Desde que tomou assento no panteão dos clubes brasileiros campeões do mundo o Inter, em todo começo de ano, vive a fantasia de que irá repetir temporadas vitoriosas.
Por exemplo, voltará a ser campeão brasileiro. Essa tem sido uma obsessão colorada, amparada e cobrada inflamadamente por setores da imprensa, inconformados com a realidade – como se sabe a realidade muitas vezes entra em conflito com sonhos e delírios, ainda mais no futebol – cruel de ter festejado o último título do Brasileirão em 1979. É muito tempo. Lá se vão, assim como num piscar de olhos, 35 anos.
Falcão, grande craque daquele time, virou treinador, depois comentarista, voltou a ser treinador, etc. Da cabeleira loira e esvoaçante restaram uns poucos fios, que Falcão insiste em conservar, talvez como lembrança dos velhos tempos de craque dos gramados. Ênio Andrade, o mestre, faleceu faz tempo.
Batista, outro destaque daquele time que tinha ainda Mauro Galvão, Jair, Valdomiro, Mário Sérgio e Benitez, segue por aí, azucrinando a vida dos gremistas com seus comentários com forte tom vermelho.
Neste ano, o Inter inovou. As notícias ufanistas em torno do clube, com projeções para lá de otimistas, algumas vislumbrando o time vencendo outra Libertadores – neste ano ao menos isso ficou de fora dos devaneios – e, acima de tudo, e sempre, o tetra campeonato brasileiro, foram consideradas insuficientes.
Claro, os jogadores colorados continuam sempre os mais valorizados e cobiçados. Anderson, de futebol apagado no ano passado, de uma hora pra outra, recebeu proposta de 25 milhões de reais do tuebol chinês. A proposta em si já é fantástica, mas como adjetivar a recusa?
Livra-se um salário altíssimo e ainda pega uma grana. Mas não, o Inter em sua Terra do Nunca quer mais, quer 42 milhões de reais por Anderson.
Curioso é que ninguém se aventura a pedir que o Inter mostre um documento com a proposta essa de 25 milhões para acabar com os comentários – inclusive de colorados – de que a proposta não existe de fato.
Ainda dentro dessa linha de dar um ‘up’ nas coisas do Inter, projeta-se agora que Andrigo será a grande afirmação de 2016. Ninguém arriscou-se a prognosticar um valor pelo seu passe, mas eu imagino que possa rivalizar com a ‘proposta’ de 100 milhões de reais por Rodrigo Dourado.
O mundo da fantasia criado em torno do Inter já não era suficiente. O Inter acabou mergulhando de cabeça na ilha da fantasia, com direito a desfile e tudo na terra de Mickey, Pateta, Donald e cia.
O resultado na Florida Cup, vencida pelo Atlético Mineiro de Diego Aguirre e seu preparador físico ‘incompetente’, ficou em quinto plano.
A avaliação do clube é que ‘a internacionalização da marca ficou acima das expectativas’, mesmo considerando que a média de público nos jogos do torneio ficou em torno de mil e poucas almas, contando os pipoqueiros. Esse é um detalhe irrelevante dentro de uma pauta otimista.
Tampouco interessa o fato de que o clube teve prejuízo nessa investida. Pouco importa se ‘não houve resultados financeiros’, eufemismo utilizado para prejuízo, que, além de financeiro, pode ser técnico em função de uma pré-temporada fora dos padrões.
Quem se deu bem mesmo foi D’Alessandro. O midiático meia aproveitou o clima festivo e surreal para testar sua habilidade chutando a bola oval. Não faltou alguém para comentar que o argentino poderia arriscar uns chutes no futebol americano.
Duvida aparece uma proposta milionária na mesa mágica do presidente colorado, já com jeito de novo Rei Midas.