Os figurantes cada vez mais ameaçam os protagonistas

Quando as seleções emergentes conseguirem aproveitar melhor as chances que criam durante os jogos contra os poderosos, a geografia do poder no futebol mundial vai passar por um processo talvez irreversível de mudança.

Essa é a minha conclusão depois de ver França e, principalmente, Alemanha sofrerem para vencer Nigéria e Argélia.  Outro dia foi o Irã quem deu um enorme susto na Argentina. Não fosse o Messi…

Esses sustos já aconteceram outras vezes, mas nesta Copa eles são mais frequentes. É a impressão que tenho. Não posso garantir porque mal e mal me lembro que a Espanha ganhou a final contra a Holanda.

Aliás, a Holanda merecia um título mundial pelo conjunto da obra, porque em campo não será desta vez. Aquele pênalti sobre o Robben contra os mexicanos me pareceu muito suspeito.

Alguém consideraria um absurdo Chile e México eliminarem Brasil e Holanda depois do que aconteceu nesses jogos?

Então, os grandes estão padecendo demais com os pequenos.

A questão é que na hora H os grandes acabam se impondo.

Foi com essa convicção que vi a Alemanha escapar de levar um ou dois gols no começo do jogo contra a Argélia. Tinha certeza de que superado aquele momento de enlouquecida pressão argelina, os alemães acabariam controlando o jogo.

Foi o que aconteceu a partir da metade do primeiro tempo. Mas antes, o goleiro alemão Neuer salvou a pátria alemã com saídas para fora da área com precisão cirúrgica, no momento certo, interceptando contra-ataques que poderiam resultar em gol.

Quer dizer, a muralha alemã só se manteve em pé graças ao seu goleiro. Bem, quando eu pensava que a Alemanha dominaria o segundo tempo e chegaria facilmente à vitória, os argelinos com uma disposição única voltaram a atacar com fúria. A Alemanha respondeu à altura. Aí brilhou o goleiro M’Bolhi, fantástico.

Por falar em goleiros, como tem goleiro espetacular nesta Copa!

Apesar de tudo, sempre acreditei que a seleção que elegi como maior favorita ao título chegaria à vitória. Não teria essa certeza se acreditasse na eficiência dos emergentes nas conclusões.

Foi mais um jogo emocionante. Um jogaço.

A Argélia volta pra casa de cabeça erguida, como a Nigéria, México, Chile e outros figurantes que ousam ofuscar os protagonistas, mas que acabam saindo de cena na hora em que é preciso mostrar algo mais, como talento para concretizar em gol as oportunidades criadas.

Por enquanto, os figurantes seguem sendo o que são: figurantes.

BRASIL

Posso estar exagerando, mas a impressão que tenho é que a seleção brasileira não venceria essa Argélia que complicou demais a vida da Alemanha.

Não vejo o Brasil jogando com tanta vontade, tanta determinação, tanto comprometimento.

Essa equipe de Felipão joga com vontade, se emociona, mas não vai aos 110% por cento como foram argelinos, alemães, franceses e nigerianos nesta segunda-feira.

Sexta-feira, a seleção enfrenta a Colômbia, que vai jogar esses 110% ou mais.

Se Felipão não conseguir fazer com que seus jogadores, cada um deles, brigue pela bola como se estivesse no começo da carreira, querendo dar um chute na pobreza, sonhando com a fama, a fortuna e a camisa amarela do Brasil, não é impossível que a seleção saia mais cedo da sua Copa.

Se isso acontecer, a Colômbia pode assumir até o papel principal.

Brasil dá sorte e se livra do clássico contra o Uruguai

Com o Uruguai fora do caminho, a seleção brasileira está na fase semifinal da Copa.

A frase acima é audaciosa e provocativa. Os admiradores da Colômbia vão saltar igual milho de pipoca no azeite quente.

Primeiro, o Uruguai foi eliminado muito mais em função de seu melhor jogador, um mordedor reincidente, do que pelo futebol dos colombianos, que vêm de um grupo fácil.

Segundo, Suárez é fundamental para os uruguaios. Quase tanto quanto Neymar e Messi para suas equipes.

Para sorte dele, a Fifa aplicou-lhe uma punição tão exagerada que colocou o agressor na posição de vítima, e só por isso ele foi recebido com festa no Uruguai. Fosse um jogo só de penalização, já suficiente para facilitar a vida da Colômbia, Suárez seria amaldiçoado pelos torcedores uruguaios por ter deixado o time na mão e sepultado o sonho de macaranazo.

Pelo jogo que vi hoje entre uruguaios e colombianos, fiquei convencido de que os nossos irmãos do sul, com Suárez, bateriam o adversário e enfrentariam o Brasil.

Mesmo sem seu goleador, o Uruguai criou boas chances de gol, mais do que a Colômbia. Aliás, excelente esse goleiro colombiano.

Assim, se o Brasil repetir o que jogou, ou não jogou, contra os chilenos, vai passar pela Colômbia. O Chile é superior a Colômbia. E talvez superior ao Uruguai. Talvez.

