A paz de Felipão e o drama de Aguirre

Enquanto Diego Aguirre segue sendo massacrado – e este é o adjetivo mais adequado – por setores da imprensa, insuflados por dirigentes e ex-dirigentes, inclusive um com suposta ligação direta com Deus -, Felipão vive um momento de paz. E a paz, como se sabe, é inspiradora.

Foi um Felipão inspirado que encontrou a maneira de furar o bloqueio armado pelo São Paulo, que, conforme admitiu um jogador, jogava por uma bola, que nunca veio. Já o Grêmio tinha muitas bolas jogadas sobre a área adversária, mas, como em tantas outras vezes, o ataque tinha dificuldade para encaminhá-la ao endereço certo: a rede.

Uma ou outra vez por erro do bandeirinha, mais um que na dúvida marca contra o Grêmio, mas na maioria das vezes por causa do goleiro e outras por falta de perícia nas conclusões e erro no penúltimo passe.

A melhor chance foi desperdiçada por Braian Rodriguez, que aos 40 minutos invadiu a área, livre, e chutou sobre o goleiro, que teve o mérito de ter fechado bem o ângulo.

A inspiração do técnico gremista para alterar o panorama, que prometia um segundo tempo com ainda mais dificuldade em função do nervosismo de quem precisava cristalizar a superioridade no placar e também diante de um time que se fecharia ainda mais, foi escalar um atacante de movimentação em lugar do centroavante – até para preservá-lo para o jogo pela Copa do Brasil, quarta-feira.

Pois Éverton entrou e causou um estrago no sistema defensivo do SP. Depois de três bons lances, Éverton cruzou para Luan na área. O lateral-esquerdo ficou olhando e Luan se antecipou, subindo como se fosse um Jardel, e cabeceando com precisão para fazer 1 a 0, revelando outra habilidade.

A partir daí, tudo ficou mais fácil. Na sequência, Giuliano, grande destaque do time nos últimos jogos, lançou Luan, que dominou, deixou o goleiro sentado, e com a tranquilidade que caracteriza os craques, e a frieza, marca registrada dos matadores, fez o segundo gol.

Luan, que alterna momentos ruins e geniais no mesmo jogo várias vezes, é, como cansei de escrever, o maior projeto de craque que existe no clube hoje. Enfatizo o ‘hoje’ porque vem outro logo atrás, o Lincoln.

Sem contar os jovens que prometem muito, como Éverton, Wallace, Junior e Pedro Rocha. Sem contar o Raul, jovem lateral-direito que em breve, na hora certa, receberá uma oportunidade e talvez nem saia mais do time.

Felipão está encorpando o time. Um mês atrás, era tudo meio assustador. Até que houve um ‘choque de gestão’, causado basicamente por declarações de Felipão após uma série de atuações precárias, e aí vieram reforços como Maicon, ótimo jogador, Braian, centroavante de carteirinha, e Cristian, que impressionou positivamente na estreia.

Mas se Felipão tem o reconhecimento da torcida – pelo menos a maior parte dela – e da imprensa, seu colega Diego Aguirre, que disputa pau a pau a liderança do Gauchão e vem de cinco jogos seguidos com vitória, trabalha sob fogo cruzado.

Um tiroteio sem trégua que todos sabem ter apenas um objetivo: jogar mais uma Libertadores no colo daquele que sequer preciso dizer o nome, até para não atrair maus fluidos.

UM MILHÃo

Agradeço mais uma vez a todos que se manifestaram a respeito da marca de um milhão de acessos. Realmente, fico sensibilizado com tanto carinho.

Obrigado a todos. E vamos em frente.

A Arena dói

A Arena continua sendo a pauta favorita da imprensa Abaixo do Mampituba. Não passa um dia em que não surja uma ‘novidade’ sobre Arena/OAS/Grêmio.

Não importa que as notícias sejam contraditórias. A manchete de um dia não dura 24 horas. É especulação em cima de especulação.

A desta sexta-feira, em ZH/clicrbs, não há sincronia entre o que escancara a manchete e o que diz o texto. O título afirma que a Arena fica de fora da recuperação judicial e que isso facilita o negócio com o Grêmio.

Já a primeira linha do texto diz que a Arena ‘deverá’ ficar de fora. Fica a porta aberta para outro recuo, outra especulação.

Tanta preocupação com a Arena é comovente. O fato é que qualquer notícia a respeito é prematura e corre o risco de ser desmentida e atropelada pelos fatos.

