O ano do Grêmio, em termos de futebol, só se salva pelos 4 a 1 no Gre-Nal.
No mais, foi um acúmulo de erros que começam na presidência e terminam no vestiário. O resultado é esse final melancólico no Campeonato Brasileiro.
O único alento é que poderia ter sido pior. Os responsáveis pela contratação de um técnico demitido do Inter B para comandar o time na Libertadores – há anos que o Grêmio não sabe exatamente o que fazer para aproveitar de maneira digna a vaga na Libertadores – só tiveram um acerto neste ano:
a demissão de Enderson Moreira.
O problema é que demorou muito, não demais, porque se tivesse demorado demais o Grêmio estaria hoje ameaçado de rebaixamento, ou até já rebaixado.
A troca de treinador demorou o suficiente para reduzir drasticamente as chances de briga por vaga na Libertadores.
O técnico Felipão, vejam só, tivesse optado pelo Grêmio quando chamado pela primeira vez por seu amigo Fábio Koff, teria escapado do vexame na Copa do Mundo e hoje o Grêmio talvez estivesse brigando pau a pau com o Cruzeiro pelo título nacional.
São as decisões que a gente toma na vida.
A pior decisão que Koff tomou foi ter mantido um treinador que ele não apreciava, o Luxemburgo. É preciso registrar que ele tentou Felipão, insistiu com Felipão, mas Felipão estava seduzido pela Seleção, onde ganhou muitos dinheiros, mas perdeu muito mais em prestígio.
Então, pressionado pelo ‘fica, Luxemburgo’ e determinado a impedir que Odone seguisse no poder para concluir sua obra – imagino que hoje os mais ferrenhos críticos de Koff sabem do que estou falando -, Koff cedeu. Manteve Koff. E aí começou tudo.
Lembro de um velho dito popular que aprendi na infância: é de pequenino que se torce o pepino. Ou pau que nasce torto nunca se indireita.
Tudo o mais é consequência de uma decisão equivocada tomada lá no começo da gestão.
A conta chegou e só não é mais salgada porque Felipão ainda chegou a tempo de impedir o pior, e todos os gremistas sabem do que estou falando porque também perceberam que a nau endersiana estava naufragando.
O que se viu contra o Bahia neste domingo em Salvador foi a cereja estragada de um bolo embatumado.
A derrota, no final das contas e friamente falando, pode ser considerada uma dádiva. Mesmo se vencesse, o Grêmio dificilmente ficaria com uma vaga na Libertadores, vaga indireta, e continuaria com vários jogadores prestigiados.
Esse risco já não existe.
A hora é de varredura. E fique claro que Rui Costa, que já teve todas as chances, não pode ser o homem da vassoura, o Jânio Quadros do vestiário.
GROHE
De vez emquando deparo com críticas a Marcelo Grohe. Que não é goleiro para o Grêmio. Li e ouvi muito disso em relação a Victor.
Pois bastou Victor ir embora para conquistar títulos, os títulos que não conquistava aqui. Mas não por culpa dele, diferente do que pensavam os ‘especialistas’ em goleiro.
Deram um time para Victor e ele foi campeão, e hoje é herói e ídolo em MG.
O mesmo deverá acontecer com Grohe se ele sair e encontrar um time tão qualificado quanto ele.
INTER
Fiquei comovido com a emoção colorada no sábado. Nunca tinha visto volta olímpica, ou algo parecido, para comemorar vaga em Libertadores.
Quando a torcida gremista ficou feliz com vagas alcançadas nos últimos anos, vi muito colorado debochando. Hoje, eles vibram. Só faltou festa na Goethe.
Mas a festa colorada no Beira-Rio teve até deboche de D’Alessandro, que voltou a fazer das mãos binóculos para ironizar o Grêmio.
Quer dizer, ele brinca com os outros, mas não aceita que brinquem com ele.
Fora isso, o Inter mereceu a vaga, apesar de uma campanha que fica marcada pelos 5 a 0 diante da Chapecoense.