Não sei exatamente o que foi pior, se a atuação do time contra os reservas do Flamengo ou a entrevista de Felipão.
Estava a caminho de casa quando ouvi o Felipão se revelando feliz com a vitória de Abel Braga, e por consequência do Inter. Uma vitória aos 50 minutos, frisou o técnico do Grêmio que pareceu por momentos esquecer que é técnico do Grêmio.
Se ele é grato a Abel por alguma coisa – talvez pela solidariedade recebida de Abel após os 7 a 1 na Copa – que se manifeste de maneira mais contida, não tão esfuziantelo, tão apaixonada. E outra: poderia ter telefonado para a Abel e aí sim se derramado em elogios.
Agora, aproveitar uma entrevista coletiva e fazer esse tipo de declaração logo após uma atuação horrível do time titular contra os reservas do Flamengo, é muita falta de sensibilidade, de respeito até ao torcedor do Grêmio.
Fico imaginando se fosse o Luxemburgo ou o Enderson Moreira fazendo esse tipo de coisa.
Felipão tem muito crédito com a torcida, mas esse crédito diminuiu nos últimos jogos e caiu ainda mais depois de uma declaração que, de certa forma, praticamente comemora a conquista de vaga direta do Inter.
Felipão pecou pelo excesso verborrágico e pelo momento inadequado, ou seja, após um empate melancólico, resultado que tem responsabilidade direita do técnico tricolor.
Desnecessária também a confirmação de que em algum momento pensou em convocar o goleiro Alison, então segundo reserva do Inter, ignorando Marcelo Grohe, goleiro do ‘seu’ Grêmio e numa forma esplendorosa.
O JOGO
Sobre o jogo. Felipão jamais poderia começar o jogo com três volantes, sendo que nenhum deles saber armar. Imaginei que Felipe Bastos estivesse lesionado, não sabia que ele havia ficado no banco. Até poderia ser com três volantes, desde que um deles fosse Felipe. Nunca Wallace, Matheus Biteco e Ramiro. Defensivo e tosco demais.
Então, o que se viu foi um Flamengo superior no primeiro tempo, chegando com perigo, enquanto o Grêmio escancarava falta de qualidade para criar jogadas de ataque. Foi difícil escolher qual o pior do trio ofensivo: Luan, Dudu ou Barcos. Os três volantes estavam desorientados. Apenas a defesa se mantinha eficiente.
O Flamengo abriu o placar contando com a sorte. Um chute de fora da área e o desvio em Bressan, deslocando Grohe. No segundo tempo, Felipão corrigiu sua mancada. Sacou Matheus e colocou Éverton. O time ficou mais agressivo. Dudu e Luan começaram a render mais. Barcos continuou destoando.
Aos 10min, Dudu lançou Barcos, que foi derrubado pelo goleiro fora da área. César foi expulso. Luan cobrou a falta com perfeição e empatou. Com um a mais, o Grêmio assumiu o controle do jogo, mas só levou algum perigo em chutes de fora da área.
O melhor deles foi de Felipe Bastos, que havia entrado no lugar de Wallace. Felipe acertou a trave direita. Então, no último jogo da temporada começou a justificar sua fama de bom chutador, algo que não havia conseguido em todo esse tempo.
Luan, após o gol, cresceu muito de produção, armando e organizando. O problema é que Barcos estava fazendo uma de suas piores partidas.
Cada vez que ele tocava ou tentava tocar na bola, eu pensava, feliz: estou vendo os últimos minutos de Barcos com a camisa do Grêmio.
E isso me conformava. Foi assim que saí da Arena, conformado.
Até ouvir a entrevista de Felipão…
Seguida de um telefonema de alguém muito irritado com tudo o que Felipão havia falado: o RW.
INTER
Os deuses do futebol estão olhando pelo Inter há alguns jogos, desde o São Paulo para ser mais preciso, com aquele gol em impedimento. Depois um erro de arbitragem a favor do Inter ainda mais clamoroso, contra o Atlético Mineiro, seguido um gol milagroso no último segundo. E por aí vai.
Sábado, o juiz teria exagerado nos acréscimos – não vi o jogo porque não tinha dúvidas de que o Inter venceria. O fato é que com gol aos 50min foi mesmo uma vitória heróica contra o Figueirense, que lutou como nunca e morreu como sempre.
Esse é o futebol que tem quatro clubes na série A, enquanto o futebol baiano, com seus torcedores sempre apaixonados. não terá nenhum representante na divisão principal do futebol brasileiro. Uma pena.
ACRÉSCIMOS
Há alguns anos, teve um jogo contra o Caxias em que o juiz Márcio Chagas deu meia dúzia de minutos de acréscimo – em função de cera técnica exagerada dos caxienses – e o Grêmio ganhou o jogo.
A mídia caiu de pau no Márcio,e isso durou muito tempo. Ele ficou marcado.
Até agora não ouvi nem li nenhuma crítica dessa mesma crônica esportiva. Será porque agora beneficiou o Inter?