Mas acho difícil que o Brasil volte a jogar tão mal. Até porque os colombianos não têm essa marcação obsessiva e bem organizada no meio de campo, o que obrigou a equipe de Felipão a abusar da ligação direta. Quem diria, o futebol que já teve os melhores meio-campistas do mundo hoje não consegue trocar quatro ou cinco passes na transição defesa/ataque.

Falta muita coisa ao Brasil. A começar por dois laterais convincentes, confiáveis. Daniel Alves, então, é um perigo. Felipão parece que, hoje mais velho, gosta de viver perigosamente. Ele não era assim. O Maycon deve estar treinando muito mal para não ser escalado. Ou então Daniel é o chamado ‘bom de grupo’.

Os volantes são bons, eficientes, cumprem bem suas tarefas. Mas nada de excepcional. O que falta ali é um cara que comande as ações, os movimentos. Um articulador. Deveria ser Oscar esse jogador. Mas Oscar não tem personalidade para colocar a bola debaixo de braço. Por isso, ele é o que sempre foi na seleção, um coadjuvante, quase inexpressivo nesta Copa.

Assim, sem um meia para organizar, eu escalaria três volantes para fechar o meio, proteger melhor a defesa e marcar a saída de bola dos colombianos, que eles vão se atrapalhar.

Eu sacaria Oscar. Mas Felipão poderia armar um ataque sem centroavante, porque os dois que ele convocou – e não havia outros melhores – não estão bem. Aí, o time poderia ter Oscar, Neymar e Hulk.

Mas quem sou para ensinar Felipão?

Vale destacar, ainda, que os dois laterais afunilam muito o jogo. Eles não conseguem correr rente à lateral do campo para buscar a linha de fundo. Parece campo minado para eles. E aí, com poucas jogadas de fundo, sofrem os centroavantes. Uma coisa puxa a outra. Tudo está interligado.

Apesar dos problemas, já projeto o Brasil nas semifinais.

JULIO CÉSAR

Foi emocionante ver Júlio César tão contestado por muita gente mostrar que continua sendo um grande goleiro. Boas defesas durante o jogo e herói nos pênaltis. Defendeu dois e serviu de inspiração para os companheiros. Comovente, no final, o abraço de Victor no colega. O que dizer, então, do desabafo de Júlio César? Chorei com ele. Vibro quando alguém consegue dar a volta por cima, passar de ‘vilão’ a herói, mesmo depois de quatro longos anos.

COLÕMBIA

James Rodriguez é o queridinho da vez. É o goleador da Copa. Marcou gol nos quatro jogos disputados. Eu ainda não havia prestado muita atenção nos colombianos. Todos destacavam o James, que joga no Monaco e tem 22 anos.

Realmente, muito talentoso. Mas não é muito participativo. Muitas vezes fica parado, não se desloca muito. Fica esperando a bola no pé. Bem, quando a bola chega nos pés dele em situação de concluir, aí é tudo com ele mesmo.

Marcou um belo gol no primeiro tempo e, depois, bem colocado na pequena área, concluiu para a rede, fazendo 2 a 0.

O time colombiano é bom, mas pelo que vi até agora está abaixo do Chile. Se Felipão ajustar o time, passa até sem muita dificuldade.

ARBITRAGEM

Eu que pensava que o Brasil seria beneficiado pelas arbitragens estou surpreso. O juiz de hoje esteve muito bem, inclusive ao anular o gol de Hulk. Se fosse mal intencionado, talvez validasse o lance.

Patético foi ouvir o Arnaldo, na Globo, dizer que Hulk não ajeitou a bola com o braço.

SIMON

Sempre que há uma prorrogação lembro do Carlos Simon. É mais forte do que eu. Não consigo esquecer aquele jogo em Campo Bom, decisão do Gauchão, em que ele não deu um minuto sequer de acréscimo, nem sequer parou o cronômetro na virada de lado das equipes.

Não sei se ele trabalhou no jogo. Será que ele criticou o juiz por dar acréscimo e parar o cronômetro? Claro que não, porque seria demitido na hora.

Cartão vermelho pra ele.

Zidane e Suárez: dois pesos, duas medidas

Fifa afasta qualquer risco de um novo ‘maracanazo’, sonho – ou delírio – acalentado por dez entre dez uruguaios.

A rigorosíssima punição aplicada a Suárez pela ridícula mordida no italiano Chiellini praticamente elimina os nossos simpáticos vizinhos. Se com Suárez já seria difícil passar pela Colômbia, sem o atacante não há chance.

Não resta dúvida de que o uruguaio merecia mesmo uma punição. Mas acho que um jogo estaria de bom tamanho. Quem acompanha a Copa – e quem não acompanha? – viu que vários jogadores, entre eles Neymar, aplicaram cotoveladas e seguem na competição.

Eu tenho muita má vontade com a Fifa. Não confio nessa entidade. Não consigo deixar de desconfiar de qualquer atitude dos senhores que comandam o futebol mundial sem a devida e necessária transparência.

Sempre vejo sacanagem em cada passo da Fifa, em cada decisão, em cada palavra. Sempre.

