Se eu fosse chefão de um quadro de arbitragem e tivesse intenções nebulosas eu saberia como fazer para atingir determinado resultado. Ou seja, se eu quisesse que determinado time vencesse eu avaliaria bem a situação, porque é preciso agir sem levantar suspeita, estudar a melhor maneira.
Por exemplo, se eu quero que um jogo seja truncado porque isso favorece o ‘meu’ time, dou um jeito de escalar um árbitro que marca tudo que é falta. Se o objetivo é deixar o jogo correr, trato de articular para que o juiz seja um tipo Leandro Vuaden, que deixa o pau comer, como bem sabe o Mário Fernandes, uma vítima desse tipo de arbitragem.
Agora, se eu quero beneficiar o time da casa, time poderoso, que terá apoio maciço e quase hegemônico da torcida, procuro contar com um árbitro noviço, alguém ansioso para ascender na atividade/profissão. Não há garantia, mas a possibilidade de um árbitro assim ser sensível ao ambiente é muito grande.
É claro que há noviços e noviços. Por isso, preciso ter certeza de que o juiz a ser escalado não seja daqueles que gostam de desafiar o público e os poderosos, e que por isso dificilmente vão crescer, talvez nunca recebam o escudo Fifa.
Então, há que se escalar alguém com o perfil adequado ao objetivo. Não é viável ser explícito, chegar ao pé do ouvido do árbitro e insinuar que seria bom para o campeonato que determinado time vença e se classifique. Não é o certo, até porque pode ser um tiro no pé e o juiz atuar de forma oposta por ter recebido essa ‘sugestão’.
Dizem que no Turquestão esse tipo de coisa acontece até com alguma frequência. Mas não aqui no Rio Grande do Sul, terra politizada, esclarecida e honesta, quer dizer, nem tanto a julgar pelos últimos acontecimentos fora do âmbito esportivo.
Aqui, erros ocorrem no futebol, são apenas isso, erros sem intenção, erros humanos, mesmo que normalmente favoráveis a um só lado, fruto de um curiosa conjunção astrológica.
É o caso do Inter nos últimos regionais, em especial neste em que o clube foi favorecido com 9 pênaltis em 16 jogos. No Brasileirão do ano passado, só para comparar, foram apenas quatro pênaltis em 38 jogos. De certo, não havia a harmonia dos astros que existe agora nessa estranha região Abaixo Mampituba.
Não vi todos os jogos do Inter, por isso é admissível que todos os pênaltis tenham realmente existido. Mas não há registro de outro clube do Gauchão agraciado com tantos pênaltis.
Esse aspecto da competição chama tanto a atenção que o técnico do Cruzeiro chegou a dizer que temia a facilidade com que pênaltis são marcados a favor do Inter, já prevendo o que acabaria acontecendo no Beira-Rio nesta quarta-feira.
O Cruzeiro vencia por 2 a 0. Seu goleiro, Bruno Grassi, pegava tudo. As perspectivas não eram nada animadoras. O Inter se encaminhava para a eliminação. Crise feia à vista. Até o acontecer o primeiro ‘pênalti’, que D’Alessandro mandou pra fora. O noviço Diego Real viu um pênalti absolutamente inexistente. A bola sequer tinha direção do gol quando bateu no braço do zagueiro.
O analista de arbitragem de Zero Hora, Diori Vasconcelos, viu pênalti nesse lance e também no lance seguinte. Já seu colega de editoria, Diogo Olivier, escreveu que o juiz errou no primeiro e frisou que o segundo foi duvidoso. E, na dúvida, a favor do Inter, parece uma máxima avassaladora neste Gauchão. O técnico do heróico Cruzeiro, Luiz Zaluar, destacou essa situação intrigante após a eliminação nas penalidades.
A decisão só chegou aos pênaltis porque aos 31 minutos, o árbitro Diego Real, um noviço no quadro da FGF – 33 anos de idade -, viu outro pênalti inexistente. Marcou e ainda expulsou o zagueiro, deixando o Cruzeiro com dez em campo. Foi o começo da classificação colorada.
O Cruzeiro mostrou força e qualidade para vencer o Inter em pleno Beira-Rio, mas não resistiu aos erros (humanos) do sr. Diego Real, que, no momento, não figura entre os principais da federação presidida pelo torcedor do Inter, Chico Noveleto.
Intrigante, também, é que nos outros três jogos das quartas de final os árbitros são os de primeira linha. Gente habituada à pressão e que dificilmente se intimida a ponto de, na dúvida, favorecer o anfitrião, como é o caso do Grêmio nesta noite na Arena, que terá arbitragem do Fifa Anderson Daronco.