A derrota por 2 a 1 me deixou aliviado. Estou irritado, de cabeça quente, claro, mas aliviado. Temi por um desastre.
O Inter poderia ter feito 4 a 0 até os 25 minutos do primeiro tempo. Era tamanha a facilidade para chegar diante de Marcelo Grohe que por um instante lembrei da Alemanha contra o Brasil. O mesmo técnico à beira do campo, perplexo, sem ação.
O Inter chegou com facilidade impressionante, e os dois gols vieram ao natural, ambos em contra-ataques. Havia um clarão no meio de campo, por onde Valdívia, D’Alessandro, Sasch a e até Nilmar transitaram quase sem serem importunados. O trabalho deles foi facilitado porque o sr Leandro Vuaden tratou de amarelar Felipe Bastos logo aos 5 minutos. O melhor marcador de D’Alessandro ficou a perigo. Bom para o Inter.
Insisto no que observei no jogo anterior após a entrada desse talento que é Valdívia. Felipão deveria reconhecer a superioridade técnica do Inter – superioridade que ele faz questão de frisar em suas entrevistas – na prática. Garantir atrás, e sair com mais volume para o ataque. Insisto no que escrevi antes do jogo, eu colocaria Wallace como volante centralizado e Felipe e Maicon como coadjuvantes, congestionando o meio e tirando espaço principalmente de Valdívia, que correu solto pelo gramado a tarde toda.
Repetindo ainda o que escrevi: sacaria de preferência o Braian, que não tem a menor condição de jogar com esse futebol tico-tico implantado por Felipão, com o time tentando penetrar numa defesa fechada em toques curtos e dribles. Com esse toque e essa insistência o Grêmio não faria gol nunca no Inter. O único gol gremista foi numa bola alçada por Douglas, que Rodolpho cabeceou, o goleiro defendeu e Giuliano pegou o rebote.
Bem, o Grêmio teria então três meias/atacantes de boa técnica, aos quais se juntariam os dois volantes mais soltos, além de algumas investidas dos laterais. O Grêmio ganharia em força de marcação e de ataque. Mas agora é tarde.
Escrevo isso para manifestar minha decepção com o técnico Luiz Felipe Scolari, a quem tanto apoiei e continuo apoiando, porque se não está bom com ele, tende a ficar pior sem ele.
O problema é que vejo Felipão com soberba para reconhecer nas atitudes a superioridade colorada que ele exalta nas entrevistas. Se isso não mudar, talvez seja mesmo melhor investir em outro treinador. Vejo Felipão insistindo nesse futebol que é uma caricatura do Barcelona de Guardiola, toque pra lá e pra cá sob o comando do ‘maestro’ Douglas. Repito: foi duro de ver o Grêmio tentando penetrar pelo meio, com toques curtos, que levaram maior perigo a Marcelo Grohe que ao Alison, porque a bola era tomada pelos colorados e jogada para Valdívia e cia arrancarem em velocidade.
No segundo tempo, a história foi um pouco diferente. Continuou esse irritante toque de bola, mas já com Mamute abrindo pelos flancos. O resultado, objetivamente, foi quase zero, porque o goleiro colorado continuou sem ser exigido, com exceção das bolas pelo alto. Ficou claro, ao menos para mim, que o Grêmio só empataria com uma bola jogada para a área.
Nos minutos finais, houve pressão dessa forma, mas aí o sr Vuaden tratou de minimizar ainda mais as chances gremistas. Expulsou Rodolpho injustamente. Foi lance para amarelo. Minutos antes esse juiz deu amarelo para Valdívia, que deu carrinho por trás nas pernas de Luan também na linha lateral, mas do lado oposto. Valdívia amarelo; Rodolpho vermelho. Não mudou grande coisa, mas diminuiu o já escasso poder de fogo do Grêmio.
Então, diante das circunstâncias que prevalecem no futebol gaúcho, deu Inter. Melhor dentro e fora de campo.
COTAÇÃO
Marcelo Grohe o melhor de novo. Matias razoável. A dupla de área fez o que foi possível diante dos atacantes colorados que vinham de frente, com a bola dominada, por força do erro tático e estratégico de Felipão. Marcelo é outro que teve de se desdobrar.
Felipe Bastos flertou com o céu quando acertou aquela bola na trave, mas na sequencia do lance casou com o inferno ao falhar e propiciar o segundo gol colorado.
Maicon foi o que sempre é: um volante elegante, de passes corretos e calção sempre limpo.
Na linha de frente, mais um vez o pior do time. Douglas está encerrando a carreira. Acho que já cumpriu sua missão de dar suporte técnico aos jovens lançados. É um jogador talentoso, mas marcado facilmente.
Luan é aquela coisa: amor e ódio. Na comparação com Valdívia…
Giuliano custou a entrar em campo de novo. Lá pelos 35 do primeiro tempo ele começou a fazer algumas jogadas.
Braian é o atacante dependente de jogadas para ele. Essas jogadas jorravam para Jardel nos anos 90. Não estou comparando os dois, mas as características são semelhantes. É um jogador com limitações técnicas. Pode ser um reserva para entrar faltando quinze minutos num jogo como esse no Beira-Rio, nunca para sair jogando.
Mamute entrou bem, mas pareceu sem arranque em pelo menos dois lances pela esquerda, em que perdeu a bola facilmente. Éverton entrou e pouco acrescentou, até porque teve pouco tempo. Talvez Lincoln fosse uma opção melhor.
No Inter, a dupla de área foi bem, idem o lateral-direito. Os volantes deram conta do recado sem apelar, mas chegando junto como deve ser mesmo. D’Alessandro estava irreconhecível: não chegou perto do juiz. Mas jogou bem. Sasha é um operário com algum talento. Nilmar ajudou Valdívia a infernizar o sistema defensivo gremista. Valdívia, o melhor em campo.
Se Luan tivesse metade da disposição do Valdívia…
Arbitragem: Vuaden exagerou o cartão amarelo para Felipe Bastos logo no começo do jogo, o que ajudou bastante o Inter; Errou ao vermelhar Rodolpho e só amarelar Valdívia em lances muito parecidos, sendo que o de Valdívia foi mais forte. Temos, então, de novo aquela velha história: a balança do apito pendendo a favor do Inter, que, a rigor, deveria ter sido eliminado do Gauchão pelo Cruzeiro, e foi salvo por um homem de preto.
Não é por nada, não, mas espero que em 2016 o Grêmio insista em arbitragem de fora nos grenais.