No caso de Suárez, pra mim já punido pela enorme visibilidade de seu gesto grotesco que pode inclusive prejudicar sua carreira, estou convencido de que se fosse algum jogador da Alemanha ou da Itália, por exemplo, a punição, em igual circunstância, inclusive pela reincidência, seria muito menor.

Mais ainda: se fosse o Neymar a morder um adversário acho que a punição seria de um jogo. No Máximo. Talvez ficasse apenas na multa, que de dinheiro a Fifa não abre mão.

Alguém pode pensar que estou exagerando. É possível.

Mas recorro a um lance igualmente absurdo e inusitado também em Copa do Mundo para contribuir com a minha ‘tese’:

a punição sofrida por Zidane pela violenta e descabida cabeçada em Materazzi na final da Copa de 2006, vencida pela Itália, foi de TRÊS jogos – que ele sequer cumpriu porque abandonou o futebol – mais a ‘fortuna’ de 7.500 francos suiços – pouco mais de 13 mil reais na época.

A multa aplicada ao Uruguai, um país rico como se sabe, é de 100 mil francos suíços!!!

A Fifa promoveu uma audiência com os dois jogadores, o que ela poderia ter feito agora entre os dois jogadores envolvidos.

“Durante a audiência, os dois jogadores se desculparam pelo comportamento inadequado e demonstraram arrependimento pelo incidente”, disse a Fifa em comunicado à imprensa.

Assim age a Fifa, sempre pendendo para os europeus. É histórico isso.

Fosse mesmo uma entidade neutra nessa relação sulamericanos/europeus, a Fifa não teria permitido a manobra do PSG para retirar Ronaldinho do Grêmio.

Mas essa é a Fifa, entidade vetusta, milionária, que decide essencialmente com base em seus interesses.

A mesma Fifa que rebaixou o Inter – durou algumas horas – por falta de pagamento de uma dívida, algo que jamais faria com algum clube europeu.

E assim vai o futebol mundial a reboque dos ‘honoráveis’ velhinhos da Fifa, colegiado que já contou com gente do nível de um Ricardo Teixeira, que ficou milionário no futebol sem sequer saber chutar uma bola.

Brasil precisa um time com a cara do velho Felipão

Se der a lógica da primeira fase, Chile elimina o Brasil e México manda a Holanda mais cedo pra casa.

No futebol, são normais os resultados surpreendentes. Em Copa do Mundo, eles ganham maior destaque. Só isso.

Agora, nos jogos realmente decisivos, normalmente pesa muito a camiseta, a tradição. Não que garanta a vitória, mas é uma vantagem. No caso do Brasil, a favor tem ainda a torcida, que pode fazer a diferença.

Então, projeto vitória do Brasil sobre o Chile, até porque tem uma equipe bastante superior, e vitória da Holanda. Claro, tudo com muita dificuldade.

A GOLEADA

A goleada de 4 a 1 sobre Camarões deve ser comemorada, mas não pode mascarar uma realidade: o sistema defensivo como um todo é uma gloriosa peneira.

Camarões, a pior seleção do torneio, entrou com facilidade na área no primeiro tempo. Felipão, atento, percebeu isso e corrigiu. No segundo tempo, os africanos quase não ameaçaram, enquanto o Brasil, com e também sem Neymar – outra vez o grande destaque – continuou criando chances de gol.

O Brasil tem dois laterais inconfiáveis em termos defensivos, em especial o Daniel Alves. No lance do gol africano, ele foi driblado. O Pará não faria pior. O problema é que Maicon não tem treinado bem, segundo o noticiário.

Com dois laterais tão instáveis, é uma temeridade jogar apenas com dois volantes. E isso está aparecendo até contra adversários de porte menor.

O meio de campo com Luiz Gustavo, Fernandinho e Ramirez se mostrou mais eficiente e equilibrado. Paulinho tem sido uma decepção, mas acho que ele renderia muito mais se tivesse dois volantes com ele.

Pelo jogo de hoje contra Camarões, eu sacaria Oscar. Foi muito discreto para quem tem a incumbência de trabalhar a bola no meio e articular. Seu único momento de brilho foi no gol de Fernandinho, quando ele deu o toque que deixou o jogador na cara do goleiro.

Outro que está devendo é Fred. Talvez fosse o caso de jogar sem um atacante de referência, aproveitando a genialidade de Neymar. E aí mantendo Oscar. Hulk também não justificou sua convocação, apesar do esforço.

Penso que contra adversários mais qualificados será preciso fortalecer o meio de campo, onde apareceu um vazio muitas vezes, o que determinou a ligação direta defesa-ataque.

Contra Camarões, tudo bem. Quero ver contra uma Holanda ou uma Alemanha. Ou até contra o Chile.

Mas quem decide é o Felipão e eu imagino que ele saiba o que está fazendo.

Só não estou gostando desse esquema um tanto faceiro, que não é exatamente a cara do Felipão, pelo menos do velho Felipão.

Ninguém é mais bobo ou todo mundo é japonês?

As seleções emergentes estão atropelando a tradição, a camiseta, o currículo. Aliás, quando a bola começa a rolar tudo fica muito parecido.

