais para dar uma satisfação à torcida e não passar a impressão de uma ovelha rumo ao matadouro sem sequer berrar.
A três minutos do final, Maxi Rodriguez chutou de fora da área e Dida defendeu. Foi a primeira e única defesa de Dida em todo o segundo tempo.
Para um técnico que não cansa de repetir que gosta de ver seu time atacando, jogando no campo do adversário, é pouco.
Mas o Grêmio não perdeu apenas em função da superioridade tática imposta por Abel no segundo tempo e pela passividade de Enderson diante do que acontecia no segundo tempo.
Conforme escrevi antes do jogo para justificar por que considerava o Inter favorito ao título – e fui alvo de risada de um botequeiro ufanista e resmungos de uns e outros – do Gauchão, o Grêmio está pagando o preço de jogar com seu time titular duas vezes por semana
Há o desgaste físico e emocional de disputar jogos decisivos com diferença de 3 ou 4 dias.
Portanto, o que aconteceu na Arena nessa vitória colorada por 2 a 1 no Gre-Nal 400 deve-se também a esse desgaste.
Contra o Brasil na semana passada e hoje, o Grêmio caiu de rendimento no segundo tempo.
Até em função disso e de um possível abalo no moral do time já temo pelo jogo contra o Nacional de Medellin.
RACISMO
O zagueiro Paulão cresceu no meu conceito. Um idiota imitou um macaco diante do jogador, que afirmou poder reconhecer esse irresponsável anti-gremista.
– Isso não me atinge – disse o zagueiro no vestiário, cercado por repórteres, certos de que Paulão iria levar o caso à polícia.
Paulão teve a grandeza e a serenidade que faltaram a esse ‘torcedor’.
TREINADORES
Parabéns ao técnico colorado, que foi humilde reconheceu seus erros.
Já Enderson Moreira não admitiu qualquer erro seu no jogo.
Espero que tenha sido só para efeito externo esse seu comportamento. Caso contrário, ele não viu nada, e isso sim é realmente muito preocupante.