Não bastasse a eliminação da Copa do Brasil diante de um time inferior, é duro deparar em seguida com entrevista do sr. Assis Moreira, aliás figurinha fácil sempre que o mano famoso se encontra desempregado, e agora descendo a ladeira feito carrinho de rolimã sem freio.
O material publicado no clirbs (reprodução de entrevista à rádio Gaúcha) tem como destaque a seguinte frase do irmão/empresário/procurador/conselheiro/sócio:
‘Queria uma relação melhor com o nosso clube do coração’.
Sério, quase chorei.
Transcrevo o que li por uma questão de preservação da minha saúde, não poderia conviver com essa declaração sem a compartilhar com os amigos – uma espécie de terapia.
Leiam, mas o façam perto de um vaso sanitário, porque a vontade que dá, na verdade, é de vomitar. E de chorar, sim, mas de raiva:
– Falar do Grêmio é sempre complicado porque todos sabem toda gratidão que nós temos e a importância que o clube tem na nossa vida. Não temos nenhum problema com o Grêmio. Naquele momento (no final de 2010 e início de 2011), algumas pessoas tomaram decisões e nós não ficamos. Não sei se isso um dia vai se solucionar, mas a gente tem a consciência tranquila de que fizemos tudo dentro da lei. Nunca fizemos nada que não fosse correto. Gostaria que essa relação com o Grêmio, que é o nosso clube do coração, fosse muito melhor. A gente paga o preço alto por ter tomado decisões – disse Assis.
Vou destrinchar rapidamente o texto acima, frase por frase:
Frase 1: ‘Falar do Grêmio é sempre complicado porque todos sabem toda gratidão que nós temos e a importância que o clube tem na nossa vida.’
Que o Grêmio foi importante na vida da família toda é inegável. Só quem demonstrou reconhecimento foi a própria família, que não vacilou em demonstrar toda sua ‘gratidão’ ao deixar clube pendurado num pincel.
Frase 2: ‘Não temos nenhum problema com o Grêmio’.
Nem pode ter problema com o Grêmio. A família Assis Moreira só pode ser grata ao clube que sempre a amparou e apoiou. O Grêmio é que tem problema com a família AM.
Frase 3: ‘Naquele momento (no final de 2010 e início de 2011), algumas pessoas tomaram decisões e nós não ficamos.’
Essa é uma história nebulosa. O fato é que houve um leilão. O sr Assis Moreira conduziu tudo ao seu jeito e atingiu seu objetivo. Penso que o Grêmio foi usado, e acabou tento mais sorte que juízo.
Frase 4:
‘ Não sei se isso um dia vai se solucionar, mas a gente tem a consciência tranquila de que fizemos tudo dentro da lei’.
Evidentemente que foi tudo dentro da lei – só considero que faltou ética e respeito ao clube que dizem amar -, tanto no episódio recente como naquele que realmente importa, o de 2001, que acompanhei muito de perto como repórter do Correio do Povo. Sobre ter a consciência tranquila, isso até o mais frio assassino tem. Aí é uma questão de psicopatia.Vejam esta definição: “Para os psicopatas as pessoas são coisas, objetos que servem para satisfazer seus interesses.
Frase 5:
‘Nunca fizemos nada que não fosse correto’.
Obviamente, uma frase que não corresponde à realidade. Não existe quem NUNCA tenha feito tudo certo, o que me induz a supor que uma frase tão taxativa é antes de tudo uma defesa prévia, um escudo, uma muralha.
Frase 6:
‘Gostaria que essa relação com o Grêmio, que é o nosso clube do coração, fosse muito melhor’.
Sem dúvida. A família gostaria de poder frequentar à Arena em paz, sem medo de hostilidades. Como se fosse sua casa. Poder ir ao brique da Redenção, passear no Gasômetro, essas coisas simples da vida. A família gostaria de ser querida, acarinhada. O filho famoso sairia pelas ruas sem proteção, porque estaria sempre cercado de fãs, sorrindo um sorriso de verdade, aquele que ele tinha na infância e em seu período no Grêmio, o único em que ele realmente foi amado por uma torcida. Um amor que naquele momento o torcedor gremista acreditava ser mútuo. Sr. Assis Moreira, quem apanha não esquece. A atitude de 2001 nunca será esquecida pela imensa maioria da torcida gremista.
Frase 7:
‘A gente paga o preço alto por ter tomado decisões’.
Ainda bem que o líder da família AM está consciente ao menos disso. Todos nós colhemos o que plantamos.
Conclusão:
Deve ser muito triste ter fama e montanha de dinheiro, mas não contar com a simpatia -pelo contrário- de grande parte de sua aldeia justamente agora que os aplausos diminuem e a bola já não o trata com a veneração e o respeito de outros tempos. O futebol que era alegria, se tornou um fardo.
Faltou uma pergunta nessa entrevista com o sr Assis Moreira:
Será que valeu a pena colocar o dinheiro tão acima de outros valores?