A Alemanha descobriu hoje, quando levava uma virada de Gana e correu atrás para arrancar um empate, o que Inglaterra e Espanha tiveram o dissabor de constatar logo de saída.

A Copa do Mundo de 2014 confirma o que já vinha aparecendo nas edições anteriores: gradativamente os chamados figurantes vão conquistando mais espaço.

Neste momento, a Costa Rica é o exemplo mais eloquente de que a geografia do futebol mundial está sofrendo alteração.

Já não há muita diferença entre a seleção de ponta e a que entra na Copa pensando basicamente em não ser eliminada na primeira fase.

Antes de a Alemanha, que ainda considero favorita ao título, penar contra Gana, teve a Argentina. Nossos vizinhos tiveram muita dificuldade diante do Irã.

Por momentos, o Irã parecia a Argentina, de tanto que atacava e fazia jogadas de qualidade.

Pois aí apareceu o que ainda faz uma baita diferença: a qualidade de um ou outro. No caso da Argentina, Messi. Ele não estava jogando absolutamente nada – dentro daquilo que dele se espera. Mas foi a defesa iraniana dar um espaço que Messi ajeitou a bola pra perna canhota e meteu uma bola em curva, inalcançável, isso nos acréscimos.

Foi essa diferença técnica que deu o empate para os alemães. O time levava 2 a 1 e era dominado, arriscando levar o terceiro, quando entraram dois astros do futebol alemão para acabar com a brincadeira: Klose e Schweinsteiger, este um craque. O jogo mudou.

A Alemanha se impôs e alcançou o empate em seguida, com Klose marcando seu 15º gol em Copa, igualando-se a Ronaldo. Nos minutos finais, Gana escapou da derrota. Mas ficou a lição maior desta Copa e aí eu recupero essa frase manjada, que o meu colega e amigo Paulo Moura costumava repetir na redação do Correio do Povo a cada zebra que acontecia. Saudosista dos tempos de Pelé e Garrincha, Moura costumava resmungar a cada zebra:

– Hoje é tudo japonês.

Essa sentença corre o risco de virar elogio, porque os japoneses também estão evoluindo. O fato é que, usando outra frase mais do que batida mas esquecida por alguns analistas que ainda se surpreendem, não existe mais bobo no futebol.

Quem ainda não se tocou disso vai continuar levando sustos. No futebol, tudo pode acontecer.

Até o favorito pode vencer, fato raro nesta ‘Copa de todas as Copas’.

Os resultados de hoje são um alerta para Felipão e seus comandados, favoritaços contra a robusta zebra chamada Camarões.

O INVESTIDOR

Apareceu o misterioso homem do dinheiro. O sujeito que está ajudando o Grêmio a reforçar seu time. Trata-se de Celso Rigo, um empresário do setor arrozeiro.

Sua identidade foi revelada nas redes sociais. Ele tem 65 anos. É amigo de Koff desde a década de 90. Já ajudou o Grêmio outras vezes.

Seu investimento mais pesado foi agora: 5 milhões de euros para trazer Giuliano.

Quem quiser saber mais: http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/gremio/noticia/2014/06/mecenas-tricolor-os-investimentos-de-celso-rigo-no-gremio-4532444.html

Geografia do futebol mundial está mudando

A torcida e a imprensa brasileira precisam cair na realidade. Esquecer essa conversa de que o Brasil é o país do futebol, que nossos talentos são muito superiores e em maior quantidade do que os formados mundo afora.

Todos reconhecem que está tudo muito nivelado, que não tem mais japonês no futebol – aliás, essa assertiva é do tempo em que o Brasil ainda dominava o cenário mundial ao menos na revelação de jogadores de primeira grandeza.

Mas quando o time enfrenta um pouco mais de dificuldade, todos esquecem que o Brasil está sendo alcançado tecnicamente por outros seleções, e superado por algumas delas em termos coletivos.

O empate com o México mostrou que o Brasil está longe de ser invencível – o que não é de agora – e que grande parte da torcida e da imprensa não querem aceitar isso. Terminado o jogo, a mesma equipe festejada na estreia passou a ser questionada e criticada.

E isso depois de um jogo em que o goleiro adversário saiu consagrado de campo. É claro que foi um jogo difícil. Ninguém nega. O México, pelo qual tenho enorme simpatia, sempre uma pedra no sapado brasileiro, foi eficiente na marcação e atacou algumas vezes com perigo. O resultado mais justo, porém, seria vitória do Brasil.

Ainda assim, sobraram críticas, tudo porque a imagem do Brasil como superpotência no futebol ainda é muito forte em boa parte da população, estimulada por jornalistas ufanistas e delirantes, que perdem noção da realidade.

E a realidade é que hoje japoneses, coreanos, africanos e até australianos, de futebol ridicularizado no tempo em que comecei a trabalhar como no jornalista, evoluíram e cada vez mais vão impor dificuldades a europeus e sulamericanos.

A Austrália foi grande hoje contra a Holanda. Merecia ao menos um empate, embora não tenho visto todo o jogo. Essa mesma Austrália quase tirou a Argentina da Copa.

