Sempre que um treinador coloca dois centroavantes para reverter um resultado que está negativo é porque já não sabe o que fazer.
O técnico Roger Machado, na ânsia de buscar a vitória na parte final do segundo tempo, sacou Luan (este porque sentia dor muscular, o que afetou seu rendimento), Giuliano e Douglas. Nada menos do que o trio técnico e cerebral do time.
Em troca, entraram Bobô, Fernandinho e Henrique Almeida. Três atacantes órfãos de municiadores. Não ficou ninguém para articular nos minutos finais, quando o time argentino tomou conta do jogo, mas com pouca eficiência em termos de conclusão.
Erro de Roger Machado. Não é a primeira vez, aliás, que ele mostra dificuldade para fazer as substituições adequadas na hora adequada.
O raciocínio de Roger foi simplista demais. Quero ganhar, então empilho atacantes. Ora, não é por aí.
Ninguém tira de Roger o mérito de ter armado um belo time no Brasileirão.
Mas o futebol não vive do passado.
Roger tem crédito, mas um crédito que vai se esvaindo rapidamente com essa insistência de manter Douglas como pedra fundamental e ter Fernandinho como uma das principais alternativas mesmo sabendo que ele não resolveu nenhum jogo nos últimos tempos.
Difícil de entender também por que Lincoln é sempre esquecido, e contra o San Lorenzo sequer ficou no banco. A continuar assim Roger pode ficar marcado como o treinador que foi eliminado da Libertadores tendo um jovem talentoso como Lincoln preterido por experientes decadentes.
Talvez Roger veja em Lincoln um jogador mediano, sem condições de substituir Douglas. É um direito seu. O tempo dirá se ele está certo.
Agora, apesar de tudo, da frustração de empatar em casa com um time que nem é lá essas coisas, um time que em determinado momento do segundo tempo parecia morto, entendo que o Grêmio até mereceu vencer.
Ouvi um comentarista afirmar que o melhor do jogo para o Grêmio foi o empate, sugerindo que o San Lorenzo mereceu vencer.
O Grêmio teve duas bolas na trave e alguns lances de muito perigo na área do rival. O San Lorenzo chegou a pressionar, mas sem dar muito trabalho para Roger. E essa pressão aconteceu por culpa de Roger, que perdeu o meio-campo.
Roger inventou o esquema ‘ressuscita morto’.
Nem tudo está perdido. Complicou a classificação, mas ela ainda é possível. Se tiver o time completo e descansado o Grêmio pode vencer fora.
Para isso, é preciso que a direção não repita o erro de escalar força máxima como fez contra o Inter sabendo que haveria um jogo fundamental pela Libertadores três dias depois.
Sei que a ideia era vencer o Grenal, mas a que custo? A paixão superou a razão.
Essa decisão custou a perda de Bolaños e hoje se viu também a de Luan, que se arrastou em campo até sair mais cedo.
Sobre o time, Geromel de novo o grande destaque, inclusive em função do chute na trave. Joga muito. Já tem gente pedindo sua convocação pra seleção. Coisa de colorado querendo desfalcar ainda mais o time, que não terá tão cedo Miller Bolaños, vítima de agressão no clássico.
No final, ouvi vaias. Mau sinal.