Grenalizando reforços e o gremismo de Felipão

Levei um susto quando li a manchete: Gre-Nal por Lisandro López.

Está aí um jogo jogado, pensei. Mesmo que o Grêmio tivesse manifestado interesse nesse argentino – não há no texto nenhuma declaração tricolor nesse sentido -, a vitória no ‘clássico’ seria do Inter, o novo milionário do futebol brasileiro. Nenhum clube no país gastou tanto com jogadores como o Inter neste início de temporada. Seria a disputa do suposto primo rico com o comprovado primo pobre.

A manchete estrondosa da manhã virou jornal de ontem já por volta do meio-dia, quando o Inter confirmou a vinda do atacante que estava no Catar. Pronto, só falta o jornal noticiar agora que Inter venceu o primeiro Gre-Nal do ano.

Não duvido que a manchete sobre o ‘Gre-Nal por Lisandro’ tenha contribuído para o negócio, fazendo a alegria do empresário Gustavo Arribas, citado na reportagem.

Sei pouco sobre esse jogador. Sei que nunca vestiu a camisa da seleção argentina, o que é um mau sinal. Ele tem 1m74. Atacante com essa altura deve ser aquele tipo de joga pelos lados do campo, ou pelas ‘beiradas’ como ensina o professor Carvalho em sua escolinha. Se preferirem, pode ser também um atacante que atua pelas franjas do gramado. Goleador baixinho dentro da área só mesmo um Romário.

Pelo que pesquisei rapidamente, Lisandro López não é grande coisa. Não percebo colorados entusiasmados. Mas vejo gremistas festejando a ‘derrota’ nesse Gre-Nal.

Por enquanto, feliz mesmo só o empresário do negócio.

FELIPÃO

Escrevi no post anterior que acredito em Felipão. Reforço: acredito no profissional. Sei que trabalha sério, ou seja, não faz o jogo de empresários e procuradores.

Fora isso, tem sido parceiro da direção nesse processo de depuração do clube.

Hoje, coloco a honestidade até acima da competência. Não suporto treinador que escala, contrata ou afasta jogador sem a devida transparência, deixando suspeitas no ar.

Acredito em Felipão também porque poucos profissionais poderiam levar adiante um projeto como esse do Grêmio.

Poucos aceitariam o risco (grande) de fracassar numa política radical de contenção de custos tendo ainda a obrigação de buscar títulos, porque o torcedor gremistas não aguenta mais sonhar e perder.

Acredito em Felipão também porque não o considero ultrapassado. Aliás, nem sei bem o que é ser ultrapassado e atualizado no futebol.

Não consigo ver losangos invertidos, esquema diamante, assim como não consigo perceber nos vinhos ‘traços de ameixa silvestre da Patagônia com notas de chocolate belga com um leve toque de café jamaicano’.

Pura limitação ou ignorância minha, imagino. Invejo aqueles que têm o dom de constatar essas coisas, despejando teses que os fatos logo adiante tratam de desmoralizar.

Acredito, isto sim, em técnico motivado, experiente e capaz de tirar o máximo de seus jogadores, aproveitando suas potencialidades e suas melhores qualidades. E a partir daí definindo esquemas e estratégias.

Então, fico pensando no Felipão. E quanto mais eu penso, mais confio nele.

Afinal, como não acreditar e respeitar um sujeito que encarou esse desafio meses após ver seu prestígio desabar na Copa do Mundo?

Acredito no Felipão por sua história, suas conquistas, sua competência, sua seriedade e, por que não?, por seu gremismo.

Só um cara muito gremistas entraria nessa.