Grêmio e as diferenças no tratamento da mídia

O Grêmio é mesmo uma referência. Para o bem ou para o mal. E cada vez mais uma referência.

Hoje, nesses noticiários repetitivos sobre o trânsito, a Arena virou referência. Não há boletim de rádio que não diga ‘acidente próximo à Arena do Grêmio’, ‘trânsito fluindo lentamente perto da Arena’, e por aí vai.

Aliás, notícias sobre o trânsito só perdem em quantidade para informações sobre o tempo. As vezes eu imagino o Cléo Kuhn dormindo ao lado de um microfone no estúdio principal da rádio Gaúcha, de tantas vezes que ele entra no ar. No mesmo programa…

Mas a questão é a referência. Aqui no Estado, se um ex-jogador do Grêmio, ainda na ativa ou aposentado, se envolve em algo negativo, como um acidente ou é flagrado dirigindo alcoolizado ou sem documento, o nome dele vem acompanhado da palavra ‘Grêmio’. 

A frase ‘ex-jogador do Grêmio’ vem na esteira do nome do indivíduo. Já poderia ser até sobrenome. Exemplo: “João Santos da Silva Ex-jogador do Grêmio, 38 anos, foi detido…”. Se o jogador está em atividade e cai no antidoping. Meus Deus!

Vira manchete em sites e jornais nos veículos Abaixo do Mampituba e até acima – lá por uma questão de despeito e rancor: “Fulano de tal, do Grêmio, é pego no exame antidoping”. E eu acho isso certo. Agora, tem de valer para todos.

Mas, infelizmente, o que vale para uns não vale para outros. 

No caso de Fred, flagrado no exame durante a Copa América – confirmação de doping na contraprova -, não há nos sites nesta sexta-feira nenhuma referência ao Inter, clube que o revelou e de onde ele saiu para jogar na Ucrania. Há motivos, portanto, para citar em algum trecho da matéria que ele defendeu o Inter. Espero que isso ocorra nos jornais de sábado. Só por uma questão de equilíbrio na terra da grenalização.

Não tenho nenhuma dúvida que se fosse ex-jogador do Grêmio nessa situação, digamos, desconfortável, a referência ao tricolor seria automática, talvez com direito até a foto com a camisa gremista. Fora o título.

Não que eu desconfie de alguma intenção deliberada de chamuscar a imagem do Grêmio, claro que não.

Vou pelo lado positivo: é uma questão de grandeza. O Grêmio é grande demais. Por isso, é e sempre será referência em qualquer situação. 

PAGODE E FUTEBOL

Giuliano, Marcelo Grohe e Marcelo Oliveira são os desfalques contra o Fluminense. Sem contar o próprio Roger Machado, suspenso. Uma suspensão, aliás, absolutamente injusta.

As perdas são amenizadas pela ausência do goleador Fred. Veterano, já longe das melhores condições físicas, mas sempre perigoso, sempre goleador.

Ainda a favor do Grêmio, a estreia de RG, hoje um misto de pagodeiro e boleiro.

Vejo essa triste figura e mais me convenço de que o dinheiro é bom, muito bom, mas que é muito importante preservar a amizade, o carinho, o respeito e uma eventual admiração das pessoas que cruzam nosso caminho. RG não fez isso com a torcida do Grêmio. Pelo contrário. 

O resultado é esse: um andarilho patético vendendo – por preço cada vez menor – o que resta do seu talento. 

Sobre os desfalques: Marcelo Grohe é um goleiro superior, mas Tiago já mostrou que tem qualidades. Falhou no último jogo, mas tem crédito.

Marcelo Oliveira faz falta, embora Marcelo Hermes venha num crescendo.

Ausência a lamentar mesmo é a de Giuliano. Lesão muscular. Oportunidade para Schuster, que é da função. Sem a mesma qualidade, mas é do lugar, como diria o Rui Ostermann.

Pelo que soube, o ex-jogador do NH é mais marcador que Giuliano. Com isso, Douglas e Luan ficam mais liberados para atividades ofensivas.

Enfim, um grande jogo neste sábado, 18h30, no Maracanã.

ESTRANHO AMOR

Nilmar estreou levando uma goleada estrondosa e vexatória: 5 a 0 para a Chapecoense. Lembro que ao deixar o campo ele sorria.

