Eu, que sempre fui contra a Copa no Brasil e a combati nos poucos espaços que dispunha, sou obrigado agora a pagar essa conta gigantesca que caiu no meu colo.
No meu e de todos os brasileiros, sejam gremistas, colorados, corintianos, flamenguistas, negros, brancos, amarelos, heteros, homos, petistas, antipetistas… Todo mundo.
Uma conta que terá desdobramentos ainda imensurável na economia e na política – tem eleição logo adiante -brasileira.
Sempre fui contra a Copa justamente porque nunca acreditei em uma só palavra do sr Lula e seus discípulos de que a iniciativa privada bancaria 90% dos custos dessa farra. O que temos, hoje, é que em torno de 96% dessa brincadeira que fez ainda mais felizes as empreiteiras são bancados por dinheiro público, o nosso rico dinheirinho.
O dinheiro de quem paga impostos absurdos para receber em troca corrupção e serviço público de péssima qualidade em especial na saúde, na segurança e no ensino.
E fica tudo por isso mesmo.
Nesse cenário, os valores das tais estruturas provisórias no entorno do Beira-Rio são insignificantes, mas o que está por trás dessa isenção fiscal liberada pelo governo do Estado é vergonhoso.
Foi uma trama muito bem armada pelos entes interessados na Copa. No final de tudo, uma chantagem que resultou em mais dinheiro público na Copa em Porto Alegre, tudo por causa de meia dúzia de jogos que não, decididamente não, irão gerar receita para justificar minimamente essa isenção.
Poderia agora, já que a porteira foi arrombada mesmo, o sr Tarso estender sua lei para a construção de hospitais e presídios, e também para a reforma de escolas.
Aí sim teríamos um legado que justificaria em parte esse saque em nossos bolsos.
PS – O nobre Raul Pont votou a favor da proposta do companheiro de partido. Por favor, leiam abaixo.
PONT E O ENTORNO DA ARENA
Da série ‘As voltas que o mundo dá’, reproduzo um texto que cometi em janeiro de 2012, e que só lembrei porque foi referido por tuiteiros hoje.
Coloradismo ‘entorno’ da Arena
O deputado Raul Pont está vociferando contra a aplicação de dinheiro público nas obras, indispensáveis, no entorno da Arena.
Está no seu direito. Só tenho lá minhas desconfianças se ele o faz por ser um político realmente preocupado com o dinheiro público ou por puro coloradismo.
Ele já andou retrucando (em resposta ao conselheiro Giuliano Vieceli, que enviou sólidos argumentos contra a posição do deputado petista igualmente publicada no blog de Hiltor Mombach, no CP), que a segunda hipótese é risível, cheia de preconceito e fanatismo.
Não foi por preconceito e algum tipo de fanatismo que a Ford foi embora do Rio Grande do Sul?
Sempre respeitei o Sr. Pont. Raramente concordei com suas idéias no campo da política, mas as respeitei porque via nele um homem honesto, com sólidos princípios éticos. Um homem digno, enfim.
Mas tudo mudou com o episódio do Mensalão, aquele dos 40 ladrões conforme denúncia da Procuradoria Geral da República. Entre eles, homens do alto escalão petista. Gente que era a esperança de milhões de brasileiro.
Peixes graúdos nas malhas da corrupção.
Naquele momento, esperei que os petistas que eu respeitava fossem seguir os passos de Heloísa Helena e Luciana Genro, que tiveram a coragem de abandonar o aconchego do ninho do partido mais poderoso do país pela aventura de criar um novo partido. Luciana, se tivesse imitado Maria do Rosário, talvez hoje fosse ministra.
Sinceramente, mas sinceramente mesmo, eu não tive dúvidas de que a essas jovens idealistas, defensoras ardorosas da doutrina do antigo PT, logo se juntaria o Sr. Raul Pont. Não esperava isso do Olívio, da Maria do Rosário, do Tarso, do Paim.
Mas o Pont, sim. Ele levantaria a bandeira da ética às alturas em meio ao mar de lama de atingia o partido que cresceu combatendo a corrupção e os corruptos.
O Sr Pont oPTou. Foi só mais uma decepção na vida, nem foi das grandes. Pior foi ser goleado pelo Boca Jrs tempos atrás, ou cair pra segundona duas vezes.
O deputado, ao posicionar-se contra dinheiro público investido na Arena, afirma: “O dinheiro público, do Orçamento Público, sempre escasso diante de tantas prioridades deve ser gasto com muito zelo”.
Eu não me lembro de ele ter dito algo sequer parecido quando o governador do seu partido criou 975 contratos emergenciais no ano passado, causando uma repercussão financeira, em 2012, de uns R$ 33 milhões, mais uns R$34 milhões em 2013. Sem falar nas centenas de CCs.
Faltam, pelo que soube, R$ 30 milhões para concluir a obra de ‘mobilidade urbana’ na área da Arena.
Se depender do deputado Raul Pont, a obra não sai. Por preocupação com o dinheiro público ou por coloradismo?
Eu não tenho dúvida. Tenho a coragem de assumir meu ‘preconceito’ e meu ‘fanatismo’.
E ponto.