Pelo singelo motivo de que ontem era dia do aniversário de minha mãe, só consegui ver algumas partes do jogo Grêmio x Atlético Mineiro, pelo torneio sub-20.
A impressão que tive, depois de ter visto também parte do jogo contra o Atlético-PR, ficou reforçada:
Os jogadores atuam como se nunca tivessem jogado juntos. É um time sem conjunto, sem entrosamento, sem jogadas ensaiadas.
Lembra aqueles times de pelada em que o pessoal se junta na hora e se farda.
Importante registrar que os demais times do sub-20 não são diferentes.
Recorro ao testemunho de dois botequeiros: Francisco Coelho, veterano, e o Gabriel Lopes, da categoria júnior. Os dois enviaram seus comentários.
Primeiro, o Chico Coelho, patrono do boteco, que viu apenas o segundo tempo:
“Como já havia constatado, ao enfrentar uma equipe bem postada e treinada, nosso Grêmio sofre na criatividade e não consegue criar espaços para jogadas e arremates. Temos bons jogadores, mas insistem em demasia na mesma jogada, sem respaldo (apoio ou aproximação de companheiro) e em quase a totalidade dos ataques, a bola é recuperada pelo adversário.
Nitidamente, o Atlético, avançou a marcação, estando à frente no marcador compactando a defesa, impediu a individualidade gremista, onde o coletivo falhava nos passes.
Tilica é um velocista leve, assim como Ty, e no confronto com defensores fortes, necessitam de espaço para superá-los. Tirando o espaço pouco rendem. Batista ficou preso na defesa atleticana e na única oportunidade real, chutou muito mal, fruto de afobação e cansaço.
A única finalização perigosa foi do Érick.
Tontini não conseguiu criar, sem espaço, e o mesmo com Nicolas, que normalmente são às válvulas de escape para a criação e finalização do Batista. Marcando a criação, o Grêmio do Bugre ficou afobado e raros passes aproveitados. Passes de média e longa distância, com força, não foram dominados, aonde ao matar a bola sem conseguir absorver à velocidade, ela fugia do controle, permitindo ao adversário à recuperação.
No meu entender, o Diogo Schüler Giacomini, treinador do Atlético, aparenta ter lido bem o Grêmio e colocou o Capixaba (João Victor da Vitória Fernandes) que é um jogador arisco, de grande capacidade, na condução da bola e drible que infernizou a defesa gremista.
Thalis Henrique Cantanhede, da intermediária num bom chute pegou o goleiro gremista adiantado e marcou um belo gol.
Gostei do Arthur e do Kaio, pelo empenho que tiveram e muito trabalho. Nas laterais Wesley e Iago, não conseguiam fazer bons cruzamentos nem arremates. A zaga, não esteve bem, como todo o conjunto gremista, insistindo em tocar a bola lateralmente e errando passes. Ficou a nítida impressão de um time não acostumado a jogar quando apertado pelo adversário, tal qual, o time principal.
As substituições não fizeram efeito e faltou a criação, aonde o meio campo deveria ser o condutor das jogadas e não as pontas, como o proposto, sem bons cruzamento e área congestionada. Não sei, mas a entrada dos meias Nikolas e do Machado, seriam as mais indicadas”.
Agora, a análise do Gabriel:
“Por que os jovens insistem em imitar os mais velhos???
O jogo iniciou com a equipe gremista mais à frente, explorando as laterais do campo e especulando as bolas paradas. Essa foi a síntese do primeiro tempo : bolas alçadas e a defesa atleticana falhando. Os mineiros atrás, talvez pelo desfalque do meia Felipinho, com a famosa estratégia de jogar por uma bola, (parece que já vi um treinador ser vice brasileiro assim, melhor não provocar hehehe) apostando no futebol do bom meia Thales e do arisco Capixaba.
Quando parecia que o gol era questão de tempo o meia Tales do time mineiro arriscou um chute da intermediária e o nosso goleiro, Vitor, errou o tempo de bola e falhou decretando o gol que mais tarde selaria a vitória do galo.
Veio o intervalo e no segundo tempo o contexto permaneceu: o Atlético marcando e o Grêmio abusando dos Chuveirinhos para área. Para piorar a situação, o nervosismo gaúcho. Os mineiros voltaram com uma cobertura mais eficiente, cometendo menos faltas bobas nas proximidades da sua área e mais perigosos nos contra ataques.
Em uma das poucas jogadas bem trabalhadas pelos gremistas o centroavante Batista, após desvio do zagueiro, perdeu a chance do jogo, de frente com o goleiro, chutando longe do gol. Na sequência, num rápido contra ataque foi a vez do Tales perder, só que para o Atlético . Após os 40 minutos o Grêmio partiu para o “abafo” sem sucesso.
O resultado foi justo, pois dentro de sua estratégia, o Atlético MG conseguiu controlar o ímpeto dos meninos gremistas que brigaram muito em jogo que mais parecia uma partida do Charmosão dada ‘ pegada ‘ de ambas equipes.
Sobre o árbitro, o Vuaden foi bem, num campo pesado, mas com condições da bola rolar, não teve influência no resultado final. A expulsão do zagueiro Denílson, que puxou pelo pé um jogador atleticano que fazia cera para fora de campo, nos acréscimos, foi justa, mesmo com a encenação…
Destaques para o volante Artur, que está pronto para ser o substituto do Maicon, a luta do Tilica pelo lado, Marcão e Denilson formam forte dupla de zaga e o LATERAL esquerdo Iago se lapidado pode dar retorno.
Por fim, ficou um gosto amargo, pois a exemplo dos profissionais, as equipes que vão disputar o título não apresentaram um futebol superior, tampouco talentos melhores que os nossos. Então, o que acontece com a instituição Grêmio que diante da possibilidade de vencer um título relevante sucumbe???”.