Jogar por ‘amor’ dá nisso: a gente fica leve, feliz mesmo depois de um balaio de gols no lombo.

Agora, menos de um ano depois, na véspera de um reencontro com o algoz do Indio Condá, Nilmar está de novo deixando o clube do coração.

O amor suporta levar goleada e eliminação da Libertadores, mas não aguenta remuneração atrasada.

Nilmar vai jogar por amor em outro lugar. 

Recorro ao título do polêmico filme da Xuxa, da década de 80: 

Amor estranho amor.

Treino de finalizações deveria estar no currículo básico

Aquilo que há muito tempo defendo aqui começa a ser implantado no Grêmio: treinamento de finalizações. Luan, que tem sido pé-murcho muitas vezes, poderia fazer como Falcão em seu início. Ele ficava mais de uma hora treinando cobrança de falta ao lado do técnico Ênio Andrade, que batia na bola como poucos.

Hoje, com seus celulares – sim, os jovens jogadores têm no mínimo dois celulares – sempre a mil e carrão do ano, assediados pelas maria-chuteiras loucas para engravidar, esses  atletas de enorme potencial ficam na deles. Batem o cartão-ponto como funcionários comuns. Posso estar sendo injusto, mas duvido que fiquem batendo bola após os treinos normais, aqueles obrigatórios.

Quem acompanha futebol sabe que tem muito jogador de nível médio que acaba se destacando por habilidades como cobranças de falta e de escanteio; outros pelo chute forte, demolidor. 

Cabe ao clube, que remunera muito bem essa gurizada – Luan acaba de renovar contrato até 2018, providencial atitude do presidente Romildo – exigir um tempo extra, até para compensar o tal direito de imagem que quase não é utilizado na prática.

Treino de finalizações no futebol deveria ser matéria curricular, não simplesmente eletiva. 

Agora, os resultados sem dúvida são melhores se o próprio atleta toma a iniciativa ou se não fica contrariado com mais essa obrigação, com tanta ‘mina’ lá fora a esperar por ele.

Essa iniciativa do Roger de treinar finalizações e passes vem tarde, mas antes tarde do que nunca. Há outros fundamentos a serem treinados, mas o mais urgente é realmente esse de ajustar a pontaria. É importante, também, que durante o trabalho o técnico oriente o jogador sobre o tipo de conclusão em situações específicas do jogo.

Luan, e eu insisto com ele porque se trata do maior talento revelado pelo Grêmio nos últimos tempos, talvez até desde o… Bem, deixa pra lá!, precisa aprender a discernir melhor o tipo de conclusão, se bola colocada ou uma porrada. Ou um misto das duas. Nunca aquela bola molenga, gelatinosa, sem cor nem sabor, que os goleiros tanto apreciam.

Tem horas que o aprendiz craque precisa esquecer sua técnica apurada e agir como um volante raivoso, batendo forte, de preferência num dos cantos.

O legal, ainda, é que os jogadores aparentemente gostaram da ideia, pelo menos a julgar pela entrevista de Wallace, que elogiou a decisão. Desconfio que Wallace gostou, como todos nós, principalmente porque será uma oportunidade para Luan calibrar sua pontaria e a potência do arremate.

A BOAZINHA

A empreiteira boazinha caiu na vala comum. Leiam a notícia: 

“A Justiça Federal abriu ação penal nesta quarta-feira,contra o empresário Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez e mais 12 investigados na Operação Lava Jato. A Procuradoria da República atribui ao empreiteiro e aos outros acusados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão é do juiz federal Sérgio Moro”.

Acho que mais cedo ou mais tarde essa operação vai desvendar alguns mistérios que cercam a construção da Arena e a reforma do BR. E aí tudo pode acontecer.

Quem acredita que o Grêmio ainda pode ser campeão do Campeonato Brasileiro dá uma bela e comovente demonstração de fé. O problema é que no futebol como na vida é preciso mais do que fé.

Vamos supor que o Grêmio tivesse contratado o atacante francês do Tigres, o Gignac. Aí até eu acreditaria no título do Brasileirão. Mas o reforço é Bobô. Então…

Então, o negócio é lutar pelo título da Copa do Brasil: são oito jogos.

Se não der, tem ainda a sul-americana. Mas Brasileirão com o time atual é impossível.