E se daqui a pouco a OAS coloca a Arena na tal recuperação judicial? Ou se acontece a decretação de falência da empreiteira?

Eu gostaria mesmo é de ver tanta dedicação também em relação a Andrade Gutierrez e o Inter. Uma abordagem investigativa sobre o ‘melhor-contrato-do-mundo’ firmado para reforma do Beira-Rio poderia apontar aspectos muito  interessantes. É só um palpite.

Teríamos ao menos um pouco de equilíbrio na ‘editoria’ de estádios de futebol.

Enquanto isso, a Arena do Grêmio segue recebendo os melhores públicos a cada jogo do Gauchão, mesmo nos horários tapa-buraco da TV ou tarde da noite.

Nunca no horário nobre de um domingo, 16h.

Vai chegar o dia em que ninguém mais falar em OAS. Todo esse rolo estará superado.

E talvez antes disso – eu sou otimista – a Federação Gaúcha e a CBF marquem algum jogo no domingo à tarde.

O fato é que a Arena do Grêmio é linda, majestosa, e a gente sabe que isso provoca muita inveja, muito olho-grande.

Haja galho de arruda…

Realmente, para algumas pessoas, a Arena dói.

UM MILHÃO

Ontem eu percebi que o boteco se aproximava de um milhão de acessos. Fiquei monitorando. Quando vi, às 15h30, já havia passado do um milhão.

Tudo bem que 900 mil sejam meus acessos, da minha mãe, meus filhos, minha tia colorada…

E outros 90 mil sejam do Francisco Coelho, patrono da casa.

Restam 10 mil, entre eles alguns que já considero como amigos, embora boa parte deles não conheça pessoalmente.

Realmente, esse é um canal de comunicação impressionante. Abri o boteco faz uns 4 ou 5 anos. Sem maiores pretensões. Meu negócio era colocar pra fora meu pensamento.

Quando me dei conta vi que havia gente interessada em ler o que eu escrevo. O hobby virou um compromisso.

Um milhão é só um número, mas por trás dele há muita gente, gente amiga. Bem, rumo aos 2 milhões. Mas sem pressa.

Obrigado a todos.

Os anos 70 e o início de novos tempos

Vencer o Novo Hamburgo fora nunca foi fácil. Sempre que penso no Novo Hamburgo não posso deixar de lembrar um dos raros jogos em que acompanhei o time na condição de sócio do clube, meados dos anos 70.

Se vocês acham que o Grêmio está vivendo seu pior ciclo é porque não viveram nos anos 70, os anos de chumbo. Sou um sobrevivente.

Era um domingo gelado. Leio as colunas do David Coimbra, de Boston, falando sobre a neve, e penso naquele domingo em Novo Hamburgo. Não, não havia neve, mas soprava um vento de congelar pinguim. E olha que eu estava bem agasalhado. Eu e meu amigo Ricardo Marmitt, que de vez em quando dá uns pitacos aqui. Tínhamos ido em excursão.

Pior que o frio era o futebol que o Grêmio jogava naqueles anos dominados pelo Inter. Mas hoje eu só me lembro do frio de congelar saliva.

E dos chutes do Torino de fora da área. Todos os chutes passando longe, muito longe da goleira. É o que me lembro desse jogo. Do frio tenebroso e dos chutes de Torino. Ah, o Grêmio perdeu o jogo por 1 a 0, se não me engano gol de Chameguinha, ou Xameguinha.

A derrota e o grito absurdo foram combustíveis para a torcida pedir a cabeça do técnico, Oto Glória, que treinou o Benfica e a seleção portuguesa no tempo do Eusébio. Decidimos ir até o Olímpico esperar o desembarque da delegação para manifestar nossa revolta e ofender o velho Oto, que na verdade não tinha culpa. Era a droga daquela década a culpada, mas a gente não sabia. A gente queria a cabeça do técnico. Ficamos um bom tempo no pátio do Olímpico.

Até que alguém informou que Oto Glória tinha ficado no aeroporto Salgado Filho. Já não era mais técnico do Grêmio.

Lembro de tudo para manifestar minha convicção de que o Grêmio atual, armado peça por peça por Felipão, me lembra aquele montado por Telê Santana, sob o comando de Hélio Dourado, presidente, e Nelson Olmedo, vice de futebol.

O Grêmio de agora, como em 77, está vivendo o alvorecer de um novo ciclo. O Grêmio naquele momento montou um time com critério e sabedoria, sem grandes gastos, um time barato e competitivo.

