Grêmio surpreende; Inter decepciona e revolta torcida

Revolta mais do que justificada essa da torcida colorada depois de perder de virada por 3 a 2, em pleno Beira-Rio. Vencia por 2 a 0 e mesmo com a torcida a seu favor não teve capacidade de manter o resultado contra uma equipe modesta como essa do Figueirense.

A indignação colorada é ainda maior porque na véspera o Grêmio havia batido o Flamengo no Maracanã por 1 a 0, diante de uns 50 mil flamenguistas.

O Grêmio que venceu o Flamengo jogando bom futebol foi a cara do seu treinador, que está ansioso para mostrar que ainda é o Felipão dos anos 90, não esse genérico de má qualidade que comandou a seleção brasileira na Copa.

Enquanto Felipão está com tesão para mostrar serviço, seu colega Abel demonstra em suas manifestações que está entediado.Isso fica evidente até nas suas expressões durante e após os jogos. Tivesse com a mesma vontade de Felipão, Abel não teria encarado a Copa do Brasil e a Sul-Americana com tanta negligência.

Claramente, ele optou por focar no Brasileirão, talvez até estimulado pelo presidente Luigi, para quem um título do brasileirão – não conquistado por seus antecessores vitoriosos, FC e Píffero – o colocaria em patamar semelhante.

Vaidade, pura vaidade. O custo pode ser alto, como sinalizou a derrota deste domingo diante de uma torcida que esperava ver um Inter superior aquele que foi humilhado por Ceará e Bahia também em casa.

O que está ficando cada vez mais evidente é que o Inter não tem aquele time forte e coeso que alguns analistas esportivos insistem em propagar.

A ilusão de ter uma equipe qualificada, pronta para ser campeão, torna a derrota sempre mais amarga.

Por isso, muita gente já pede a cabeça de Abel Braga.

Para aqueles que costumam lembrar de Argel sempre que o Grêmio busca treinador, fica a minha sugestão.

Fora ele, tem ainda o Lisca e o Roth.

Mas penso que Abel vai continuar a sua obra.

GRÊMIO

Foi uma grande vitória. O Grêmio calou o Maracanã e os corneteiros, tanto externos como internos.

A torcida flamenguista proporcionou a maior renda do Brasileirão, convencida de que seu time, que vinha de cinco vitória, amassaria o time dos ‘racistas’.

A mídia carioca também tinha essa expectativa, isso foi fácil de perceber.

O Grêmio fez um primeiro tempo de alto nível, embora com poucas situações claras de gol. Mas foi superior ao Flamengo.

No segundo tempo, o time carioca adiantou a marcação, passou a pressionar mais, mas deu espaço em seu setor defensivo que não havia no primeiro tempo.

O técnico Felipão esperou o momento oportuno para dar o bote, o xeque-mate.

Primeiro, colocou Luan no lugar de Lucas Coelho, de atuação discreta, mas nada devendo para o titular.

A jogada de mestre, embora arriscada, foi sacar um volante/meia, Giuliano, para colocar um atacante, o Fernandinho.

Foi de uma precisão cirúrgica. Fernandinho trabalhou pelo lado direito do ataque, com Dudu pela esquerda e Luan pelo meio.

Fernandinho fez a jogada com muito talento, serviu Luan, que, com mais talento ainda, invadiu a área com dribles curtos e tocou com muita categoria na saída do goleiro.

Um gol digno de Maracanã.

Com a vitória o Grêmio ganha moral para enfrentar o Atlético Paranaense na Arena. Se vencer, já pode voltar a sonhar de novo.

Inter perde, Grêmio ganha. Alguma coisa pode estar mudando.

Podemos falar de futebol?

Entro na contramão, caminhão lotado, sem freio, descendo a dr Vale. É assim que me sinto nesta manhã de sábado nebuloso quando começo a teclar para falar de futebol.

Sinto-me assim, contra a corrente dos acontecimentos quando percebo que não se para de falar em racismo, na punição ridícula do Grêmio, em eleições e na denúncia de corrupção da Petrobras envolvendo a politicalha que insiste em tentar afundar o nosso país.