BOBÔ

Discutem quem sai para entrar Bobô. Em primeiro lugar Bobô não vai ganhar a posição por decreto. Terá de mostrar futebol. Lembro pouco dele, mas deve ser um bom atacante pelo currículo. É um acréscimo, sem dúvida, em termos de grupo. O tempo e os jogos dirão se ele pode ser titular. Em princípio, penso que ele pode entrar no lugar de Douglas. Giuliano e Luan podem muito bem cuidar da armação, da articulação. Bobô faria o ataque com Pedro Rocha.

Mas acho que Roger, num primeiro momento, vai sacar Pedro Rocha. Mas é só um palpite.

O atacante azarão e o pé-murcho

O Grêmio merecia ter vencido o Sport. Jogou muito mais, criou situações de gol e seu goleiro foi pouco exigido. Já o goleiro adversário, Danilo, como a maioria dos goleiros rivais nos últimos anos, se consagrou.

Tem sido assim e assim será até que algumas coisas aconteçam, a começar pela contratação de um atacante perito em fazer gols. Nem precisa jogar grande coisa, desde que meta a bola na rede adversária com assiduidade. Bobo vem aí, e pode resolver ou pelo menos amenizar o problema. Com um goleador o Grêmio estaria na liderança no Brasileiro, ou disputando pau a pau com o Atlético Mineiro.

Aliás, o Atlético é o meu time no Brasileirão. Quero que dispare de vez e conquiste o título, impedindo que um certo outro clube que sofre pesadelos com tigre o conquiste. Mas e o Grêmio? Não, o Grêmio pode no máximo beliscar uma vaga na Libertadores, mas isso se esse Bobo der boa resposta.

Agora, revelo aqui uma descoberta que fiz assistindo ao jogo pela TV com apenas um olho. Explico: fiz cirurgia de catarata no olho esquerdo, que não pode pegar luminosidade – neste momento estou diante da tela do computador contrariando recomendação médica. Quem tem um olho é rei, diz o ditado. Não chego a tanto, mas  vi o suficiente para afirmar que o problema da falta de gols não é somente falta de um goleador.

É mais grave, quase insolúvel. O fato é que o Grêmio tem em sua linha ofensiva o maior perdedor de gols do futebol brasileiro: Luan. Mas não fica por aí: tem também o atacante mais azarão, o Braian Rodrigues.

Nada disso impede que eu continue acreditando no uruguaio e, principalmente, no Luan, um dos melhores jogadores em atividade no país. Quem joga o Cartola, no qual vou muito bem, obrigado, sabe que Luan é o atacante mais valorizado, superando Fred e Guerrero.

O problema do Luan é que ele é um perdedor de gols. Contra o Criciúma perdeu um daqueles imperdíveis, e que por pouco não eliminou o Grêmio da Copa do Brasil. Aliás, esta é a competição a ser vencida. Insisto. Parem de sonhar com Brasileirão. É como sonhar com aquela morena do ‘vai verão, vem verão’. Frustração garantida.

Lembro que nos anos 70/80- havia um meia que jogava muito. O Renato, do Guarani de Campinas. Apelido dele: Renato pé murcho. Luan é jovem e tem tempo para evoluir. Mas precisa treinar muito. Dentro da área tenta aquelas colocadas telegrafadas, manjadas por goleiro de categoria de base, e ainda por cima dá pouco peso na bola, quando não chuta para fora. De longe, quando chuta forte,ele insiste em acertar o pipoqueiro na arquibancada superior. Agora, quem bate falta com a qualidade que ele bate tem potencial para evoluir.

Já o Braian, exemplo típico do centroavante aipim, precisa de uma benzedeira. Mas aí nós já entramos no…

JOGO

Braian recebeu sua melhor bola do ano. Veio do cruzamento de Fernandinho – sim, eu também não gostei quando ele entrou, mas ele acabou fazendo alguns bons lances -, um cruzamento para consagrar centroavante aipim, rabanete ou beterraba. Braian fez como manda o Manual Prático do Centroavante Aipim: cabeceou forte no lado oposto ao do deslocamento do goleiro. Mas o ‘desgraçado’ defendeu. Um cabeceio de qualquer outro atacante menos azarão seria gol.

Agora, uma boa notícia, pelo menos para quem acredita em astrologia: em agosto Braian completa 29 anos. Estará fechando o círculo de 29 anos de Saturno. A vida dele vai mudar. Anotem aí. Na verdade, começa a mudar semanas antes. Ainda veremos um novo Braias, o Sortudo.