É no que acredito depois de ver o bom futebol do time na vitória por 1 a 0 sobre o Nóia, que bateu até na sombra sob a indiferença da arbitragem. Uma vitória que poderia ser mais tranquila se os gols legítimos de Braian Rodriguez (meu Deus, um centroavante de verdade!) tivessem sido anulados.

Como é bom ver um trabalho sério e criterioso atingir resultados positivos. Foi assim em 1977, está sendo assim agora.

Novos tempos!

AVENIDA

O Inter, a imprensa e a torcida colorada. Todos acreditavam que seria goleada sobre o meu Avenida. A gente pode estar caindo, tudo certo, mas a dupla sempre sofre para vencer o Avenida. Ontem, o time titular do Inter penou para vencer por 1 a 0.

A batata do Diego Aguirre está assando.

Felipão troca experiências pela repetição

Depois de fazer todo tipo de experiência na tentativa de encontrar a melhor formação, o técnico Felipão segue a cartilha básica: repetição. É o que o mestre Enio Andrade ensinava.

Com a chegada de Maicon e os ‘irmãos’ Rodriguez, Braian e Cristian, o time encorpou, ganhou qualidade e experiência. Os três deram boa resposta e ajudaram Felipão a bater o martelo em termos de estrutura de equipe.

Quatro jogadores de defesa, dois volantes, três meias e um atacante de referência. É claro que há variações, mas em síntese é por aí. Alguém pode entender que é um 4-4-2, que na verdade são dois atacantes, um deles disfarçado de meia. Este, hoje, seria Luan. Pode ser.

Eu penso que o esquema vira um 4-4-2 quando entra Mamute no lugar de Luan, ou Cristian, titular da posição e que se encontra em recuperação.

Esse esquema do Felipão pode ter, como aconteceu domingo contra o Lajeadense, no segundo tempo, três volantes, mas  aí com Maicon se projetando com sua técnica exuberante para fazer articulação ofensiva.

É importante frisar ainda que Ramiro, titular do momento, aparece com facilidade na frente, assim como Maicon, claro.

Então, Felipão está armando uma equipe com boa estrutura defensiva e com alternativas para um ataque em bloco. E isso só é possível porque hoje Felipão tem qualidade, experiência e juventude à sua disposição.

Tendo as peças adequadas, Felipão não demorou para colocar o em campo sua estrutura básica de equipe. Estava tão ansioso, em com razão porque o time despencava, que escalou os três citados o mais rápido possível, o que até custou a lesão de Cristian Cebola. A verdade é que Felipão tem um time titular e ótimas alternativas, como Lincoln e Wallace, que em breve voltam ao clube.

Se Felipão tem/teve pressa em arrumar a casa, seu colega Diego Aguirre ainda está na fase das experiências. E isso tem lhe custado duras críticas. Os colorados dos meios de comunicação, torcedores e dirigentes estão preocupados. A maioria quer a substituição imediata do treinador.

Aguirre deveria seguir a cartilha e passar imediatamente da fase de experiências para a fase da repetição.

Se ele insistir nos testes, alguns um tanto absurdos, não resistirá.

Até porque Celso Roth está nas proximidades, inclusive ajoelhando e rezando ao lado do guru vermelho, Fernando Carvalho, que não esconde sua insatisfação  com o técnico uruguaio.

Uma insatisfação que só pode ter aumentado depois que Aguirre admitiu que pode armar o time de acordo com o adversário, desprezando a boa e saudável repetição.

Felipão está moldando um time competitivo

O Grêmio começa a ter um time titular. Ainda faltam alguns ajustes, mas depois da vitória por 2 a 0 sobre o Lajeadense e de sete jogos sem derrota, é correto concluir que Felipão está armando um time realmente competitivo.

A base da equipe está definida. Até quatro semanas atrás, eu só via três titulares: Marcelo Grohe, Geromel ou Erazo, e Rodolpho. Depois, um bando de promessas, jovens promissores, e jogadores medianos.

Marcelo Oliveira elegi como meu quarto titular. Hoje, ele abusou. Mesmo ocupando o lugar que alguns consideram de Júnior, ele mostrou que a posição no momento é dele. Participou ativa e decisivamente dos dois gols. Nada impede que Júnior com o passar dos jogos conquiste a posição.

