Gre-Nal pela vaga: vantagem é gremista

A dupla Gre-Nal está de mãos dadas em busca de mais um prêmio consolação, a tal vaga na Libertadores, que, no caso gremista, nos últimos anos só tem servido para mobilizar a secação vermelha nos dois lados do balcão: imprensa e torcida.

O Grêmio não tem conseguido aproveitar dignamente a vaga alcançada com muito suor. A torcida fica empolgada, cria expectativas, e logo se frustra.

O bom mesmo é ser campeão. Sem dúvida. Mas é melhor entrar na Libertadores do que ficar chupando o dedo, secando o rival que conquistou a vaga.

Os dois clubes gaúchos estão com 60 pontos. Vejo um pessoal aí com máquina de calcular, fazendo projeções.

Não curto isso. Normalmente, essas projeções não dão certo. Nos últimos tempos, então, o que tem de estimativas equivocadas em relação ao Inter no Brasileirão não é pouco. Quem toca muito nesse assunto é o RW e sua incansável corneta. Como diz o colega, ‘eles são previsíveis’.

Pra mim, a rigor, só um dado me interessa. Os dois clubes estão igualados. Mas apenas um deles pode chegar a 72 pontos, é o Grêmio.

O Inter pode alcançar no máximo 69 pontos. Não vejo muito destaque para esse aspecto tão relevante, quase definitivo.

Se uma tabela de jogos pode sorrir para alguém, eu diria que desde o início a tabela do brasileirão sorri para o Inter. Recorro devo à cornetadorw.blogspot.com, que lá no começo da competição alertou para a ‘papinha’ que era a tabela para o Inter nas rodadas iniciais, própria para o time embalar, ganhar confiança e brigar pelo título.

O problema é que o Inter não aproveitou essa vantagem. Tropeçou diante de adversários teoricamente mais fáceis. Desperdiçou a vantagem.

Agora, na reta final, três jogos seguidos em casa. Um deles, vencido neste domingo, 1 a 0 sobre o Goiás, com direito a golaço do tão execrado Paulão, que a maioria dos cronistas da praça considera sem condições de vestir a camisa vermelha.

O Inter tem agora o Atlético Mineiro, mais preocupado com a Copa do Brasil, e o Palmeiras, que virou saco de pancadas. Por fim, o Figueirense fora. Em princípio, jogos menos espinhentos que os do Grêmio. O problema é que o time de Abel segue instável, inconfiável.

O time de Felipão, agora embalado, pega o líder e virtual campeão, o Cruzeiro, na quinta-feira. Depois, Corinthians fora, rival na luta pela vaga; Bahia em Salvador e Flamengo em casa. Uma sequência muito difícil.

Mas são quatro jogos, contra três do Inter.

Se o Grêmio conseguir manter nessa reta final o alto nível atingido no Gre-Nal e mantido contra o Criciúma, no Heriberto Hulse, vai conquistar a vaga.

Contra o Criciúma, o tricolor manteve a segurança defensiva mostrada no clássico e continuou efetivo na frente, com melhor aproveitamento das jogadas, algo que antes não ocorria. O time criava, mas não aproveitava as chances.

Além do mais, o Grêmio está mais confiante, mais seguro de si. O gol de Dudu na falha do zagueiro mostra isso. De novo, Dudu teve frieza para fazer a coisa certa, repetindo o Gre-Nal. Antes de Felipão, ele era um estabanado; hoje é um atacante mais compenetrado e seguro. Já não se assusta quando chega diante do goleiro.

Depois, Barcos fez um golaço de cabeça, em cobrança de escanteio. Será que está voltando a bola aérea que antes tanto assustava os adversários? Foram dois gols assim nos dois últimos jogos, mais do que em todo o restante do campeonato.

O tão criticado Ramiro, suja utilidade tática é inquestionável para mim, fez o terceiro em passe de Dudu, que é outro jogador após Felipão.

Mais uma vez, três volantes, vejam só. O detalhe é que Ramiro, um volante nato, consegue se desprender e chegar ao ataque com rapidez, se transformando em atacante. Então, o problema não é jogar com três volantes. É o tipo de posicionamento a eles atribuído. E, claro, a capacidade técnica e tática de cada um. Ramiro, além de tudo, é inteligente, sabe o momento certo de se infiltrar e pegar a marcação de surpresa.

Coisas de Felipão, o Mestre.