Ainda sobre o jogo. O Grêmio mereceu vencer. O goleiro Thiago pouco trabalho, prova do trabalho eficiente do sistema defensivo, em especial da dupla Maicon/Wallace. A linha de defensores também esteve em alto nível. Todos eles, inclusive Thiery.

Dos meias, gostei mais do Douglas. Sejamos justos. Foram dos pés de Douglas que saíram os melhores lances de ataque. Luan ciscou, ciscou e, além de perder duas boas chances de marcar, foi pouco efetivo. Giuliano se esforçou muito, mas acho que ele cai de rendimento jogando pela direita. Acho que ele deveria aparecer mais vezes pelo meio. 

Depois, Fernandinho entrou bem, mostrando que pode ser útil como opção; Braian é uma alternativa ainda insuficiente, mas uma alternativa que vai crescer nos próximos jogos, podem apostar; e Maxi Rodriguez, que pouco acrescentou, mas que merece oportunidades e até uma sequência de jogos. Na verdade, o time ficou meio perdidão com a saída de Douglas e a entrada do uruguaio.

O melhor do jogo foi o goleiro Danilo Fernandes. O melhor do Grêmio foi, claro, Pedro Rocha. Mas o time de modo geral esteve em nível muito bom.

Sim, Thiago falhou no gol do Sport. E agora? Grohe não serve, Thiago também não. E agora? Pra mim, são dois ótimos goleiros. O Grêmio está bem servido de goleiros.

Pelo menos é como eu vejo com esse meu olho direito.

Uma história de horror: a eliminação colorada

Eu sou um covarde. Abri mão de ver o jogo. Troquei por um episódio do seriado American Horror Story. Foi o último da terceira temporada. Recomendo.

Muita morte, muito sangue, muito susto. Mas nada que se compare ao horror que tem sido esperar por uma derrota do Inter nos últimos tempos. Por isso, fiquei com o filme de terror, uma novela água com açúcar em comparação com o que eu esperava que fosse Tigres x Inter.

Não acreditei em mim mesmo, que previ que seria 3 a 0 para o Tigres em função de uma cerveja que comprei: a TRÊS TIGRES. Pensei, esse 3 tem um significado. Quem sabe o Inter não irá perder por 3 gols?

E não é que foi 3 mesmo! No final, o Inter descontou. Poderia ter sido mais. Sobis perdeu um pênalti. Alguém acreditou que ele faria gol em seu ex-clube?

Quando terminou o episódio, sempre com muita carnificina e sangue jorrando, passei para o jogo. Estava lá escrito: Tigres 2 x 0 Inter.

É claro que vi o restante. 

O time de Diego Aguirre, de tanto ser poupado, decidiu poupar-se na decisão contra o Tigres. Quem pensando no jogo contra o River Plate pela decisão da Libertadores?

O fato é que o Inter desmoronou. Não será fácil juntar os cacos.

A direção colorada vai viver agora um pesadelo pior que os pesadelos vividos pelos personagens do seriado de terror.

Onde arrumar dinheiro para pagar os atrasados? Os salários que chegam a mais de 15 milhões de reais por mês?

Não há Drácula que assuste mais. 

Resta saber quanto tempo mais vai durar Diego Aguirre com os colorados da crônica esportiva querendo sua cabeça?

Aguardemos os próximos episódios desse filme de horror, muito mais assustador do que o meu American Horror Story.

Agora, falando sério, esse time mexicano já deveria ter deixado o Beira-Rio ao menos com um empate. Questão de justiça.

Mereceu a classificação. Foi mais time.

PAUSA

Vou me afastar uns dias por razões pessoais. Volto sábado, se tudo der certo, após o jogo contra o Sport.

A grande noite do goleiro injustiçado e a sorte do ‘aipim’

Com duas defesas nas cobranças de pênaltis, Marcelo Grohe salvou a pele do ‘aipim’ Braian Rodrigues, que havia errado na sua vez, e calou – ao menos até o próximo jogo – a corneta de um punhado de gremistas ingratos e apressados na caça a culpados por resultados negativos.

Marcelo Grohe. O nome do jogo. O nome da classificação do Grêmio na única competição em que tem alguma chance de título neste ano. Havia quem defendesse a sul-americana e torcia para o Grêmio cair diante do Criciúma.