Na lateral-direita, Matias Rodriguez está mostrando que pode ser o titular, e um titular convincente, confiável. Assim, temos a defesa completa. Aliás, a menos vazada do Gauchão.

No meio de campo, Ramiro, com seu jeito vibrante, participativo, humilde, bom no combate e eficiente nos passes, se encaminha para ser titular. Talvez Wallace, superior tecnicamente, acabe conquistando o lugar. No momento, Ramiro.

A segunda posição do meio de campo é de Maicon. Eu que questionei o investimento em mais um volante, admito que há volantes e volantes. Maicon é de uma classe superior. Titularíssimo.

Sobre Giuliano, a dizer apenas que ele foi fundamental nos três últimos jogos. Grandes atuações. É um meia que marca, articula, dribla e invade a área na hora certa, concluindo normalmente com precisão, como fez neste domingo.

Na frente, Braian Rodriguez faz o simples e está sempre presente na área. Não tem maiores pretensões, como um certo barco que hoje navega na China. Braian sofreu um pênalti – foi falta fora da área -, deu o toque para Giuliano fazer 1 a 0 e no segundo gol venceu pelo alto no meio de campo e cabeceou para Giuliano armar a jogada e concluir. Tudo com simplicidade.

Restam Douglas e Luan. Ambos ainda sob avaliação. A médio prazo imagino Douglas na reserva. Penso que há lugar para Lincoln nesse time. Além disso, Maicon já mostrou que também pode jogar como meia de articulação.

No jogo de hoje, Felipão foi sábio ao manter Luan quase até o fim, mesmo cansado e errando demais. Preservou o guri e o manteve em campo até como castigo pra ‘aprender a ser homem’. Felipão sabe o que faz.

Bem, o Grêmio já tem 9 titulares, além de boas opções em algumas posições.

INTER

Na 12ª rodada o Gauchão tem Grêmio líder com 23 pontos, seguido pelo Inter com 22. O Inter com um jogo a menos. O Ypiranga do Paulo Baier é terceiro com 20, também um jogo a menos.

Em Veranópolis, o time reserva colorado bateu o Veranópolis por 1 a 0. Jogo ruim de doer. Foi 1 a 0, gol de Taiberson pé-quente. Ele entra e normalmente faz o seu gol.

O técnico Diego Aguirre parece disposto a manter reservas no Gauchão, mesmo sem jogo pela Libertadores tão cedo.

É o planejamento, segundo ele. Vamos ver se esse planejamento resiste a uma derrota.

Aguirre: fritura em pouco azeite

O amável e atencioso Diego Aguirre está sendo frito em pouco azeite.

Pelas chamas que percebo sob a frigideira, o processo de fritura não vai demorar muito para chegar ao fim. Pode ser nas próximas horas ou dias.

Ao desembarcar no Salgado Filho, no retorno do Equador, ele pegou o primeiro táxi, ao lado do volante Nico, e se mandou. Sem olhar para atrás.

Se tivesse ficado mais um pouco, teria ouvido outra corneta do Vitória Píffero, insatisfeito com o rendimento do time. O dirigente, que começou a temporada corneteando sua própria contratação logo nos primeiros jogos, disse que vários jogadores foram mal, estiveram aquém do que podem produzir.

Sabem o que isso significa? Ora, quando um ou outro jogador vai mal, tudo bem, é normal. Agora, quando vários vão mal é porque algo falhou no esquema, esquema este armado, projetado e idealizado por Diego Aguirre.

Dirigentes como Píffero e analistas preocupados com o futuro do Inter na Libertadores desprezam em suas análises que Aguirre não contou com o maestro do time, o idolatrado D’Alessandro. Sem falar no Nilmar, que parece ter recuperado sua condição técnica. E que, diante disso, tratou de garantir o empate a qualquer custo. Não, esse pessoal que vê o Inter com um supertime, queria um time mais corajoso, atrevido, principalmente depois de ficar com um jogador a mais.

Também acho que Aguirre poderia deixar o time mais ofensivo e buscar a vitória, mas e se ele, por conta desse ‘atrevimento’, levasse um gol e perdesse o jogo. O que estariam dizendo agora esses analistas-que-tudo-sabem e o fanfarrão dirigente colorado? Imaginem, se com um amontoado de gente para defender, o Inter, com um jogador a mais, se transformou numa peneira, como seria se ficasse mais ofensivo?

Aguirre atingiu seu objetivo. Empatou o jogo e assegurou vaga na próxima fase da Libertadores.

