A boa notícia é que o Grêmio volta a disputar uma final de Gauchão. É um avanço, ainda mais que está envolvido com a Libertadores, seu grande objetivo.
A má notícia é que o time não jogou bem. Foi superior ao adversário durante quase todo tempo, mas produziu muito pouco ofensivamente diante de um time da série D do campeonato brasileiro.
O Brasil de Pelotas jogou fechado e, para tentar equilibrar o jogo, apelou e tentou tumultuar a partida, pensando quem sabe numa expulsão de algum jogador do Grêmio.
É verdade que o Brasil estava muito bem estruturado defensivamente. Mérito do técnico Zimermann, que conseguiu montar uma equipe competitiva mesclando muitos veteranos e alguns jovens.
Luan, estrela maior do time, demorou para brilhar. Foi muito bem marcado. O mesmo em relação a Wendell, que chegou a irritar-se em um outro lance mais duro do time pelotense.
Na frente, Barcos ficou atracado na grande área e proximidades. Lutou contra a correnteza e, diante do nó tático em que foi envolvido o ataque gremista, não teve ventos favoráveis nem águas tranquilas como as que encontrou contra o Juventude. Barcos, o centroavante, o goleador do campeonato, não chutou a gol, e isso é preocupante.
Como um time tão modesto de valores individuais conseguiu impor tanta resistência em plena Arena?
O jogo se encaminhava para o 0 a 0 no primeiro tempo. Aí apareceu Luan, que deixou Dudu livre para concluir. O zagueiro Fernando Cardoso ajudou mandando a bola para a rede.
No segundo tempo, mesmo com o Brasil um pouco mais aberto as dificuldades ofensivas permaneceram.
Barcos e Dudu não estavam bem. Pará não acertou quase nada. Até Luan não estava muito inspirado, embora no final das contas tenha terminado como o melhor da equipe.
Para agravar a situação, o técnico gremista substituiu errado. Edinho era desnecessário. Se ele fosse expulso e o Grêmio ficasse com um a menos, o time suportaria tranquilamente. E olha que sou um defensor de Edinho, fundamental na Libertadores.
O fato é que saiu Riveros e entrou Alan Ruiz. Opção do Enderson. Não mudou muito o panorama do jogo, mas deixou o Grêmio um pouco mais ofensivo, mais criativo.
Se o Brasil não ameaçava o gol, o Grêmio não criava grandes dificuldades. Até que a bola foi chutada e bateu no braço esquerdo de Luan, que protegia o rosto.
Se fosse um lance de ataque do Brasil muitos aqui estariam protestando e exigindo a marcação de toque de mão.
A arbitragem – o bandeira estava mais próximo e deve ter visto – deixou a jogada correr. Luan, com muita técnica, driblou o goleiro e fez 2 a 0. Aliás, repito o que escrevi há mais tempo: Luan lembra muito o Rivaldo, principalmente no começo de carreira.
Bem, mas foi um lance difícil para a arbitragem, que, a meu ver, acertou. Agora, se tivesse marcado infração também não poderia ser crucificada.
O fato é que esse gol foi decisivo, porque quase no final Gustavo Papa aproveitou um vacilo da zaga e cabeceou para a rede, descontando.
Não fosse o gol de Luan, a decisão seria nos pênaltis. É importante refletir sobre isso.
Agora, seria pior se tivesse goleado. Aí, a soberba seria quase incontrolável.
GRE-NAL
O Inter bateu o Caxias, seu velho freguês de caderno e parceiro habitacional, com facilidade, conforme estava previsto.
Nenhum surpresa. O Inter vai para a decisão como favorito ao título.
Há setores sustentando que o Grêmio está superior. Não concordo.
O que eu vejo é que o Grêmio tem duas competições, como jogos alternados entre uma e outra. O Grêmio vive uma maratona e queiram ou não isso gera desgaste nos atletas. Talvez o desempenho contra o Brasil seja reflexo dessa situação.
O Inter, mais descansado, e focado no Gauchão, tem o favoritismo.
O Grêmio joga preocupado, pensando no confronto da próxima semana contra o Nacional colombiano.
Tem um detalhe que pode alterar a projeção que fiz: o segundo jogo não ser disputado no Beira-Rio.
Pelo que se especula e se comenta, o Inter teme perder o primeiro Gre-Nal oficial em sua casa reformada.
Não tenho dúvida de que se o Inter empatar ou vencer na Arena, tomará coragem para mandar o jogo em seu estádio.
Agora, se perder, o jogo vai para Caxias do Sul.
Estou curioso pra saber como Abel fará para conter Luan, a grande arma gremista, a principal diferença entre o Grêmio do ano passado e o deste ano.