No programa Sala de Redação ouvi, com espanto e incredulidade, o sr Cacalo defendendo sutilmente a eliminação do Grêmio para que, assim, fosse para a sul-americana. Cacalo e os seguidores dessa tese estapafúrdia terão de aguentar pelo menos mais uma fase da Copa do Brasil, onde, imagino, voltarão a secar o Grêmio em nome de uma competição de longas viagens e adversários nem tão fracos quanto apregoam. (OBSERVAÇÃO: esqueci que essa possibilidade de sul-americana agora está superada. Que bom!)

Realmente, não sei se o Grêmio vai muito longe na Copa do Brasil. Até acredito que não vai por falta de time e, pelo que tenho visto, por erros de Roger Machado nas substituições. 

Não dá pra entender, mesmo com toda a boa vontade, a substituição de Giuliano por Fernandinho. Ele teve seus segundos de glória ao cavar a expulsão de um adversário logo que entrou. Depois, foi aquela inutilidade irritante.

Fernandinho ao menos acertou sua cobrança de pênalti. Menos mal. Tenho medo de canhoto batendo pênalti, trauma deixado por Éder num Gre-Nal de 1978.

O Grêmio não fez grande partida mais uma vez. Mas venceu, e isso é o que importa. O Criciúma fez por merecer melhor resultado. Mas o Grêmio teve chances de liquidar o jogo. Faltou, de novo, acabamento melhor nas jogadas. Luan, por exemplo, perdeu o lance do jogo, após lançamento precioso de Douglas, que manteve um bom ritmo ao logo do jogo, com acertos e erros como todos os demais.

Geromel foi o melhor em campo. Erazo foi um bom companheiro de zaga. Os laterais foram eficientes. Os dois volantes em bom nível. Wallace levou um amarelo ao cometer falta desnecessária.

Luan foi o melhor do meio pra frente, mas também alternou bons e maus momentos. Pedro Rocha, autor do gol – jogada de Giuliano com Luan -, voltou a jogar bem.

Assim vai o Grêmio, entre altos e baixos. Com dois ou três reforços teria boas chances de um grande título.

Fora isso, é acreditar assim como quem acredita em Papai Noel.

ERROS HUMANOS 

O Inter joga pelo empate no México. Se continuar sendo favorecido por erros de arbitragem, estará na final da Libertadores. O River Plate já garantiu sua vaga ao eliminar o Guarani do Paraguai.

O normal nos erros de arbitragens é que eles ocorram para os dois lados. Curiosamente, esses erros humanos estão beneficiando apenas o Inter em seus confrontos.

Assim como os passes dos adversários para gols colorados e falhas grotescas como as de Renan, estas pelo Brasileirão. 

Questão de sorte. E de competência. 

Mas não há sorte que sempre dure. E às vezes aparece alguém mais competente. 

Agora, se eu tivesse que apostar, jogaria todas as fichas na classificação do Inter. Mais sortudo e mais competente que o gatinho mexicano.

Grêmio faz ‘jogo do ano’ em Criciúma

O Grêmio faz o jogo do ano contra o Criciúma. É o jogo que pode manter vivo o sonho de terminar 2015 com um título nacional.

Depois, restará a aridez do Brasileirão, uma competição cheia de truques e armadilhas. De um momento para o outro é possível despencar do céu para cair no inferno.

Penso que a direção projetou mal a temporada. Não trabalhou com foco na Copa do Brasil. Não posso acreditar, por exemplo, que o clube tenha contratado um Vitinho para enfrentar os desafios da competição e resolver a questão da falta de efetividade ofensiva.

Está certo que o início de Roger Machado, com cinco vitórias seguidas, iludiu muita gente. Eu mesmo fiquei empolgado, mas nunca parei de insistir que era e é preciso reforçar o grupo em qualidade e quantidade. O inverno, como a gente está vendo, é cruel e rigoroso, pune os ribeirinhos com enchentes assustadoras assim como não perdoa os dirigentes que não tomam as providências necessárias na hora certa, e ficam postergando soluções. No caso do Grêmio até com alguma razão diante da crise financeira que corrói o clube.

O fato é que o Grêmio, realmente sem o preparo adequado e talvez extasiado com os resultados que vinham sendo obtidos, largou perdendo por 1 a 0 dentro de sua própria casa. Inaceitável. Resta agora buscar a classificação no sempre hostil estádio do Criciúma.