Então, há uma mudança gradativa no futebol mundial. Potências emergentes estão incomodando os poderosos de 20 ou 30 anos atrás. Quem não entender ou não aceitar isso vai continuar se surpreendendo, como eu mesmo me surpreendo ainda, como foi ver o Chile batendo a atual campeã mundial, a Espanha, que volta pra casa com o rabo entre as pernas.

Foi em cima de uma vitória por 3 a 0 sobre a Espanha, há um ano, que o Brasil conquistou a Copa das Confederações e consolidou uma imagem de seleção forte, capaz de atropelar qualquer adversário depois de detonar a campeã do mundo. Hoje se vê que a Espanha já era ali uma equipe decadente, o que se confirmou onze meses depois.

Portanto, para evitar decepções e depressão profunda, sugiro que não se entusiasmem tanto com a equipe de Felipão.

Mesmo assim, ainda considero o Brasil favorito ao título. E elejo a Alemanha como seu maior adversário.

A Holanda, pelo que vi contra os australianos, vai morrer de novo na praia, ou até antes. O Chile é outra seleção que não tem fôlego e vai cair pelo caminho.

A Argentina, apesar de uma estreia modesta em termos de futebol, tem potencial para crescer, mas ao que parece vive só da tradição e do futebol de Messi.

É, a geografia do futebol está mudando. Quem sabe a Copa não termina com uma surpresa? Tudo é possível.

Só não é mais possível acreditar que o Brasil é o mesmo de outros tempos em que os mais otimistas diziam que era possível formar aqui três ou quatro seleções, todas capazes de brigar pelo título mundial.

Hoje, se forma uma só, e olhe lá.

Kleber sai e leva consigo o Gladiador da Arena

Kleber desembarcou em Porto Alegre no final de 2011 com status de grande estrela, o que ele nunca foi na verdade. Foi recebido com festa por dezenas de torcedores.

Afinal, era a chegada do Gladiador para a Arena. Na verdade, o Grêmio contratou o Gladiador, o Kleber, atacante de trajetória instável dentro e fora de campo, veio de brinde.

Se fosse apenas pelo Kleber, duvido que a direção anterior teria concordado em fechar contrato de cinco anos com um jogador de 28 anos, pagando, pelo que vazou na época, DOIS MILHÕES DE EUROS por 50% do passe, os outros 50% eram do Cruzeiro, que paga aceitar o negócio recebeu o glorioso lateral Gilson.

É bom esse Jorge Machado, o empresário que alinhavou a transação.

O custo mensal de Kleber ao Grêmio seria, conforme tem sido divulgado, de 500 mil reais.

No final dos cinco anos, Kleber custará ao Grêmio, instituição de futebol com vocação para a caridade instalada na Azenha, a bagatela de uns TRINTA MILHÕES DE REAIS de salários.

Eu, se fosse conselheiro do Grêmio, entraria com um pedido de impeachment – nem sei se um conselheiro pode fazer isso, mas deveria poder – da diretoria que ousasse fechar esse tipo de negócio. Nâo importa quem estivesse na presidência.

Chega de gente que assume sem se preocupar em aplicar o dinheiro do clube – oriundo da torcida sob todas as formas que se avalie – com parcimônia, prudência e comedimento.

Antes de fechar um negócio o dirigente responsável deve se perguntar: “Eu faria isso se esse dinheiro fosse meu, fruto do meu esforço, do meu trabalho?”.

Kleber se foi. Levou consigo o Gladiador. Foram dois anos e meio de Grêmio. Custo/benefício muito ruim, péssimo.

É preciso reconhecer que ele teve bons momentos, mas poucos. Foi prejudicado por contusões que o afastaram por longo período. Mas ao menos ele ainda jogou, ao contrário de Fábio Aurélio, que não entrou em campo um vez sequer e que custou aos cofres do clube em torno de 3 milhões de reais.

Dinheiro do torcedor jogado pela janela sem dó nem piedade.

O futebol, mais do que de profissionalismo em suas várias instâncias, precisa é de seriedade. A partir da seriedade e da honestidade de princípios pode-se erigir uma instituição sólida. Sem essa estrutura, a casa desaba, cai, afunda.

Sem organização, planejamento e, principalmente, seriedade, não há dinheiro que chegue.

Não há dinheiro suficiente para satisfazer a ganância dos lobos e abutres que vivem no meio.

É preciso uma mudança profunda. Desconfio que o presidente Fábio Koff está empenhado em limpar a área.

Depois do equívoco que foi comer pelas mãos do sr Luxemburgo, gastando o que não tinha, Koff conseguiu dobrar a poderosa empreiteira, reduzindo substancialmente os danos que o contrato firmado causava ao clube.

Agora, segue no esforço de reduzir a folha de pagamento e ao mesmo tempo qualificar a equipe. Equação difícil, mas não para alguém como Koff.

A saída de Kleber vem em boa hora. O Grêmio vai pagar uma parte do salário do atleta, que fica no Vasco até o fim do ano. Quem sabe em São Januário ele não volte a ser o Gladiador?

