Uma grande torcida à procura de um grande time

A verdade é simples: o time do Grêmio não está à altura de sua torcida e de sua casa. A Arena recebeu mais de 46 mil torcedores, gremistas apaixonados, vibrantes, participativos. Enfim, jogou com o time, e jogou mais que o time.

A Arena é maior que o Olímpico, muito maior, majestosa mesmo, mas só irá incorporar a energia que havia no velho casarão quando tiver um time verdadeiramente competitivo.

É um tripé em que um dos pés não é confiável, não é seguro.

Mas não resta dúvida que agora a direção acertou o passo, depois de sucessivos equívocos.

Alguns problemas permanecem e iremos até o fim da temporada com eles. Por exemplo, o Grêmio continua sem um rival para Barcos, uma alternativa realmente capaz de entrar e acrescentar qualidade na frente, com maior presença de área, espaço do qual o titular argentino insiste em se afastar.

Apesar de ter ainda um time insuficiente para disputar o título do Brasileiro e talvez até mesmo para buscar uma vaga na Libertadores 2015, o Grêmio teve todas as condições de vencer o forte time do São Paulo.

No primeiro tempo, logo no início, Luan ficou cara a cara com Rogério Ceni e tentou colocar. Pegou mal na bola, facilitando a defesa de Ceni. No rebote, Luan concluiu de novo e um zagueiro tirou de cima da risca.

Alguém precisa dizer ao Luan que jogador talentoso não está proibido de chegar na frente do goleiro e soltar uma bomba.

O Grêmio teve ainda mais duas ou três boas situações de gol, numa delas de novo apareceu um zagueiro para tirar de cima da risca, após conclusão de Zé Roberto, mais uma vez de grande atuação. É o melhor lateral-esquerdo do campeonato.

O Cruzeiro teve uma apenas, com Pato, que obrigou Grohe a grande defesa.

Houve ainda um impedimento mal marcado de Barcos, coisa do bandeirinha Boschillia, que, segundo Felipão, teria levado uma,  digamos, urinada do juiz por estar prejudicando a arbitragem. O fato é que o bandeirinha anulou uma investida do Barcos rumo ao gol.

No segundo tempo, o São Paulo equilibrou o jogo.

O mesmo juiz que tinha dificuldades para tomar decisões a favor do Grêmio não vacilou em marcar um pênalti de difícil visibidade para o São Paulo. Ceni marcou e quebrou a invencibilidade de Grohe de mais de 800 minutos.

No final, o Grêmio pressionou, teve volume de jogo, presença no campo de ataque, mas gol que é bom, nada. A impressão que tive é que o Grêmio só conseguir marcar um gol se tivesse um pênalti a seu favor assinalado.

Teve dois lances polêmicos. Num deles, Dudu foi empurrado por trás pelo Hudson, que já tinha amarelo. Foi dentro da área, num lance banal. Se marcasse pênalti, o juiz ainda teria de expulsar Hudson. Bem, aí seria pedir demais, não é mesmo?

Teve ainda o lance em que Zé Roberto sofreu o tranco dentro da área, mas exagerou na encenação.

Enfim, se já é difícil fazer gol ao natural, mais complicado ainda com uma arbitragem atuando contra.

Resta agora terminar o campeonato numa posição digna. Não acredito em G-3.

Como acreditar se a gente olha para o banco de reservas e não vê uma viva alma capaz de mudar o panorama de uma partida?

Alan Ruiz, Giuliano? Quem sabe não é hora de Felipão apostar em outro guri, o atacante Erick, que ficou no banco de reservas.

Ficamos assim nesta véspera de eleição: uma grande torcida e uma casa suntuosa à procura de um grande time.

INTER

Deu a lógica no Mineirão. O Cruzeiro venceu por 2 a 1, e distanciou-se ainda mais do Inter, o vice-líder. São nove pontos agora.

Mais uma vez o Cruzeiro será campeão. Tem um belo time e um grupo de qualidade.

O Inter até que lutou, reagiu no segundo tempo e marcou um golaço através de Alex.

Mas o Cruzeiro foi superior a maior parte do tempo, e até poderia ter ampliado.

E assim vai o futebol gaúcho na gestão do sr Noveletto. Os grandes não chegam e o Interior afunda.