O time vai completo – sem Rodolpho, que está indo embora faz dias. 

Eu acredito na vitória e na classificação. O adversário é guerreiro, é aplicado, mas é inferior a vários times que o Grêmio bateu recentemente.

No caso de eliminação, restará cumprir tabela no Brasileirão e buscar uma colocação digna. É o máximo que se pode exigir do grupo atual. É lógico que tudo pode mudar se vierem reforços de qualidade, o que não é fácil.

Roger Machado já tirou desse grupo o que tinha pra tirar. Acreditar que ele pode mais é pensamento mágico, quase um desvario.

Roger merece ser presenteado com dois ou três bons jogadores. Se isso acontecer, será possível brigar pelo G-4 e até por título na Sul-Americana.

Mas, hoje, o que temos é esse jogo terrível contra o Criciúma.

Nem sempre se pode calar o Maracanã

Perder do Flamengo no Maracanã lotado, ou quase, não é demérito. O Grêmio, no primeiro tempo, foi até superior ou ao menos manteve uma disputa equilibrada. O que não é pouca coisa.

Não é sempre que se pode calar o Maracanã.

Tudo começou a desandar quando o Flamengo fez o seu gol, o que gol que seria o da vitória. O gol de um goleador, de um matador: Guerrero. Havia quase uma dezena de jogadores na pequena área depois de sensacional defesa de Marcelo Grohe, num cabeceio à queima-roupa. A bola afastada com a mão pelo goleiro caiu justo no pé de quem? Do matador, do goleador, porque a bola sempre cai no pé de um predestinado.

Um predestinado que o Grêmio não tem, e faz tempo. Fosse o lance na área do Flamengo, a bola não cairia nos pés de nenhum jogador do Grêmio, porque o Grêmio não tem um sujeito bom e rabudo como esse Guerrero.

Vejamos Braian Rodrigues, um  centroavante de poucos gols em sua longa trajetória. Acho que a bola nunca caiu nos seus pés assim de presente como aconteceu com Guerrero. Braian não tem a estrela de um matador, de um goleador. Jardel, por exemplo, tinha estrela. Fred tem estrela, vira e mexe a bola cai nos pés dele, é só empurrar.

Mas o Grêmio não perdeu porque não tem um goleador. Também por isso, mas não é só por isso.

O grande problema é a falta de grupo mais qualificado. Pegue o time reserva do Inter, esse que venceu o Goiás por 2 a 1, com a ajuda do goleiro Renan – por que não me surpreendo? Se a gente olhar bem uns três ou quatro entrariam de cara no time titular do Grêmio. A começar pelo Rafael Moura, que não joga grande coisa, mas quando a chance surge ele normalmente marca.

No Grêmio, quando a chance surge, normalmente o gol é perdido. Brutal diferença.

Sei que estão  culpando o Grohe pela derrota. Ele deveria ter saído na lance do gol, dizem. Pode ser. Os ombros dos goleiros são largos. Victor que o diga. Grohe não vai jogar contra o Sport. Chance para Thiago mostrar que pode ser titular, como querem alguns. Sei de gente das internas do Grêmio que quer ver o Grohe longe. Futebol é assim.

O goleiro fenomenal está virando frangueiro. Por que será? É óbvio que é o time. Um time instável e com carências técnicas tanto falha até que perde. 

Hoje foi Grohe, até aceito. Mas e os outros todos que erraram? 

Vamos ver até quando Roger Machado vai insistir com Douglas, com outra atuação pífia. 

Por que colocar Vitinho ‘o-que-é-que-estou-fazendo-aqui?’. Ah, não tem outro? Entre Vitinho e Braian, antes o uruguaio. Mas só isso já mostra a falta de qualidade e quantidade, principalmente agora com a lesão de Mamute.

Vamos aguardar que nos próximos jogos Roger aproveite Maxi Rodriguez – alguém no comentário anterior usou meu nome para dizer que ele está indo para o Criciúma – e Lincoln.

Não resta dúvida de que Roger tem muito trabalho pela frente. Depois de cinco vitórias seguidas, o time tem agora três derrotas em quatro jogos.

Na minha opinião, acendeu o sinal de perigo.

A decepção de Sobis e a máquina de moer ídolos

Rafael Sobis foi surpreendente ontem à noite, no Beira-Rio. Surpreendente ao menos para mim, que não esperava tamanho empenho de um jogador tão identificado com seu ex-clube diante de 45 mil torcedores que um dia vibraram com os gols de Sobis.