Mas vou me atrever a falar de futebol. Tem o jogo do Grêmio contra o Flamengo no Maracanã. Pairam no ar ameaças a quem for ao estádio com a camisa mais bonita do mundo. Mas isso não intimida os gremistas. Pelo contrário, os fortalece.

O gremismo não se manifesta num pedaço de pano, por mais bonito que seja. O gremismo é algo maior, que vem de dentro, faz o coração pulsar forte e nos sentir seres especiais, tão especiais que cada vez que alguém me pergunta se sou gremista, respondo ‘sim, graças a Deus’.

O Grêmio vai desfalcado e isso seria um indicativo que um empate já será bom resultado. Bom resultado é a vitória, sempre.

Então, o Grêmio não pode jogar mirando o empate, porque aí não será o Grêmio que a torcida quer. É claro que dependendo das circunstâncias do jogo em si o empate poderá, ao final, ser saudado e até festejado. Mas nunca antes.

Até porque os tais desfalques são questionáveis.

A começar pelo Barcos, que muita gente quer ver pelas costas faz tempo. Com Felipão ele deu uma melhorada, mas ainda não é aquele centroavante dos sonhos.

Ramiro é outro que está distante da unanimidade como titular, ao contrário. Mas é um jogador útil, pegador, combativo. Gosto dele.

Matias Rodriguez, então, é uma incógnita. Por enquanto, me parece que ele vai consagrar Pará. De qualquer modo, não é uma falta a ser lamentada.

Luan sim, este faz falta. Mas tem gente que não gosta dele, são poucos. É uma pena Luan não poder jogar.

Agora, sua ausência facilita para que Felipão arme um esquema mais fechadinho, com volantes em profusão.

Felizmente, são volantes que se dão bem com a bola.

Acredito na vitória sobre o Flamengo.

INTER

Quem for ao Beira-Rio amanhã terá a oportunidade de ver um treinador que boa parte da imprensa admira: ARgel. Sim, porque vira e mexe sugerem Argel para o Grêmio, nunca para o Inter. É como o Lisca. Ah, e o Roth, que está desempregado de novo…

Pois Argel diz que vem para tirar pontos do Inter.

Não duvido que atinja o objetivo. Outros treinadores de equipes modestas já conseguiram, e nem faz muito tempo.

Feliz porque só tem o Brasileirão para disputar – é o que ele queria e deixou claro, dedicação exclusiva ao Brasileirão – o técnico Abel está obrigado a vencer o modesto time do Figueirense.

Caso contrário, o mundo vai desabar sobre sua cabeça talvez em forma de guilhotina.

Com o voto no bolso

O Grêmio foi goleado no jogo do tapetão: 5 a 0.

Como tem acontecido em alguns jogos de campo, o time de advogados do Grêmio – reforçado providencialmente por um flamenguista – jogou bem, mas perdeu.

Quem acompanhou o jogo, que durou quase quatro horas, percebeu que para os auditores o jogo já estava jogado, principalmente porque na véspera um procurador do tribunal já havia sinalizado para a exclusão da Copa do Brasil.

A imagem da jovem soletrando a palavra ofensiva é muito impactante. Além do mais, os meios de comunicação pegaram pesado demais, inclusive os daqui.

O fato é que nada mudaria o resultado do jogo.

O que me fez lembrar um outro, em 1991, no tribunal da FGF. Estava em julgamento um caso de doping no Gauchão envolvendo um atleta do Inter.

Foram horas e horas de jogo. Para muitos, principalmente as testemunhas arroladas, um jogo sério. Para outros, um teatro.

Não faltou sequer um médico para garantir que os exames de dopagem não tinham credibilidade. Faltou alguém comunicar isso ao COI.

Depois de muita conversa jogada fora, veio a hora dos votos, com cada auditor discursando o máximo de tempo possível para curtir bem aquele momento de celebridade já que havia transmissão ao vivo de rádio e TV.

Lembro que lá pelas tantas um dos auditores, colorado, num gesto teatral, sacou do bolso o voto que havia escrito em casa. E ele fez questão de enfatizar que estava com o voto pronto. Portanto, nada do que fosse dito ali alteraria sua posição. Um profundo desprezo ao julgamento e uma ofensa a todos que estavam ali tratando tudo com seriedade.

