Se querem saber, vejo algo de muito positivo na derrota gremista em seu jogo 100 na Arena, diante de sua torcida e de uma dúzia de torcedores do bravo São José.
Eu já estava percebendo muita gente de salto alto em função de bons resultados e até boas atuações nesse campeonato que todos sabem – mas parecem esquecer às vezes – não passa de um engana-bobo.
Uma vitória sobre o modesto, mas bem organizado, Zequinha poderia inocular também nos jogadores o vírus do ‘já ganhou’ que é fácil verificar nas redes sociais.
Se o Grêmio tivesse perdido jogando mal, eu ficaria preocupado.
Mas o fato é que o Grêmio jogou relativamente bem, considerando que criou inúmeras chances de gol e só não saiu na frente no placar porque esbarrou no eficiente e sortudo Fábio.
É claro que preocupa o sistema defensivo. Marcelo Oliveira fez uma péssima partida, mas a gente sabe que ele joga muito mais. Agora, o que esperar mais de Kadu? No segundo gol, ele foi pior que o pior zagueiro da várzea de qualquer lugar ao empurrar a bola para a frente da área, onde apareceu Guilherme para agradecer e chutar sem qualquer chance de defesa do Grohe.
Aliás, o goleiro gremista fez duas grandes defesas em chutes de fora da área. Os corneteiros de plantão devem levar isso em conta antes de ofenderem meus ouvidos.
No mais, gostei de ver Pedro Rocha driblando e jogando com menos tensão. Éverton também teve ótimos momentos. Luan, igualmente.
O volante Kaio foi bem, e pode aos poucos afirmar-se. É esforçado e com ele não tem bola ruim.
O lateral-direito, o Wallace Oliveira, é mediano. Ainda há tempo de contratar outro.
Henrique Almeida entrou no segundo tempo, mas pouco acrescentou, o que é até muito natural.
Douglas foi um jogador a menos. Lincoln entrou e deu uma melhorada no time, mas não o suficiente para ajudar a evitar a derrota por 2 a 0 a poucos dias da estreia na Libertadores.
Repito, o resultado é inquietante, perturbador, mas o Grêmio jogou mais que o Zequinha, a meu ver.
Por isso, acredito muito numa vitória no México. Agora, só não pode perder tantos gols e dar tanto espaço ao Toluca.
PRIMEIRO TEMPO (texto escrito no intervalo)
O Grêmio jogou todo o primeiro tempo passando a impressão de que seu gol não tardaria. Questão de ajuste da pontaria, com mais precisão e mais potência em uma ou outra situação.
Mas esse mesmo Grêmio deixou-me convencido que não sairia desse centésimo jogo na Arena sem levar pelo menos um gol. A vulnerabilidade do sistema defensivo – e aí incluo também a marcação no campo de defesa do adversário, na origem das jogadas – fez a alegria dos atacantes do Zequinha.
Se o Grêmio teve infelicidade nas finalizações – algumas daquelas que Deus castiga -, sobrou sorte e, claro, habilidade para Heliardo deslocar o goleiro Grohe, que anteriormente havia feito grande defesa. O lance começou num descuido de Luan, que teve a bola roubada por um adversário no campo de ataque.
Minutos antes, o Zequinha havia feito dois contra-ataques também com bolas perdidas na frente, ambas com origem em passes errados de Marcelo Oliveira, que hoje mereceu o rótulo de ‘avenida’, embora eu o considere um lateral superior. No Grêmio, sem substituto.
Prevejo para o segundo tempo um Grêmio mais firme na marcação, um Zequinha explorando contra-ataques, e uma virada tricolor, mais uma vez.
Agora, temo pela arbitragem de Leandro Vuaden. Será insuportável para uns e outros o Grêmio fechar a rodada com 100% de aproveitamento.
Vamos ver.