O negócio é excelente, nem importa se esse Felipe Bastos vai realmente acrescentar grande coisa. Pelo que conheço dele, trata-se de um volante eficiente, pode ser útil.

O futebol tem dessas coisas. Kleber que chegou com festa, saiu discretamente, quase que pela porta dos fundos. Ninguém lamentou.

No Rio, chegou em silêncio, quase invisível.

Em agosto, ele completa 31 anos. Quando seu empréstimo terminar, ainda faltarão dois anos de contrato: mais R$ 12 milhões de salários.

COPA

A Copa tem sido um sucesso. Estádios lotados. Foi bonita a festa no Beira-Rio. A falha no sistema de som não diminui em nada no espetáculo. Nem a briga de meia dúzia de gremistas e colorados, que nem num ambiente festivo consegue se desarmar.

Alemanha desponta como favorita ao título. Seguida da Holanda, mas esta sempre morre na praia.

A Argentina não vai longe. O Brasil, dono da casa e queridinho das arbitragens até quando a Copa é fora daqui, é forte candidato, claro.

Tragédia uruguaia na Copa

O velho amigo e colega jornalista, Raul Rubenich, especializado em internacional, não o clube e sim a editoria de jornal, lançou seu blog faz algumas semanas. De vez em quando ele dá seus pitacos no futebol e mostra que conhece bastante. Gremista assumido, Raul assina o blog ‘raulrubenich.wordpress.com’. Ah, ele entrou na kombi dos que também viram pênalti em Fred. Como se vê, ele conhece bastante, ehehehe.

Confiram seu texto sobre a tragédia uruguaia, seleção pela qual torcia e sigo torcendo, esperando que ela ainda consiga sua vaga:

Informação oficial:  Sai José “Pepe” Mujica, entra Joel Campbell.

E eu com isso? Muita coisa, pois esse pode ter sido um resumo –  bem mais do que “aloprado”, sei, –  do que aconteceu neste sábado, 14 de junho, no jogo no Mineirão entre Uruguai x Costa Rica, e daquilo que vinha ocupando as atenções de muitos cronistas. Desde alguns reconhecidamente gremistas e/ou antidilmistas até outros nem tão declaradamente militantes (este termo é politicamente correto?) em menor ou menor grau de excitação das causas pró e anticopa no Brasil.

Sobre os cronistas gremistas, houve aqueles que, depois de muita “enrolação” com o inegável ciúme que provoca na gente o fato de estar tendo jogo padrão Fifa em Porto Alegre só na casa “deles”, enquanto a nossa majestosa Arena, que finalmente o dr. Fábio Koff parece admitir ser realmente gremista (ou precisar ser ainda por ele comprada, vá entender de negócios lá no Tadjiquistão, sem ofensa a ninguém…), cumpre um papel mais do que secundário.  Ou  não é isso poder ser requisitada pelos  barões do futebol para alguns treinos de quem aparecer por aqui para jogos oficiais no BRio, enquanto este espera um domingo pelo menos sem nevoeiro  para que possam , pagantes e completantes,  cumprir seu papel na construção de um legado para todos os brasileiros (pelo menos tenho ouvido falar num tal de “legado” com relação a tudo aquilo, olhando talvez de outro ângulo, poderiam interpretar como sendo simplesmente um enorme  como entulho que restará da atual febre de obras)?

Mas, já tem desvio demais nestas linhas, cabe-nos   voltar à informação oficial sobre o jogo de sábado em Belzonte. O Uruguai entrou em campo não para ostentar a tão falada garra charrua, mas com o ar meio distante de quem já tinha passado por Montevidéu e outras plagas e provado um pouco do “legado” do presidente Mujica. Isso mesmo, tinha gente em campo com cara e coragem de quem não fazia muito tempo estaria puxando  um baseado, nem que fosse só para aproveitar os benefícios da legalização da maria juana assinada recentemente, sob aplausos e exaltações generalizadas,  pelo camarada Mujica. Afinal, essa tal de Costa Rica não deveria ser grande coisa, não, e os integrantes do falado “grupo da morte” se resumiriam ao próprio Uruguai, Inglaterra e Itália, que jogaram mais tarde, no mesmo sábado, com a vitória dos italianos, e a vitória deveria ser o resultado mais do que natural para a “Celeste”.

Até por isso mesmo teve gente por aqui  que, esquecendo algumas coisas do passado recente, repetiu a história de que eventos como a copa são usados pelo governo da hora para tirar proveito de uma situação como a que vivemos, e semelhantes. Por isso mesmo, não vi ninguém sair ostensivamenete a proclamar apoio aos black blocs e outros maluquetes da vida, mesmo se se dispusessem a provocar as polícias de todos os tipos com a criação de situações irreversíveis. Não, até esse ponto não chegamos, afinal, somos gente de paz, e nossa provocação ao poder se manifesta, quando muito, no dia de um voto, quase sempre secreto. Que acaba, vamos e venhamos, elegendo figuras que de secreto nada têm. Nada disso, portanto, mas uma decisão estava tomada: esquecer até onde der essa copa que anda por aí, e, se isso for impossível, estar pronto e preparado (seja lá o que isso exija, dentro das circunstâncias), a vibrar pelo Uruguai.

