O técnico Enderson Moreira tem muitos méritos nessa campanha do Grêmio na Libertadores.
O principal deles foi o de ter mantido a estrutura deixada por seu antecessor.
Os três volantes permanecem, agora com menos técnica a partir da substituição de Souza por Edinho. Menos técnica e versatilidade, mas com mais força e truculência – o que é muito importante em se tratando principalmente de Libertadores.
Mantido o trio de volantes, tão criticado por especialistas de todos os matizes, mas que foi fundamental na conquista do vice-campeonato brasileiro e da vaga direta na Libertadores, algo fundamental para preparar melhor a equipe – Luxemburgo que o diga.
Enderson mostrou sabedoria futebolística também ao defender a troca de Souza por Rodolfo, um zagueiro que estava em baixa no São Paulo e que veio por indicação do técnico anterior, tornando-se talvez o mais importante jogador na vitoriosa campanha que levou um time sem goleador a ser vice brasileiro.
Mas os méritos de Enderson não terminam aí. Depois de perder Alex Telles, ele não vacilou em escalar Wendell, jogador que já havia recebido oportunidades na gestão anterior. Wendell, hoje, é uma afirmação. Diria que é jogador até para a seleção brasileira, que o Felipão não me leia.
Na frente, uma pitada de sorte. Sim, a sorte faz parte da vida. Já muito técnico se dar mal por falta de sorte – evito dizer aquela palavra de significado oposto.
Kleber, benditam sejam os deuses do futebol, se lesionou. Uma lesão festejada por 9,9 gremistas em 10. Com isso, Enderson pode escalar Luan com tranquilidade. Ele poderia ter optado por algum outro guri da base, ou apostado no Deretti ou no Paulinho, mas ele viu Luan. Apostou em Luan, até então pouco conhecido.
Portanto, sorte com a lesão de Kleber e sabedoria na escolha do substituto.
Outra sorte foi a lesão de ZR. Com isso, ele ficou à vontade para escalar um jogador com mais vitalidade para compor o meio de campo agregando velocidade ao optar por Dudu. Talvez com o tempo, Alan Ruiz conquiste a posição.
Enderson tem ainda dois problemas: a lateral-direita e o comando do ataque. Pará, mesmo quando joga bem, como foi em Rosário, é crucificado. Já disse, é a Geni do Grêmio. A irregularidade de Pará e a imperícia nos cruzamentos são preocupantes.
Já não defendo Ramiro na direita, porque Ramiro é imprescindível no meio. Penso que Tinga poderia receber uma oportunidade. Mas acho que isso só irá ocorrer quando Pará for expulso ou se lesionar.
Na frente, a situação é ainda pior. Barcos decididamente não é goleador. Tem sua utilidade, mas insisto na contratação de um camisa 9, estilo aipim ou movimentação, mas um goleador.
Fora isso, gostaria de ver o que Enderson faria em caso de não poder contar com Barcos. Ele, como Luxemburgo e Renato, me parece refém do argentino até por falta de outro jogador realmente confiável no grupo para tomar conta da posição.
Uma coisa é certa, se Enderson não tomar algum tipo de providência irá afundar com o Barcos, e nós todos juntos.