Aquilo que há muito tempo defendo aqui começa a ser implantado no Grêmio: treinamento de finalizações. Luan, que tem sido pé-murcho muitas vezes, poderia fazer como Falcão em seu início. Ele ficava mais de uma hora treinando cobrança de falta ao lado do técnico Ênio Andrade, que batia na bola como poucos.
Hoje, com seus celulares – sim, os jovens jogadores têm no mínimo dois celulares – sempre a mil e carrão do ano, assediados pelas maria-chuteiras loucas para engravidar, esses atletas de enorme potencial ficam na deles. Batem o cartão-ponto como funcionários comuns. Posso estar sendo injusto, mas duvido que fiquem batendo bola após os treinos normais, aqueles obrigatórios.
Quem acompanha futebol sabe que tem muito jogador de nível médio que acaba se destacando por habilidades como cobranças de falta e de escanteio; outros pelo chute forte, demolidor.
Cabe ao clube, que remunera muito bem essa gurizada – Luan acaba de renovar contrato até 2018, providencial atitude do presidente Romildo – exigir um tempo extra, até para compensar o tal direito de imagem que quase não é utilizado na prática.
Treino de finalizações no futebol deveria ser matéria curricular, não simplesmente eletiva.
Agora, os resultados sem dúvida são melhores se o próprio atleta toma a iniciativa ou se não fica contrariado com mais essa obrigação, com tanta ‘mina’ lá fora a esperar por ele.
Essa iniciativa do Roger de treinar finalizações e passes vem tarde, mas antes tarde do que nunca. Há outros fundamentos a serem treinados, mas o mais urgente é realmente esse de ajustar a pontaria. É importante, também, que durante o trabalho o técnico oriente o jogador sobre o tipo de conclusão em situações específicas do jogo.
Luan, e eu insisto com ele porque se trata do maior talento revelado pelo Grêmio nos últimos tempos, talvez até desde o… Bem, deixa pra lá!, precisa aprender a discernir melhor o tipo de conclusão, se bola colocada ou uma porrada. Ou um misto das duas. Nunca aquela bola molenga, gelatinosa, sem cor nem sabor, que os goleiros tanto apreciam.
Tem horas que o aprendiz craque precisa esquecer sua técnica apurada e agir como um volante raivoso, batendo forte, de preferência num dos cantos.
O legal, ainda, é que os jogadores aparentemente gostaram da ideia, pelo menos a julgar pela entrevista de Wallace, que elogiou a decisão. Desconfio que Wallace gostou, como todos nós, principalmente porque será uma oportunidade para Luan calibrar sua pontaria e a potência do arremate.
A BOAZINHA
A empreiteira boazinha caiu na vala comum. Leiam a notícia:
“A Justiça Federal abriu ação penal nesta quarta-feira,contra o empresário Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez e mais 12 investigados na Operação Lava Jato. A Procuradoria da República atribui ao empreiteiro e aos outros acusados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão é do juiz federal Sérgio Moro”.
Acho que mais cedo ou mais tarde essa operação vai desvendar alguns mistérios que cercam a construção da Arena e a reforma do BR. E aí tudo pode acontecer.
FÉ
Quem acredita que o Grêmio ainda pode ser campeão do Campeonato Brasileiro dá uma bela e comovente demonstração de fé. O problema é que no futebol como na vida é preciso mais do que fé.
Vamos supor que o Grêmio tivesse contratado o atacante francês do Tigres, o Gignac. Aí até eu acreditaria no título do Brasileirão. Mas o reforço é Bobô. Então…
Então, o negócio é lutar pelo título da Copa do Brasil: são oito jogos.
Se não der, tem ainda a sul-americana. Mas Brasileirão com o time atual é impossível.
BOBÔ
Discutem quem sai para entrar Bobô. Em primeiro lugar Bobô não vai ganhar a posição por decreto. Terá de mostrar futebol. Lembro pouco dele, mas deve ser um bom atacante pelo currículo. É um acréscimo, sem dúvida, em termos de grupo. O tempo e os jogos dirão se ele pode ser titular. Em princípio, penso que ele pode entrar no lugar de Douglas. Giuliano e Luan podem muito bem cuidar da armação, da articulação. Bobô faria o ataque com Pedro Rocha.
Mas acho que Roger, num primeiro momento, vai sacar Pedro Rocha. Mas é só um palpite.