O voto, claro, era favorável ao Inter e a seu atleta.

No julgamento de hoje no Rio, só faltou alguém tirar seu voto do bolso.

O bom disso tudo é que, conforme ironizou o presidente Fábio Koff, com essa punição ao Grêmio acabou o racismo no Brasil.

PREVENÇÃO

Cabe agora ao Grêmio tratar de tomar mais medidas preventivas. É impossível evitar que algum torcedor cometa outro desatino e prejudique de novo o clube, mas é imperativo que sejam tomadas medidas que reduzam ao máximo a chance de novos delitos acontecerem.

Nem que o preço a ser pago seja a colocação de cadeiras no espaço da geral da Arena.

Pode não resolver, mas reduz drasticamente o risco.

O grande jogo no tapetão

Há boatos de que o Grêmio sofrerá pena rigorosa no tribunal desportivo. O boato mais otimista dá conta de uma punição de 10 jogos. Outros, mais pessimistas e catastróficos, não deixam por menos: demolição da Arena, rebaixamento para a segunda divisão, substituição da cor azul por outra qualquer para extinguir a camisa mais bonita do Brasil e uma das mais bonitas do mundo, razão de muita inveja, cassação do título do mundial de 83, proibição de Fernanda Lima aparecer em revistas com a camisa tricolor. Enfim, é muita especulação.

Apesar de Fábio Koff ter sido uma pedra no sapato da CBF e da TV Globo durante o tempo em que foi presidente do Clube dos 13, não acredito que esse pessoal seja tão baixo para levar esse tipo de coisa em conta nessa hora.

Não acredito em pena maior do que a que já foi aplicada pelos meios de comunicação, em especial pela revista Placar, que rotulou o Grêmio de clube de futebol mais racista do Brasil.

Logo o Grêmio, de onde saiu um dos poucos governadores de Estado negros deste país.

O Grêmio vem passando por um linchamento nojento, asqueroso porque um punhado de torcedores enlouquecidos, revoltados com a ‘cera’ que o goleiro Aranha fazia sem qualquer intervenção da arbitragem, passou a hostilizar o adversário. E aí apelaram para o ‘macaco’. Até alguns negros, vejam só!, ofenderam Aranha dessa forma. A jovem aquela que soletrou a palavra ma-ca-co para a TV registrar foi no embalo. Hoje, é a Musa do Racismo, e em breve é capaz de receber convite para sai na Playboy. Quem duvida?

Falando sério, comentam a possibilidade de eliminação da Copa do Brasil. Aqui entre nós, que os doutos do tribunal não nos leiam, seria até bom poupar o time de um desgaste desnecessário. A eliminação já está encaminhada. Não há chance de o Grêmio vencer o Santos na Vila Belmiro, ainda mais que Felipão não consegue repetir um time em função de lesões, cartões, deficiência técnica, etc. Seria uma ‘punição’ muito oportuna. É claro que virá acompanhada de alguma multa.

Se for por aí até que será uma pena razoável dentro do contexto de linchamento, de pegar o Grêmio como exemplo para evitar outras situações como essa deplorável ocorrida na Arena.

Acredito, também, que não será uma punição tão rigorosa – como parece que querem alguns cronistas esportivos da praça – porque os auditores sabem que esse tipo de coisa pode acontecer com qualquer clube e aí tudo o que for aplicado agora terá de ocorrer mais adiante, talvez penalizando algum clube do centro do país. Quem sabe um Flamengo, um Corinthians.

Então, penso que muita gente vai sair decepcionada do tribunal no Rio.

O jogo do tapetão começa às 14h, com transmissão ao vivo, imagino, de todos os batcanais.

E será longo esse jogo. Afinal, com tanta mídia em cima, cada voto levará muito, mas muito mais que o tempo que o goleiro Aranha levou para repor a bola na Arena.

Será o jogo do ano. É o Grêmio contra o mundo.

GERAL

Lamentavelmente, penso que não restará ao Grêmio outra alternativa a não ser colocar cadeiras no setor da geral da Arena.

É uma pena.