Não duvido que a atuação digna, profissional e competente de Sobis num jogo tão importante para o Inter tenha contribuído para Sobis ser mais um a ser triturado pela máquina de moer ídolos colorados.

Confesso que vi poucos minutos do jogo em que o Inter bateu o Tigres por 2 a 1. Quando liguei a TV a tela mostrava D’Alessandro de braços erguidos no gramado, e a torcida exultando. Pensei que era o Inter entrando em campo. Não, recém havia ocorrido o gol dele, o primeiro gol do Inter. Em menos de cinco minutos. Desabei no sofá e fiquei mais alguns minutos diante da TV, olhos esbugalhados com a ruindade do Tigres, ao menos naquele momento. Em seguida, o segundo gol. Em ambos os gols, descuidos amadorísticos de um time que teoricamente deveria trabalhar pelo empate, que seria um ótimo resultado para o visitante. 

Foi mais ou menos nesse período que Sobis foi para cima de Geverson, o lateral de Dunga, após levar uma entrada maldosa por trás, lance para cartão amarelo. Pensei com meus botões: o Sobis está cavando uma expulsão para ajudar o seu time do coração. Sim, paranoia minha, teoria da conspiração, sim. Estou envergonhado por pensar tão mal do Sobis, que depois se revelou um jogador perigoso para o Inter, inclusive fazendo a jogada do gol do Tigres, um gol que só vi hoje, porque desliguei a TV assim que o Inter abriu vantagem de 2 a 0 em menos de dez minutos.

Então, me parece que eu e a torcida colorada projetamos a atuação de Sobis da mesma forma. Não esperávamos um Sobis tão interessado em vencer o ex-clube.

A diferença é que eu aplaudo a atuação de Sobis, que, na verdade, nada mais fez do que cumprir sua obrigação profissional. Já o colorados ficaram indignados, se sentiram traídos.

O fato é que Rafael Sobis, herói de duas Libertadores coloradas, saiu de campo vaiado e ouvindo xingamentos de tudo que é tipo. Ele visívelmente ficou chateado, decepcionado. “Vaia é normal, xingamento não”, disse ele, ressentido.

Agora, Sobis não precisa ficar assim tão magoado. Ele passa a integrar a galeria dos ídolos que em algum momento foram massacrados pela própria torcida. No Inter, a lista é extensa, e tem alguns nomes graúdos, por exemplo: Dunga, Falcão e Fernandão.

Ídolos gremistas também já sofreram tratamento um tanto cruel e com certeza ingrato. É o caso, acreditem!, de Renato Portaluppi, Felipão e até Fábio Koff. Nada menos que o trio mais vitorioso da história do clube. Mesmo assim, é evidente que o Grêmio trata melhor seus ídolos na relação com o Inter.

Mas faz parte: o torcedor em geral é um moedor de ídolos, que somente são ‘absolvidos’ com a morte. E aí passam a ser reverenciados até o fim dos tempos. 

O JOGO

O Tigres levou dois gols de forma ridícula. O primeiro, então, foi um absurdo. Abriu-se uma clareira diante da grande área, D’Alessandro ficou completamente livre para chutar. Depois, o gol de Valdívia, que só aconteceu porque desviou no caminho. Mas vale. Depois, o Tigres equilibrou. Teve, bem no começo do segundo tempo, uma expulsão que me pareceu justa pelo que vi na internet, mas isso se o zagueiro mexicano já tivesse um cartão amarelo. Vermelho direto, nunca. Não fosse a expulsão, acredito que o Tigres até virasse o placar. Teria ocorrido, ainda, um pênalti contra o Inter, mas esse lance eu não vi nos compactos do jogo.

Previsão: se as arbitragens continuarem com seus erros humanos só contra os rivais, o Inter será campeão da Libertadores. Se pararem os erros humanos, o Inter vai entrar numa espiral negativa com consequências inimagináveis.

Grêmio consegue complicar classificação na CB

Não sei o que é mais revoltante, se a derrota diante do Criciúma – eu disse Criciúma – em plena Arena, ou a satisfação de alguns gremistas, que querem ver o time focado no Brasileirão sem nenhuma chance de título e/ou na Sul-Americana com suas viagens longas e desgastantes enquanto disputam a competição nacional sabe-lá em que situação mais adiante.

