Está rolando na aldeia um debate que vai do nada para lugar algum. Afinal, qual a posição de Lincoln? Está aí uma perguntinha desnecessária, porque quem é bom mesmo joga em qualquer lugar, dentro dos limites de suas características, lógico.
Um ex-dirigente gremista, dos mais vitoriosos no futebol gaúcho, defende que Lincoln seja atacante. Outros garantem/acreditam que o guri vai se dar bem mesmo é na meia, um jogador que arma, organiza e aparece na área para concluir.
Pelo que vi até agora, Lincoln tem futuro garantido tanto como atacante como meia. Mas eu, particularmente, prefiro o guri municiando o pessoal mais adiantado, mas sempre que possível se confundindo com os atacantes e até invertendo posições.
Enfim, liberdade total para Lincoln, mas com algumas atribuições táticas. Nada que tolha sua criatividade.
Então, qual a posição de Lincoln? Qualquer uma do meio pra frente. Ele gradativamente vai encontrar o seu lugar, com ajuda do técnico, sem dúvida.
Foi assim que aconteceu com Ronaldinho antes de ser ‘Gaúcho’ e proscrito pela generosa (com seus ídolos verdadeiros) torcida tricolor.
Ronaldinho, em seu começo entre os profissionais, também gerava dúvidas, mas todos sabiam que ele estava um embrião de craque. O ex-deputado, ex-dirigente colorado e ex-integrante da crônica esportiva, Ibsen Pinheiro (com quem trabalhei um tempo na editoria de esportes da Folha da Tarde), cheio de inveja, por certo, comentou algo como ‘que craque é esse que ninguém sabe qual a posição dele’.
Realmente, não se sabia ainda qual seria a melhor posição para o guri talentoso que buscava seu espaço na terra do futebol do sangue nos olhos e faca na boca.
Só havia uma certeza: Ronaldinho seria um craque renomado no mundo todo.
Não sei se Lincoln atingirá o mesmo patamar – até acredito que sim -, mas tenho absoluta certeza que a discussão que menos importa agora é sobre qual a verdadeira posição ou função de Lincoln.
Tanto faz. O que interessa realmente é que Lincoln tenha chance de afirmar-se como titular, que ele receba as oportunidades normalmente concedidas a jogadores que vêm de fora.
Neste domingo de Páscoa, 16h, quem for a Arena verá Lincoln de perto, começando como titular.
É o tipo de situação que lá adiante, no futuro nem tão distante pelo jeito, o torcedor poderá dizer: eu vi o Lincoln de perto, ainda menino.
Não são muitos os times que contam com algum jogador que motive o torcedor a trocar o conforto do sofá por um estádio de futebol. Alguém que valha o preço do ingresso.
O Barcelona tem pelo menos quatro desse tipo.
O Grêmio tem um: Lincoln.
O HOLANDÊS
Qual era a posição de Johan Cruyff? Todas que ele quisesse, respondo.
Foi um jogador fantástico. Ele jogava do meio pra frente. Mas era visto em todos os setores do campo.
Os técnicos de futebol precisam entender que não se pode impor limites geográficos aos craques.
O craque é como um poeta. Precisa de liberdade.
Cruyff era um craque técnica e taticamente. Um gênio do futebol.
Melhor que ele só Pelé.
JOGO
No jogo deste domingo contra o Lajeadense – meu terceiro time -, Lincoln é a grande atração.
Ele entra no lugar de Giuliano, lesionado.
Será que ele sairia jogando se Giuliano estivesse bem?
Bem, o que importa é que o guri joga. Douglas é mantido mais centralizado. Lincoln vai jogar mais aberto, em princípio pela direita.
Espero que possa trocar com posição com Éverton, movimentando-se sem amarras no setor ofensivo.
Afinal, jogadores como ele realmente não têm posição.