O Grêmio é mesmo uma referência. Para o bem ou para o mal. E cada vez mais uma referência.
Hoje, nesses noticiários repetitivos sobre o trânsito, a Arena virou referência. Não há boletim de rádio que não diga ‘acidente próximo à Arena do Grêmio’, ‘trânsito fluindo lentamente perto da Arena’, e por aí vai.
Aliás, notícias sobre o trânsito só perdem em quantidade para informações sobre o tempo. As vezes eu imagino o Cléo Kuhn dormindo ao lado de um microfone no estúdio principal da rádio Gaúcha, de tantas vezes que ele entra no ar. No mesmo programa…
Mas a questão é a referência. Aqui no Estado, se um ex-jogador do Grêmio, ainda na ativa ou aposentado, se envolve em algo negativo, como um acidente ou é flagrado dirigindo alcoolizado ou sem documento, o nome dele vem acompanhado da palavra ‘Grêmio’.
A frase ‘ex-jogador do Grêmio’ vem na esteira do nome do indivíduo. Já poderia ser até sobrenome. Exemplo: “João Santos da Silva Ex-jogador do Grêmio, 38 anos, foi detido…”. Se o jogador está em atividade e cai no antidoping. Meus Deus!
Vira manchete em sites e jornais nos veículos Abaixo do Mampituba e até acima – lá por uma questão de despeito e rancor: “Fulano de tal, do Grêmio, é pego no exame antidoping”. E eu acho isso certo. Agora, tem de valer para todos.
Mas, infelizmente, o que vale para uns não vale para outros.
No caso de Fred, flagrado no exame durante a Copa América – confirmação de doping na contraprova -, não há nos sites nesta sexta-feira nenhuma referência ao Inter, clube que o revelou e de onde ele saiu para jogar na Ucrania. Há motivos, portanto, para citar em algum trecho da matéria que ele defendeu o Inter. Espero que isso ocorra nos jornais de sábado. Só por uma questão de equilíbrio na terra da grenalização.
Não tenho nenhuma dúvida que se fosse ex-jogador do Grêmio nessa situação, digamos, desconfortável, a referência ao tricolor seria automática, talvez com direito até a foto com a camisa gremista. Fora o título.
Não que eu desconfie de alguma intenção deliberada de chamuscar a imagem do Grêmio, claro que não.
Vou pelo lado positivo: é uma questão de grandeza. O Grêmio é grande demais. Por isso, é e sempre será referência em qualquer situação.
PAGODE E FUTEBOL
Giuliano, Marcelo Grohe e Marcelo Oliveira são os desfalques contra o Fluminense. Sem contar o próprio Roger Machado, suspenso. Uma suspensão, aliás, absolutamente injusta.
As perdas são amenizadas pela ausência do goleador Fred. Veterano, já longe das melhores condições físicas, mas sempre perigoso, sempre goleador.
Ainda a favor do Grêmio, a estreia de RG, hoje um misto de pagodeiro e boleiro.
Vejo essa triste figura e mais me convenço de que o dinheiro é bom, muito bom, mas que é muito importante preservar a amizade, o carinho, o respeito e uma eventual admiração das pessoas que cruzam nosso caminho. RG não fez isso com a torcida do Grêmio. Pelo contrário.
O resultado é esse: um andarilho patético vendendo – por preço cada vez menor – o que resta do seu talento.
Sobre os desfalques: Marcelo Grohe é um goleiro superior, mas Tiago já mostrou que tem qualidades. Falhou no último jogo, mas tem crédito.
Marcelo Oliveira faz falta, embora Marcelo Hermes venha num crescendo.
Ausência a lamentar mesmo é a de Giuliano. Lesão muscular. Oportunidade para Schuster, que é da função. Sem a mesma qualidade, mas é do lugar, como diria o Rui Ostermann.
Pelo que soube, o ex-jogador do NH é mais marcador que Giuliano. Com isso, Douglas e Luan ficam mais liberados para atividades ofensivas.
Enfim, um grande jogo neste sábado, 18h30, no Maracanã.
ESTRANHO AMOR
Nilmar estreou levando uma goleada estrondosa e vexatória: 5 a 0 para a Chapecoense. Lembro que ao deixar o campo ele sorria.
Jogar por ‘amor’ dá nisso: a gente fica leve, feliz mesmo depois de um balaio de gols no lombo.
Agora, menos de um ano depois, na véspera de um reencontro com o algoz do Indio Condá, Nilmar está de novo deixando o clube do coração.
O amor suporta levar goleada e eliminação da Libertadores, mas não aguenta remuneração atrasada.
Nilmar vai jogar por amor em outro lugar.
Recorro ao título do polêmico filme da Xuxa, da década de 80:
Amor estranho amor.