O guri daltônico e o fundo do poço

Nesses poucos dias de folga que tirei para fugir do carnaval e dos problemas do cotidiano pouco acessei a internet.

Nem tanto pela minha vontade, mas principalmente porque não é fácil conseguir conexão aqui onde estou e também porque destesto escrever no teclado pequeno do lépitópi.

É bom fugir da realidade de vez em quando. O problema é que a realidade sempre nos alcança.

Foi assim quando inventei de abrir um site de notícias, antes não o tivesse feito. A manchete era a morte de Carlos Urbim.

Grande jornalista, escritor renomado de livros infantis, ex-patrono da Feira do Livro, um colega de longo tempo na rádio da Universidade. Um amigo.

Ficávamos longo tempo sem nos ver, mas nos últimos dias nos esbarramos umas quatro vezes, no supermercado ou no restaurante a quilo da nossa zona.

Conversávamos rapidamente. Na semana passada, em nosso último encontro ele falou com orgulho dos dois filhos, um trabalhando na produção de filmes e outro no jornal O Globo.

Seus olhos brilhavam de emoção. Urbim era assim, todo emoção e amor ao próximo. Um cara com muita luz.

Enquanto ele falava lembrei-me de uma entrevista dele, 20 anos atrás, na qual ele dizia que seu maior sonho era viver até ver seus filhos formados, encaminhados na vida.

O sonho dele era também o meu, o sonho de todos os pais.

Urbim desencarnou aos 67 anos. Não tenho nenhuma dúvida que partiu tranquilo, com a certeza do dever cumprido.

Paz, ‘guri daltônico’.

FUNDO DO POÇO

A segunda vez que abri um site de notícias foi no final da tarde deste sábado. A realidade desabou sobre minha cabeça já sem os cabelos de outros tempos.

O Grêmio se esmerou, se esforçou, caprichou tanto que conseguiu perder de novo dentro de sua casa, a Arena monumental, agora para um time do tamanho do Veranópolis é vergonhoso demais.

Não tem desculpa. Ainda mais que o time pouco fez para conseguir algo melhor que essa derrota por 1 a 0.

Eu sei que o clube vive talvez a maior crise financeira de sua história, e garanto que a situação está feia, mais feia que o temporal que caiu aqui no litoral catarinense ontem à noite.

Agora, algo precisa ser feito.

Pela lei das probabilidades, dois ou três desses guris que estão sendo lançados darão uma resposta satisfatória. A maior parte vai direto do junior para o veterano. Sempre foi assim, e não vai mudar só porque o Grêmio quer.

Então, a solução é investir em dois ou três jogadores de bom nível e preço razoável. O diretor de futebol está lá para descobrir onde estão esses jogadores. Um camisa 9 de respeito é fundamental.

O fundo do poço é logo ali.