O problema dele é que perdeu a confiança dos críticos identificados com a cor vermelha, sem contar dirigentes, assessores e boa parte da torcida. Não sei, ainda, se Aguirre está bem com todos os jogadores, porque Alex fez cara feia quando foi substituído.

É preciso considerar, a favor dos corneteiros, que o Inter teve uma mãozinha do juiz argentino.

No lance da expulsão, o mais justo e o que recomenda a cartilha, é que em troca de safanões a punição deve ser igual para os envolvidos. Rever deveria ter saído também. Foi expulso só o jogador do Emelec. Ali, o juiz começou a asfaltar o caminho para o Inter, que perdia o jogo.

O erro humano pode ter dado uma sobrevida a Aguirre, mas o azeite continua quente.

CHICO COLORADO

Ficou mal para Francisco Neto, que atende também por Chico Colorado.

Se ele não tivesse relatado a ‘ofensa’ proferida por Felipão, perderia os holofotes, mas se manteria na posição discreta que convém a um árbitro de futebol.

Ao registrar na súmula que foi chamado por seu apelido, Francisco ganhou projeção nacional. Não como árbitro, como ele gostaria. Ou qualquer outro em seu lugar.

No jogo seguinte, em Pelotas, onde deu um pênalti pra lá de discutível a favor do Inter – a mídia Acima do Mampituba não viu pênalti, diferente da mídia localizada abaixo do Mampituba -, Francisco Neto foi chamado várias vezes de ‘Chico Colorado’.

Curioso, não registrou a ‘ofensa’ na súmula, pelo que soube.

Será que Francisco Neto foi movido por um espírito rancoroso e vingativo ao ver diante de si o treinador que tanta dor e sofrimento infligiu aos colorados nos anos 90?

Não, claro que não, seria pequeno demais. Mas quem sabe o que se passa na cabeça de um homem provido de autoridade?

A impressão que tenho é que ele abreviou o final de carreira como juiz de futebol, uma trajetória discreta, que ficará marcada por esse episódio que beira ao folclórico.

Ah, acordo do Grêmio com o tribunal resultou em 15 cestas básicas e o caso sequer foi a julgamento. Ficou claro, portanto, que ser chamado de ‘colorado’ em qualquer situação não é ofensa, ao menos para quem não é gremista.

Baideck e Hein no encontro da corneta e do boteco

Memorável a noite de ontem, quando corneteiros e botequeiros se encontraram no Bar do Beto para falar sobre futebol e jogar conversa fora.

Para não desafiar os astros, ninguém tocou no nome de São Portaluppi, e também não se falou sobre política, corrupção, etc.

Por isso, o encontro transcorreu tranquilo, com quitutes, cervejas, refris e os tais chopes cremosos do David.

Logo no começo das atividades chegou o Nestor Hein, que, entre outras coisas, contou detalhes do seu julgamento no famigerado tribunal esportivo do Rio. Primeiro, que os auditores ficaram surpresos, porque não esperavam que o dirigente gremista tivesse a ousadia de aparecer. Eles não conhecem o Nestor, que disse outras verdades na lata deles antes de ser condenado. Mas com pena inferior a que estava prevista.

Nestor adiantou pontos de sua estratégia para defender Felipão no caso “Chico Colorado”. Se ele fizer metade do que falou, será um julgamento imperdível.

A imprensa gaúcha também entrou na pauta. Não de maneira lisonjeira, como vocês podem imaginar.

Lá pelas chegou o Baideck. O Nestor já havia saído, feliz por encontrar cornetas solidárias.

Bem, o Baideck, grande zagueiro campeão do mundo, hoje um bem-sucedido empresário, mostrou-se simpático e humilde. Transmitiu a impressão de que fazia parte do grupo desde sempre.

Falou com naturalidade e espontaneidade sobre vários assuntos, alguns picantes, tão perturbadores que não podem ser registrados no papel, nem gravados, claro.

Em determinado momento, Baideck fez um relato de sua trajetória, desde o início, aos 16 anos, em Erechim. Uma história de luta e de perseverança. Contou dos jogos em que atuou lesionado, no sacrifício, por amor ao Grêmio. Sim, falou de um tempo em que os jogadores profissionais tinham apreço, gratidão, respeito e carinho pela camisa que vestiam.

Percebi emoção na voz de Baideck e nos olhos de corneteiros e botequeiros em determinados momentos.

