O texto abaixo foi publicado no setor de comentários do post anterior. O autor é Gunther Meyer, um velho amigo dos tempos de Lajeado e radicado em Miami há mais de 25 anos. Vale a pena ler e refletir.
Aqui vai minha opinião sobre o Barcos, partindo da maneira como o esporte é administrado nos Estados Unidos (e em alguns lugares do México). Não posso afirmar nada sobre a Europa porque não conheço de perto.
O esporte (American football, basketball, baseball, hockey, soccer) é visto como um entretenimento combinado com competição e por isso qualquer jogo enche o estádio. Se não enche estádios, o time é eliminado da liga ou mudam para outra cidade. Vejam o baseball, quando um time vai na cidade do outro, jogam 3 jogos (os mesmos dois times) em 3 dias seguidos e cada vez tem mais de 30 mil pessoas no estádio. O Barcos, sendo bem usado pelo marketing, pode encher estádios, vender camisetas, tapa-olhos, espadas de pirata, perucas e outras coisas mais (até pernas de pau). Se uma equipe dos Estados Unidos ou México levar o Barcos, ele vai virar celebridade e vai encher estádios. A equipe vai jogar para ele fazer alguns gols de raça e isso vai levar as pessoas ao delírio. Há uns 20 anos atrás a liga de soccer trouxe o Valderrama, só para a parte do entretenimento. Foi uma loucura, metade do estádio usava aquela peruca amarelada (e sabem quem as vendia? A liga, claro). Agora olhem como o futebol é visto abaixo da linha do Equador. Só competição, se ganha, quer bater no adversário, se perde quer matar o adversário, e olhem os estádios na Libertadores, quase vazios. Um jogo entre equipes grandes no Brasileiro (tem a coragem de chamar isso de Brasileirão) tem público de umas 2 mil pessoas. Numa reunião de família italiana tem mais gente que isso. No meu supermercado tem mais gente que num jogo do Brasileiro. Temos que olhar o esporte como competirão mas também como entretenimento. É como se fossemos a um show dos Serranos (entretenimento) e outro onde os Serranos e os Monarcas tocassem para ver que é melhor (competição). Teríamos dois grandes shows de música gaudéria com aquela necessidade do ser humano de ver competição em tudo.
Para ter uma idéia, Miami não é maior que Porto Alegre, mas tem uma equipe de American Football (Miami Dolphins), uma de Basketball (Miami Heat), uma de Baseball (Miami Marlins) e uma de Hockey, sim, hockey num lugar onde a temperatura nunca baixa dos 30 graus, tem um time que joga numa cancha de gelo (Florida Panthers). Além de algumas equipes de futebol que jogam nas ligas menores, e outras de Arena Football, etc. E todos os jogos tem estádios cheios. Um ingresso barato para um jogo do Miami Dolphins custa uns 80 dólares. Para o Miami Heat, uns 40 dólares. Baseball uns 30 dólares. O quarterback de um time de American Football de primeira deve ganhar mais que todo o time do Grêmio. E um time de American Football precisa ter 65 jogadores e o salário mínimo para esses jogadores é de uns 400.000 dólares por ano. Enquanto não fizerem futebol com profissionalismo, vai ser isso. Aqui em Miami passam todos os jogos de futebol da Europa, do México, da Argentina, mas nenhuma rede de TV daqui se interessa em comprar as transmissões do Campeonato Brasileiro. Por que? Porque não tem o ENTRETENIMENTO misturado com competição.