Sabe aquele dia ‘não’? O cara acorda mais tarde porque o celular ficou sem bateria e não despertou; vai tomar um café na corrida e falta gás; pega o carro com pressa porque tem uma reunião importante, e aí percebe que tem um pneu furado…
O Grêmio teve um dia ‘não’.
A começar pela arbitragem do sr Meira Ricci. Ele contribuiu para a vitória do São Paulo, que, apesar da atuação modesta do Grêmio, não poderia sair da Arena com os 3 pontos. Num dia normal do Grêmio, era para golear.
O fato é que desde os primeiros minutos o Grêmio se mostrou confuso, disperso, passes errados em profusão. Depois, as coisas foram se ajeitando, mas sempre com muito erro de passe. Sei que lá pela metade do segundo tempo, eram 40 passes errados contra 20 do São Paulo.
Em alguns jogos, houve dificuldade para eleger o melhor do time, porque quase todos haviam atuado em alto nível. Neste domingo de sol radiante e com mais de 45 mil torcedores na Arena, é possível afirmar que nenhum jogador manteve padrão elevado.
O resultado é a primeira derrota na Arena neste Brasileirão. Está certo que o placar foi injusto. O Grêmio mereceu pelo menos um empate, mesmo com uma atuação apenas razoável. Mas neste jogo em especial o Grêmio errou nos três setores, sempre com destaque para um problema que se acentua contra adversários que se fecham muito e tem qualidade para explorar contra-ataques mortais, caso do SP.
Comecemos pela defesa. Erazo estava irreconhecível. Logo no começo deu uma entregada inaceitável. E está aqui alguém que desde o primeiro jogo elogia esse zagueiro. Mais adiante, no gol de Pato, entrou com o pé esquerdo frouxo na dividida com o atacante, que aí ajeitou para fazer 1 a 0.
Os laterais não chegaram a comprometer, mas não foram bem. No segundo gol, quase no final, Galhardo errou na disputa com Rogério. Mas ali era um lance de cobertura, de desespero para salvar. Não merece ser crucificado.
O jovem Thiery deu uma vacilada feia logo de saída e errou alguns passes na saída de jogo, mas depois firmou-se num patamar aceitável. É preciso considerar ainda que ele e Erazo foram uma dupla nova, sem entrosamento.
Ah, mas em cada bola na área do Grêmio ficou nítida a falta de Geromel. Faltou também a presença tranquilizadora de Grohe, embora o estreante Bruno Grassi não tenha comprometido. Grohe transmite segurança à zaga, coisa que um novato, por melhor que seja, não consegue tão rapidamente.
Os volantes Edinho e Wallace foram os melhores do time. Uma ou outra vacilada, mas foram os que mais acertaram.
Do meio para a frente entre mortos e feridos ninguém se salvou.
Elejo Douglas o pior. Ele vive um grande momento, mas contra o SP errou demais. Sem contar que o técnico Roger precisa se impor e não deixar que esse cidadão cobre faltas próximas da área quando Luan e/ou Wallace estiverem em campo.
Pois foi de uma cobrança de Douglas que saiu o contra-ataque puxado por Alexandre Pato (o nome do jogo) e concluído por ele, Pato.
Douglas não é e não pode ser o dono do time!
Outro que abusou de errar foi Luan, mais distraído do que nunca. Giuliano combativo como sempre, o melhorzinho do setor.
Depois, tem o Fernandinho. Fez um bom primeiro tempo, mas de seus lances individuais quase não acontece nada, a não ser uma bola afastada de área. Mesmo assim, incomodou e preocupou a marcação. Logo após o gol de Pato, Fernandinho perdeu boa chance ao receber uma bola milimétrica enfiada por Luan, num de seus raros acertos. Penso que Éverton ou Pedro Rocha teriam chegado melhor no lance.
No segundo tempo, aos 11 minutos, Fernandinho sofreu falta na risca da grande área. Talvez dentro da área. O juiz, a 3 passos do lance, mandou a jogada seguir com a maior cara-de-pau. Houve um lance de chute por trás em Luan, que o juiz ignorou.
Roger tentou dar mais poder de fogo ao ataque ao colocar Bobô no lugar de Fernandinho. Não adiantou muito.
O melhor lance de Bobô no jogo foi um chute no vazio numa bola rolada da linha de fundo. O erro – ou teria sido uma jogada genial do centroavante flexível? – beneficou Éverton, que mandou para a rede, descontando e dando novo ânimo ao time nos minutos finais. Pedro Rocha foi outro que entrou muito bem.
Minha conclusão é simples e objetiva: sempre que for sacar Fernandinho, Roger deve colocar um desses três jogadores, pela ordem: Pedro Rocha (que pra mim é titular) e Éverton. Em terceiro, Mamute ou Bobô.
Com a derrota e a vitória do Corinthians, pra variar, penso que ninguém mais acredite que o Grêmio possa disputar o título.
Portanto, o negócio é garantir vaga no G-3 e apostar todas as fichas na Copa do Brasil.
Resumindo o que venho dizendo há horas.