Afinal, estávamos diante de um profissional que trabalhou, como atleta, com alguns dos principais nomes da era moderna do futebol: Ênio Andrade, Telê Santana, Rubens Minelli, Espinosa, Felipão, e talvez mais algum que não me lembro agora.

Sim, falou também de sua relação como empresário com o famoso Mourinho. Explicou por que os técnicos brasileiros fracassaram na Europa. Em síntese, questão de metodologias ultrapassadas, como treinamentos coletivos, lá ignorados.

Mostrou-se impressionado com o uso massivo do vocábulo ‘volante’ nos programas esportivos. “No futebol europeu se usa médio defensivo, médio armador e médio ofensivo”, foi mais ou menos isso que falou Baidek.

Por fim, ele revelou-se confiante no trabalho que está sendo feito pela diretoria do Grêmio. Elogiou muito Cristian Rodriguez.

Lá pelas tantas, falou-se em D’Alessandro. Baideck o elogiou, diz que conversa com o argentino, que é gente bola e coisa e tal, mas…

“Comigo o furo seria mais embaixo”, comentou o ídolo gremista, abrindo um sorriso ao sinalizar como marcaria o meia colorado.

A primeira imagem que me ocorreu foi a do argentino jogado no alambrado de um campo embarrado do interior, olhos esbugalhados, pedindo clemência.

Enfim, uma grande noite. Quem foi, foi…

‘TRAIRAGEM’

Soube por uminformante, que fui corneteado depois que fui embora. O que é natural numa mesa de corneteiros. É que lá pelas tantas perguntei ao Baideck sobre onde anda um determinado jogador do final dos anos 70, início dos 80. Baideck respondeu: ele virou o fio. Eu entendi na hora, mas de tão perplexo insisti: “Como assim, virou o fio?”. Eu não acreditava que o jogador havia virado gay. Baideck foi mais didático e até usou uma expressão portuguesa para homossexual: “Virou paneleiro”.

Diante disso, o pessoal pegou no meu pé porque eu deveria ter entendido logo do que se tratava. É que realmente foi uma surpresa grande demais saber que esse jogar havia ‘virado o fio’.

Na próxima vez serei o último a ir embora… rsrsrs

LEGENDA DA FOTO:

Em pé, à esquerda do Baideck: RW, Renato, Ricardo A. e Adriano

à direita do Baideck: Ilgo, Andre e Bruno
Participaram também do encontro:
Walter Borba, Jorge Flain, Antonio Borba e João de Almeida Neto, que só deu uma passada.

Família Rodriguez e o gatinho manhoso

Vesti a camisa tricolor, a nova, que ganhei de presente. Convidei a titular, que de pronto aceitou, até porque ela ainda não havia visto o Grêmio na Arena. Era 17h40 quando saí de casa – cheguei em cima do laço -, trocando o conforto do jogo da TV pelo jogo ao vivo, algo que raramente faço. Primeiro, por comodismo; segundo, porque faz tempo que não acho que valha a pena pagar para sofrer com o futebol irritante do time. Mas havia três motivos para ir ao jogo: as estreias de Maicon e Cristian, e a curiosidade de conferir Braian na Arena.

Pra começar, gostei da família Rodriguez. Os três foram bem. Mathias está se afirmando como titular.

De quem gostei mesmo foi do Cristian Rodriguez. É de outra turma. Praticamente sem treinar, mal conhecendo os companheiros, Cristian mostrou que é diferenciado. Tem drible, força, garra, interesse, bom de passe e de tabela. Uma grande contratação. Valeu a pena sair de casa para ver a estreia desse uruguaio.

Já o Braian ficou com área de atuação mais restrita. Como o time já contava com muita gente armando e vindo de trás, Braian ficou ali entre os zagueiros do Cruzeiro, aliás, ótimos jogadores, mas não falam espanhol. Teve alguns bons momentos e por pouco não marcou gol de cabeça no primeiro tempo. No gol, resultado de jogada de craque do Giuliano, que estreou no jogo passado na verdade, Braian teve dois méritos: estar ali para concluir e não errar o chute para a rede.

Gol que qualquer um faria. Certo? Errado. Barcos, por exemplo, não faria porque simplesmente ele estaria armando a jogada ou esperando um rebote fora da área.

Tem ainda o Maicon. Jogador muito interessante. Boa saída de bola de trás, imposição física e muita vontade de jogar. Acho que será titular.

Por fim, entraram muito bem o Luan e o Éverton. E também o Ramiro. Luan, reafirmo, é o maior projeto de craque do clube no momento.

