O futebol também nos reserva algumas ironias. O gol de empate em Curitiba neste sábado, início de noite, foi uma ironia em dose dupla: primeiro, pelo cruzamento de Pará; segundo, pelo cabeceio de Riveros, que teve de se curvar para desviar do goleiro Vanderlei e empatar, sujeito a sofrer as travas de uma chuteira no rosto, algo que Barcos jamais faz com receio, talvez, de ferir seu proeminente nariz.
Então, temos Pará, criticado por errar cruzamentos e isso vai continuar enquanto Barcos for o centroavante – ele tem a capacidade de nunca estar no lugar certo, o que é uma arte -, metendo a bola para o paraguaio Riveros, representando a tão criticada raça dos volantes gremistas.
Um volante salvou o Grêmio de uma derrota. Mas é preciso registrar, e o faço antes que alguém se exalte, só quando o técnico Felipão sacou Matheus Biteco que jogava equivocadamente com atribuições para colocar… Um articulador. Simples, sem invencionice, sem medos.
Alàn Ruiz não é lá essas coisas, nem merece ser titular, mas entre ele e Biteco numa função mais adiantada, é melhor começar com o argentino, que ao menos sabe o que fazer com a bola na intermediária ofensiva. Gosto de Biteco, mas como primeiro ou segundo volante, nunca como o volante que sai mais para o jogo. Aliás, nem Riveros e Ramiro conseguem jogar bem tendo que armar o jogo. Felipão já teve tempo suficiente para saber disso.
Corrigido o equívoco, com Ruiz em campo o Grêmio melhorou, foi mais incisivo na busca do gol. Mas aí teve um Barcos em tarde/noite infeliz, para não me aprofundar. Tem um cruzamento de Zé Roberto, da linha de fundo, ali pelos 30 do segundo tempo, que poderia ter resultado no primeiro gol gremista. O problema é que Barcos, um bom jogador, não é exatamente um camisa 9, daqueles que antevê a jogada e tem agilidade para concluir. A bola passou rasante por Barcos, que poderia ter se atirado na bola para fazer o gol de cabeça, de ombro, de nuca, mas ele não tem reflexo para isso, ou tem medo de encontrar uma chuteira assassina pela frente. Ou as duas coisas.
Desesperado, Felipão colocou dois atacantes de área em campo: Nicolas Careca, curiosamente no minuto seguinte a esse lance com o Barcos que descrevi acima, e Lucas Coelho. Os dois entraram bem no jogo.
Por outro lado, a defesa ficou mais vulnerável aos contra-ataques.
Não fosse Marcelo Grohe, de novo, o Grêmio teria perdido. Aliás, o empate acabou sendo uma dádiva pelo mau futebol que o Grêmio voltou a apresentar.
Felipão tem meu respeito, minha admiração e meu reconhecimento, mas o futebol atual do time está me fazendo lembrar a triste passagem do Enderson Moreira.
Algo precisa ser feito. A seguir assim, o Grêmio vai ficar mesmo em torno do sexto lugar, conforme preví faz algum tempo.
FILA
O Inter finalmente fez o dever de casa contra um time de menor porte. Bateu o Bahia por 2 a 0, gols de Alan Patrick e Nilmar, ainda no primeiro tempo. O time de Abel, muito vaiado antes do jogo, foi avassalador no início. O time segue no G-4, mas agora ninguém mais fala em título.
O Inter, como o Grêmio, continua na fila.
A grande ‘competição’ dos dois é ver quem chega melhor colocado. É o que nos resta.