Não sei o que me dói mais: se a dor lombar que me aflige desde sexta-feira e que me dificulta até amarrar sapato ou ver o Grêmio jogar.
A dor lombar eu sei que vai terminar em breve, tem tratamento, tem solução.
Já o futebol do Grêmio, aquele empolgante, que levanta o astral e, duvida?, até cura dor lombar, esse é uma incógnita.
O que o Grêmio jogou hoje contra o Criciúma foi um futebol equivalente ao que tem apresentado já faz tempo.
Há que se festejar, contudo, o fato de ter vencido, bom para recuperar a confiança, a auto-estima, e, principalmente, para distanciar-se daquela zona que podemos definir como um inferno, onde só faltam as chamas e o demônio.
Então, é bobagem dizer que o Grêmio melhorou, que apresentou algo de novo. Isso fica por conta do maior ou do menor entusiasmo de cada um.
Agora, é preciso destacar que o técnico Felipão está buscando um novo caminho, um novo jeito de jogar. Para isso, não vacila em fazer experiências em meio a um campeonato tão difícil e traiçoeiro como o Brasileiro, onde qualquer descuido pode levar ao abismo.
Felipão tem moral para fazer algumas coisas que no Enderson, por exemplo, nós classificaríamos de invencionice.
Em dois jogos, várias mudanças, algumas surpreendentes.
Não vou entrar no mérito de suas decisões. O que tenho a dizer a respeito é que acredito no Felipão. Crédito ele tem de sobra ao menos comigo. Acredito que também com a imensa maioria dos gremistas.
Resumindo, se Felipão não arrumar a casa agora, ninguém vai arrumar.
Se ele optou por deixar Walace no banco depois da bela atuação no Gre-Nal, tudo bem. Ele lançou Walace, ele pode sacar Walace. Simples.
Giuliano? Não está jogando nada, sai. Simples. Dizem que ele sentia uma lesão, não acredito.
Em menos de duas semanas no clube, Felipão teve olho clínico para tirar Felipe Bastos do ostracismo. Mérito da direção – que tanto critico e responsabilizo pelos fracassos recentes – que além de livrar-se de Kleber trouxe esse volante/meia. Um achado.
Hoje, Felipe Bastos foi talvez o melhor em campo.
Foi um jogo complicado. Todos os jogos são complicados para um time em formação e, agora, com tantas experiências, mais ainda.
Estamos em agosto e ninguém sabe qual o time titular do Grêmio, qual o melhor esquema. Ninguém, nem mesmo Felipão.
A EQUIPE
Pelo que vimos até agora, a dupla de área escolhida é essa mesma, e não adianta reclamar, chorar ou fazer beicinho. É Werley e Rodholpho. Ah, mas tem o Saimon, tem o Geromel. Sério? Muda alguma coisa de verdade?
Na lateral, Matias Rodriguez mostrou qualidade, mas duvido que Felipão o mantenha contra o Cruzeiro, que meteu 3 a 0 no Santos e é, sem dúvida, o melhor time do campeonato. Assim, Pará volta ou na direita ou na esquerda.
Na esquerda, Zé Roberto deu pro gasto. É possível que seja mantido, pela experiência e boa técnica. Talvez Felipão coloque Pará na esquerda e escale Ramiro na direita.
No meio, Riveros é titularíssimo. Fez um grande primeiro tempo e no segundo caiu um pouco. Penso que Giuliano volta como titular, ainda mais se Ramiro for mesmo para a lateral direita.
Desconfio que até Edinho pode voltar. Desconfio. Felipão tá com jeito de que irá armar um retrancão.
Na frente, Luan e Dudu devem ser mantidos. Se Barcos estiver recuperado, ele volta apesar da boa atuação de Lucas Coelho.
Lucas participou do primeiro gol sofrendo falta. Barcos em lance igual não chegaria na bola como Lucas chegou porque não tem arranque. É um fusca 1.0 em matéria de arranque.
Depois, Lucas Coelho fez outra coisa que a gente não vê em Barcos: chute preciso de fora da área. O guri clareou e mandou ver, concretizando o desejo que havia revelado no intervalo. Deixou sua marca.
Mas acho que Barcos volta pela experiência. E não acho que Felipão estará errado se começar com o argentino.
Lucas vai ganhar a posição devagarinho, como quem come o mingau quente pelas beiradas.
Outro camisa 9, o Ronan, teve alguns minutos. Mostrou que leva jeito. É raçudo, tem imposição física.
Bem, enquanto não empolga, é fundamental vencer.
Enquanto o bom futebol não aparece, que venham as vitórias, o melhor analgésico para dor lombar.
GLÉNIO
Conheci Glênio Reis ainda menino. Pela TV. Em preto e branco. Depois, o encontrei no pátio do Olímpico na virada dos anos 70 para os 80. Ele gostava de assistir aos jogos e treinos da base, juniores e juvenis principalmente. Quando eu queria saber quem se destacaria e tinha futuro no futebol, recorria ao Glênio.
Foi ele quem me apontou Assis, ainda no time juvenil. Assis jogava demais. Era um meia goleador. Se o time vencia com 10 gols, Assis fazia uns 8. Nos profissionais, se afastou das agruras da área, onde só sobrevivem os destemidos. Assis procurou a zona de conforto.
Glênio, um grande profissional do rádio. Um grande gremista. Tive a honra de conviver um pouco com ele.
INTER
Por falar em jogar um futebol nada empolgante, por vezes até de doer, o Inter vai bem, obrigado.
Diferente do Grêmio, que perdeu quando jogou mal, o Inter venceu. E por isso está na ponta de cima da tabela.
Pelo jeito, nada vai tirar o Inter do G-4. Não vejo outras equipes melhores despontando. Está tudo muito nivelado.
Por isso, já vejo o Inter ao menos na Libertadores de 2015.
A não ser que insista em continuar jogando mal. Tem uma hora que a sorte abandona, como aconteceu nos dois jogos contra o Ceará.
Quer dizer, até que teve sorte contra os cearenses, porque as derrotas poderiam ter sido ainda mais humilhantes.