Que nós, torcedores identificados ou enrustidos, somos todos treinadores de futebol e nos consideramos sabichões, dando palpite e opinião sobre tudo e todos, já é público e notório.
O que eu já desconfiava, mas ainda tinha dúvidas, é que, dependendo da situação, somos também antropólogos, sociólogos, psicólogos, historiadores, médicos…
Muitas vezes, somos tudo isso ao mesmo tempo. Pelo menos temos essa pretensão, e dá-lhe tese.
Poucas vezes ouvi tanto o nome de Charles Darwin em programas esportivos, leia-se programas de futebol.
É o caso agora, e de novo, do debate em torno do racismo.
Dois episódios lamentáveis muito próximos entre si desencadearam ampla discussão na mídia e nas redes sociais. O caso Tinga e o caso Márcio Chagas. Há, ainda, outra situação igualmente grave envolvendo Arouca, em SP.
Abaixo do Mampituba, qualquer tema acaba refletindo em Grêmio e Inter.
A questão do racismo é muito maior que essa rivalidade que tem seu lado sadio, positivo mesmo, mas que por vezes se torna ridícula, pequena, inversamente proporcional ao tamanho das duas torcidas, dos dois clubes.
Então, os charlatães em antropologia, sociologia e psicologia, entre outras especialidades, despejam teses, opiniões e palpites sobre uma questão que merece debates mais sérios e menos distorcidos por falta de conhecimento e, muitas vezes, excesso de paixão em função da cor clubística.
O racismo é abominável. A homofobia idem. As duas seguidamente aparecem juntas no futebol, aqui reforçadas de outras igualmente danosas, inaceitáveis e geradoras de violência: a gremiofobia e a interfobia.
Há que se lutar para por um fim nesses e outros males, mas com equilíbrio e bom senso.
Sem radicalismo, hipocrisia, demagogia e interesses outros que não sejam o de defender uma sociedade mais justa e igualitária.