Não é só isso que faz o melhor dos mundos, reconheço, mas o melhor dos mundos só existe quando a liberdade de escolha existe e é exercida na plenitude.  Por exemplo, a liberdade de que se julgou possuidor o time todo da Costa Rica e, simbolicamente, o baixinho Joel Campbell, que fez um dos gols que surpreenderam os uruguaios e foram transformados em manifestação da mais pura alegria pelo próprio Campbell, cujas imagens, tenho a certeza, pelo menos os “neo-uruguaios” não vão esquecer tão cedo. E que eu gostaria de incluir neste post, se não fosse o problema do custo que semelhante divulgação implica.

Tio Felipão

Os que chegaram até aqui podem me xingar, se quiserem: de novo no futebol, qual é a tua?

Sinceridade? Acho que sempre quis trabalhar c om esportes, ao longo da minha jornada como, segundo se diz hoje, “comunicador multimidia”.  Por isso recaio no tema, e não seria diferente agora que todo mundo parece ter um assunto único (fora os combatentes islâmicos que estão se aproximando velozmente de Bagdá, ameaçando com isso a própria existência do regime lá implantado por Bush e “consolidado” por Obama. Mas, pelo andar da carruagem, parece inevitável   “enrolar”;  em breve, talvez assim que as coisas se esclarecerem aqui por perto…).

Aproveito a oportunidade para estranhar o que parece acontecer com o Felipão: o poder subiu-lhe à cabeça? Se a minha interpretação da irritação do nosso técnico  não estiver completamente equivocada, temos que, depois do jogo do Brasil na Arena do Corintians, meio mundo  “inventou” de ter visto favorecimento, pelo árbitro japonês, à seleção anfitriã, no lance em que foi marcado pênalti decisivo para o andamento do escore.

Em vez de deixar o assunto morrer solenemente na casca pela via do silêncio, fizemos justamente o contrário, botamos o Felipão a ver indícios – por exemplo, na matéria de um jornal esportivo argentino, que está, sempre que possível, mexendo com os brios dos vizinhos favoritos “deles” -, de uma “conspiração” destinada a prejudicar o Brasil pela via da arbitragem. Além dele, manifestou-se o Fred, protagonista do lance discutido, em linha saída diretamente da mesma fonte. Felipão, me parece, não é o personagem correto para identificar conspirações e semelhantes contra a seleção que, de várias outras formas, parece às vezes ser muito mais o “time do tio” que a seleção brasileira.

Conspirações e assemelhados não poderiam ser, jamais, os pontos dominantes nas discussões sobre uma competição esportiva que, todo mundo sabe, tem uma proprietária, um país responsável pela sua realização, tendo para tanto assumido uma série de compromissos e passado igualmente a esperar outra série igual de benefícios, dezenas de participantes diretos e um público de bilhões apreciadores espalhado pelo mundo todo. Se estivesse desde sempre determinado que só os mais capazes estariam entre os vencedores, não haveria motivo para ocupar tanto espaço – e, muito menos, para deixar participantes e seus apoiadores, como aconteceu ontem com os uruguaios, desnorteados, mas sempre dispostos a começar tudo de novo.

Para finalizar: conspiração ou não, concordo com o Ilgo Wink, que no seu  “Boteco” sustenta que o Felipão e o Fred estão certos: foi penalti. Estivesse no lance o nº 9  do Grêmio, eu estaria pedindo a cabeça do juiz. Problema é o 9 do Grêmio chegar lá… rk,, rk, rk…

Japonês acertou no lance do pênalti

Pois eu vi pênalti contra a Croácia. O juiz japonês acertou ao marcar falta sobre Fred. Vi a infração no momento em que ela ocorreu e depois confirmei na repetição.

Sei que estou remando contra a maré. Podem me chamar de soldadinho do passo certo. Mas eu estou aqui para escrever o que penso, não para fazer média.

Descrevo o lance da forma como o vi ontem, na hora do jogo – só voltei a ligar a TV hoje a tempo de ver o México sendo garfeado:

A bola foi cruzada da direita. Fred disputou com dois zagueiros. Foi puxado no braço esquerdo por um deles, o número 6, Lovren. Não foi um puxão tão forte a ponto de derrubar um atleta do porte do Fred, mas foi um puxão que prejudicou a sua tentativa de pegar a bola.

Se o puxão não ocorresse, as chances de Fred seriam maiores nesse lance.

Portanto, foi uma infração que o juiz assinalou prontamente. O juiz não tem ‘medidor de intensidade’ de puxão ou empurrão. Ele viu o zagueiro puxando o Fred, e isso realmente aconteceu.

É claro que o Fred, malandro véio, ao perceber que não chegaria na bola primeiro depois do puxão, jogou-se de costas. Ao mesmo tempo, o zagueiro croata ergueu as duas mãos, num gesto  que defino como uma confissão de culpa de quem comete faltas, e isso está disseminado há tempo no futebol. O infrator dá um empurrão ou puxão e automaticamente levantas as duas mãos para o céu. Se eu fosse juiz, sempre  me guiaria por esse gestual auto-incriminador.