Douglas não pode ser titular. Ele faz o time jogar ao seu ritmo, o de que muito toquezinho pra cá e pra lá. O time ganhou em objetividade sem ele.

A respeito do jogo: o Grêmio foi sempre superior. O Cruzeiro até ameaçou no primeiro tempo e num contra-ataque no segundo. E só. Agora, é um time muito bem organizado, com um sistema defensivo excelente. Gostei muito da dupla de área.

Foi um vitória excelente. Poderia ser por 2 a 0, mas Luan errou o pênalti sofrido por Braian,  um centroavante de carteirinha.

OUTRO PÊNALTI

Antes do jogo em Pelotas previ que o Inter teria um pênalti a seu favor aos 41 minutos. Sim, pênalti a favor do Inter é comum no Gauchão. Resta saber o tempo em que será marcado. Acertei mais ou menos: cravei  41 minutos, mas do segundo tempo.

O fato é que foi marcado outro pênalti para o Inter. O juiz Francisco Neto marcou falta sobre Valdívia, um lance discutível. Não vi o jogo porque estava participando da histórica passeata contra a corrupção. Mas vi os lances do jogo. Não sei se esse pênalti, sendo na área do Inter, seria assinalado. Valdívia meio que forçou a queda ao sentir a chegada de um defensor. Não que o juiz seja desonesto. Mas é inegável que os juizes do charmosão sempre são mais inclinados a beneficiar o Inter com erros humanos, comprovando que o Inter vive mesmo uma fase de muita sorte abaixo do Mampituba.

Já o Grêmio sofre mais com as arbitragens, é só olhar as estatísticas, inclusive uma trazida pelo Rodrigo Multicampeão e que está nos comentários deste post. Sábado, Marcelo Grohe levou amarelo por fazer cera técnica depois do gol. Antes, o goleiro do Cruzeiro e outros jogadores fizeram o mesmo e não foram punidos. Questão de sorte.

Por fim, o Brasil mereceu mesmo perder para os reservas do Inter. Contra o Grêmio, historicamente, o Brasil é um leão raivoso e faminto; contra o Inter, um gatinho dengoso.

PROVA

Mato a cobra e mostro o pau, no bom sentido. Eu na passeata histórica deste 15 de março. A “Maioria Silenciosa” cansou.

Se eu fosse paranóico

Se eu fosse paranóico pensaria que o árbitro Francisco Neto, que atende também por Chico Colorado, foi escalado para apitar jogos do Grêmio justamente porque mais cedo ou mais tarde, aconteceria esse explosão do técnico tricolor.

Se eu fosse paranóico, até imaginaria que no jogo em Erechim, ele atuou para minar o Grêmio, sacando do bolso com extrema agilidade cartões que, por outro lado, foram sonegados ao adversário. Esse tipo de arbitragem ‘um peso duas medidas’ é uma forma de abalar uma equipe. Assim como advertências verbais mais enérgicas e ameaçadoras para um lado somente.

Mas é claro que quando arbitragem assim acontece é  por ‘erro humano’, mesmo que beneficie apenas uma equipe, o que encaminha a situação para a categoria de ‘coincidências’.

Se eu fosse mesmo paranóico, mas muito paranóico, eu acreditaria que a presença do referido juiz no jogo do Inter contra o Brasil, em Pelotas, foi proposital para, de alguma forma, favorecer o time de Porto Alegre, que anda titubeante no Gauchão. Conheço uns amigos que fizeram buquimequi para saber a quantos minutos irá acontecer pênalti para o Inter. Chegam mais perto do tempo ganha. Um barbaridade esse tipo de coisa.

Como eu não sou paranóico, ou tão paranóico assim, avalio que o fato do sr Francisco Neto ir para o sorteio, vencido por ele, é apenas uma questão de absoluta falta de sensibilidade dos gestores da Federação.

A mesma insensibilidade – ou que nome possa ter isso – que faz a federação do Noveletto colocar esse árbitro em jogos do Grêmio.

ESTREIA

Sábado para ir à Arena. Tem Braian Rodriguez no ataque pela primeira vez na Arena. E, principalmente, a estreia de Cristian Rodriguez. Até Maicon pode entrar no decorrer do jogo.

Vale também pelo adversário, o Cruzeiro, líder do charmosão.

Quem for já verá um Grêmio mais próximo do ideal para o momento.