A derrota por 1 a 0, num raro lance de ataque dos catarinenses, pode ser revertida. Esse Criciúma é ruim, é um time que pediu para ser goleado. E não escaparia de uma derrota, talvez até por goleada, se a pontaria dos meias, laterais e atacantes do Grêmio não fosse tão ruim. Foram chutes péssimos de média, curta e longa distância. E quando houve acerto no belo gol de Pedro Rocha – talvez o melhor do time nesta noite -, um bandeirinha pouca prática tratou de anular, marcando impedimento. Se corrigir a pontaria com muito treinamento o Grêmio liquida o tigre na próxima terça.

Restou, ao menos, uma lição desse jogo frustrante para os gremistas que vislumbram na Copa do Brasil a melhor oportunidade de título ainda neste ano: a prova de que o Grêmio não pode ambicionar nada enquanto não tiver alguém com mais competência para fazer gols, aproveitando as inúmeras situações de ataque que são criadas desde a chegada de Roger Machado. Cabe à direção tomar providência imediata para contratar um atacante experiente, goleador.

Se possível, cabe à direção também manter Rodolpho, embora isso seja tão difícil quanto continuar na Copa do Brasil depois da decepcionante atuação diante do tigre catarinense. Um tigre cometeu o crime. Vamos ver como se sai o outro, o mexicano.

Por fim, meus parabéns a todos os gremistas – felizmente, não muitos – que torceram de ‘sangue doce’, pouco se importando com o resultado, alguns até torcendo pela eliminação da Copa do Brasil porque acham que a Sul-Americana é mais fácil. Sim, há quem pense dessa forma. O futebol é empolgante também por isso: aceita tudo.

 

Concentração total no Criciúma e na Copa do Brasil

Percebo em alguns setores um certo relaxamento em relação à Copa do Brasil.

Foco total no Brasileirão. O torneio fica em segundo plano, um estorvo. Seria ótimo para observar reservas, poupando alguns titulares para o que seria mais importante: o Brasileirão.

Também acho que o campeonato nacional tem mais status, tem mais representatividade. Mas a consequência é a mesma: a Libertadores.

Não concordo com essa tentativa de negligenciar a Copa do Brasil, algo que o Grêmio ao que parece não está fazendo. Há quem lembre que uma eliminação agora diante do Criciúma é compensada por uma vaga na Copa Sul-Americana, na qual também há chance de Libertadores.

Sou da opinião que o Grêmio, que não ganha quase nada há 14 anos, precisa ir com tudo em todas as competições. Mais do que isso: tem obrigação de brigar pelo título e, a propósito, de nunca entrar em campo pensando no empate fora, o tal um pontinho que o cornetadorw ataca com ferocidade.

Neste momento, considero a Copa do Brasil mais fácil de conquistar que o Brasileirão.

Todos estão vendo – ou deveriam ver – que o grupo atual é insuficiente para conseguir performance de alto nível numa competição tão longa e desgastante. 

Se o Grêmio tivesse, por exemplo, as condições do Atlético Mineiro, eu pensaria diferente.

Na condição atual – perdendo o capitão Rodolpho -, vejo o Grêmio em condições de ambicionar no máximo uma vaga no G-4. Título nem por milagre. Respeito a empolgação de alguns, mas título do Brasileirão está fora de cogitação. 

Hoje, não tenho dúvida de que a Copa do Brasil está mais ao alcance. Sei que há adversários fortes pela frente, o próprio Criciúma tem condições de complicar, ainda mais se o time de Roger Machado não for a campo com a mesma determinação que mostrou contra o Vasco e na maioria dos últimos jogos.

É importante que a torcida ‘compre’ essa ideia e vá à Arena pensando no título da Copa do Brasil.

Afinal, com apenas oito jogos é possível voltar a comemorar um título nacional e lotar de novo a Goethe, espaço inaugurado pelo tricolor e depois copiado pelos de sempre.

Portanto, concentração total pelo título da Copa do Brasil. O resto fica pra depois.

TIGRES

Pois o adversário do Inter está tão concentrado que deixou para trás um atacante.

Não levo fé nesse time mexicano. Ainda mais que um de seus destaques é Rafael Sobis.

Não consigo imaginar o Sobis fazendo gol no Inter. Não consigo.