Curioso é que o autor da infração só correu para reclamar depois que meio time croata cercou o juiz.

Eu, como alguém indiferente à seleção brasileira – torço mesmo é pelo Grêmio – e que no caso atual ainda se posiciona contra, poderia vir aqui e escrever que realmente o juiz errou, que o Brasil mais uma vez foi favorecido pela arbitragem, algo corriqueiro em Copas do Mundo como todos já sabem.

Aliás, no post anterior eu previ que mais uma vez o Brasil teria favorecimentos dos homens de preto. Então, se eu fosse oportunista estaria agora destacando que acertei. Os favorecimentos vão acontecer, mas não penso que este seja o caso.

Nesse aspecto, Camarões ganhou do Brasil. O México precisou fazer três gols para valer apenas um.

Sobre o jogo em si, Brasil 3 x 1,  a Croácia soube explorar os contra-ataques, em especial pela direita, de onde saiu o seu gol. Depois, Felipão acertou a marcação e fechou a avenida Daniel Alves.

Os croatas reconheceram a superioridade do Brasil, em especial pelo fator torcida. Jogaram fechadinhos, mas como alguns de seus jogadores têm muita qualidade, contaram com contra-ataques perigosos. A Croácia não teve dois ou três titulares.

O resultado mais justo seria um empate. O Brasil até pode ser campeão, mas terá de melhorar bastante.

LOTECA

Eu tinha tanta certeza que o Brasil não venceria que fiz aposta dupla no jogo 1 da Loteria Esportiva – aliás, há mais de ano que não apostava na loteca. Então, apostei na Croácia e no empate. Estou fora da disputa logo no primeiro jogo. Parabéns pra mim.

O Pai da Copa

O Pai da Copa largou de mão o seu rebento, a sua cria. Existem pais assim, desnaturados, que não dão a mínima para seus filhos.

Há um caso exemplar sobre isso em Três Passos. Resultou na morte de um inocente, um guri que só queria um pouco de atenção e afeto de seu pai. Seu pai!

Mas que tipo de pai é esse que abandona seu filho?

É um ser da pior espécie.

O Pai da Copa fez de tudo para trazer a Copa do Mundo ao decantado ‘país do futebol’. Bravateiro como nunca, prometeu que a iniciativa privada bancaria a construção de modernos estádios de futebol, e que haveria pouco dinheiro público envolvido no projeto Copa 2014. Isso foi há sete anos.

O que se viu desde então é indescritível. Obras inacabadas, dinheiro jorrando dos cofres públicos via BNDES e outras torneiras, normalmente fechadas para o que realmente importa, que é saúde, segurança e educação.

O último levantamento do TCU identificou uns 600 milhões em irregularidades em obras da Copa.

Enquanto erguiam-se estádios faraônicos até onde quase não existem torcedores, fechavam-se hospitais públicos devido à remuneração insuficiente do SUS aos serviços prestados.

O povo foi às ruas. Faz um ano isso. Exigiu hospitais padrão Fifa. Ganhou intercambistas a peso de ouro e mais hospitais fechados.

Não é hora de protestar, dizem alguns, acrescentando que o momento de questionar já passou.

É que o povo é assim, acredita em suas lideranças, até que elas provem que não merecem crédito.

Quando anunciou a vinda do torneio da Fifa, o Pai da Copa não disse que os estádios seria erguidos com dinheiro público, ao contrário.

O povo está pagando essa conta. Uma conta salgada, originada às custas de milhares de pessoas que padecem nas filas de hospitais e de outras tantas que até já morreram por falta de atendimento adequado, muito diferente daquele prestado a políticos graúdos no hospital Sírio-Libanês.

O povo está revoltado. Ao menos boa parte dele. Outros vão no embalo, no ritmo da Globo, esquecem e ignoram as mazelas do dia-a-dia, e vão curtir os jogos. Nada contra.

O curioso é que o homem que lutou tanto pela Copa, que, entre outras ações, se desdobrou para ajudar o Corinthians a erguer a sua Arena, claro, com o nosso dinheiro, não vai prestigiar a sua obra.

Vai assistir aos jogos em casa, refestelado no sofá, tomando uma cervejinha. Pelo menos é o que ele falou em suas andanças por aí.

Será medo das vaias?

O fato é que o homem que, pretensiosamente, sonha – ainda sonha? – em ser reconhecido como Getúlio, o Pai dos Pobres, não vai conferir de perto a sua criação.

O Pai da Copa, como o mais infame dos homens, abandonou seu filho.

A ufanisticamente chamada “Copa das Copas” está orfã de pai.

Mas, não duvidem, se tudo der certo, ele vai aparecer no final para cantar vantagem. Não foi sempre assim?

Caso contrário, se o Brasil não for campeão e outras coisas derem errado, O Pai da Copa continuará em casa aboletado em seu sofá, tomando a cervejinha com o sorriso de quem venceu mesmo tendo perdido.