JULGAMENTO

Dizem que Felipão pode pegar meia dúzia de jogos por ter chamado o juiz por seu apelido, Chico Colorado.

Se valer o critério utilizado para punir Dunga, que acusou os auditores do tribunal de complô contra ele, e acabou pegando cestas básicas de punição, acho que Felipão vai sair do julgamento absolvido e ainda com uma cesta de ovos e coelhinhos de chocolate de presente de páscoa.

Grêmio e as boas notícias

As boas notícias são raras nesses tempos de mar de lama, foro privilegiado, impunidade, aumento galopante da inflação, estradas e ruas bloqueadas. Enfim, a lista de problemas e infortúnios é grande.Por isso, fico no futebol e me detenho no que vi de bom no Grêmio que bateu o Ipiranga em Erechim.

– o time confirmou que está evoluindo, apesar dos negativistas, pessimistas e anti-filiponistas. Vencer o Ypiranga fora sempre foi muito complicado, ainda mais agora com o perigoso Paulo Bayer e suas bolas paradas. O Grêmio soube controlar o adversário, criou boas situações de gol e, mesmo com um jogador a menos, se manteve seguro atrás.

– a confirmação de que Mathias Rodriguez é um bom marcador e que tem potencial para ser titular do time. Mérito de Felipão, que está transformando um jogador descartável em útil. Seu contrato vai até o meio do ano, mas pode ser prorrogado.

– a ‘estreia’ de Giuliano. Além de marcar o gol da vitória, Giuliano foi um jogador ativo, humilde, cumprindo funções múltiplas, como marcar, articular e entrar na área para concluir. Esse Giuliano é titular, ainda mais que só tende a crescer.

– Marcelo Hermes voltou a mostrar qualidades para continuar na equipe, titular ou revezando com Júnior. Hermes está mostrando que tem muito potencial. Levo muita fé nesse jogador. Outro acerto de Felipão.

– Marcelo Oliveira cada vez mais garantindo a titularidade.

– Luan, que meteu aquela bola milimétrica para Giuliano marcar o gol, só precisa ser mais dinâmico, mais presente. Deve entender que futebol se joga com mais doação, mais transpiração que inspiração.

– Mamute é outro que se consolida como um jogador importante, uma alternativa forte para o ataque.

– Braian Rodriguez. Estou surpreso. Agradavelmente surpreso. Eu esperava um centroavante daqueles que tropeçam na bola, que não sabem dar um passe e com pouca inteligência para jogar. Pois vi tudo ao contrário nessa estreia. Ele jogou pouco mais que 30 minutos, mas já posso dizer: “Habemus centroavante”. Se antes eu estava aliviado com a saída do Barcos, agora estou esfuziante.

– Felipão. Gostei da reação de Felipão ao cobrar a arbitragem e, depois, ao ser expulso, de chamar o árbitro pelo apelido Chico Colorado. Vi o comentarista Maurício Saraiva cobrando rigor para punir o técnico gremista. Não lembro, sinceramente, se ele foi tão duro quando Dunga atacou o tribunal de justiça desportiva do RS. Mas, como ele é um isento, deve ter sido muito duro contra Dunga, então técnico colorado. Ao menos quero crer nisso.

– César Pacheco. Excelente na crítica à arbitragem, que, se não foi decisiva, minou o time do Grêmio e distribuiu cartões com extrema facilidade. Lembro de um lance em que Hermes disputou a bola, que saiu e era lateral tricolor. O bandeira, em cima do lance, inverteu. Hermes foi pra cima e cobrou o erro. Mas foi tudo muito rápido. Mesmo assim, o juiz interpelou asperamente o jovem lateral gremista, que não se intimidou e seguiu jogando normalmente. São coisas assim que ajudam a desestabilizar uma equipe, beneficiando outra. Gostei também que César blindou Felipão.  Foi perfeito. Não mais aquele discurso sonolento do Rui Costa.

INTER

O que faz um resultado de vitória. Antes do jogo só ouvia críticas ao Diego Aguirre por variar muito de esquema e fazer testes em demasia. O que escrevi sobre as experiências de Felipão, vale para Aguirre. Se não fizer testes agora vai fazer quando?

Pois o esquema de 3 zagueiros deu relativamente certo. Mas os críticos de ontem são os ufanistas de hoje. Estes, agora já viram o time compactado, sem dar espaços ao adversário, etc.

Felizmente, o pessoal está destacando que o Aimoré não é o Emelec. Menos mal.