Grêmio: um difícil recomeço

Ganhando ou perdendo, é sempre preciso seguir em frente, recomeçar, mesmo no auge da euforia pela vitória ou ainda desanimado com o fracasso recente.

É como aquelas manhãs em que é preciso encontrar muita força para sair da cama, seja pela ressaca das comemorações, seja por mais uma decepção.

Por mais que a gente apanhe, é preciso levantar, sacudir a poeira, e seguir acreditando que os bons tempos hão de voltar, e isso pode acontecer em seguida, na próxima competição, por mais que os fatos apontem o contrário. Futebol é assim, imprevisível dentro de sua previsibilidade.

Todos nós sabíamos que o time do Grêmio com uma defesa de segunda divisão acabaria afundando mais uma vez. Que com Douglas uma grande conquista seria quase impossível. Tudo previsível. Mas ainda assim acreditamos. E mais uma vez estamos aqui lambendo as feridas, buscando culpados, e nos preparando para começar de novo.

Encontrei um gremista daqueles antigos, como eu, sobrevivente dos anos 70. Ele me olhou fixamente e confessou:

– Brochei total, estou me sentindo um zumbi.

– Haja Bardhal -, retruquei.

Rimos. Rir numa hora dessa?

– Não acredito no Alberto Guerra -, cortou ele. Se bem que pior que o Rui não vai ser, não pode ser -, acrescentou, esperando talvez uma palavra de conforto, de esperança.

Pensei com meus botões: sempre pode ser pior. Mas não falei, com medo de que ele se jogasse na frente do primeiro ônibus no corredor da Protásio.

Antes de nos despedirmos, provoquei: o Guerra gosta do Portaluppi.

Ele soltou um ‘putaquepariu’, se afastou depressa, agitado. Acho que nem ouviu o que gritei, ainda bem:

– Pelo menos ele não fica abatido no banco de reservas vendo seu time se desmanchar em campo.

ROGER

Roger Machado está sendo contestado. Seu comportamento depressivo no jogo em Rosário pegou mal, muito mal. Quando mais o time precisava, ele recolheu-se, afundou na casamata.

Desconfio que ele passou um recado ao torcedor: é o máximo que eu posso fazer com esse time que foi entregue, não é culpa minha.

Por mais precário que seja o time do meio para trás, Roger tinha a obrigação de armar um sistema defensivo mais eficiente. Se os zagueiros são fracos e os laterais insuficientes, cabe ao treinador buscar soluções. Nunca aparentar desânimo e conformidade na casamata.

Como cobrar indignação do time se o comandante já entregou os pontos?

Roger está sendo avaliado.

De minha parte, acho que ele deve ser mantido. O Roger ainda pode encontrar dentro de si o técnico motivado, ousado e criativo que encantou a todos no Brasileirão passado.

Hoje, o que hoje criticamos em Roger – seu jeito tranquilo demais por vezes e seu discurso recheado de frases e expressões extraídas de livros técnicos –  era elogiado por todos.

Argel, com seu jeito rude e simples, sofreu com a comparação.

Mas penso que Roger pode render mais com dirigentes que possam lhe dar respaldo maior e, principalmente, tenha capacidade de encontrar jogadores à altura da grandeza do Grêmio.

Se Roger fracassar, penso que Marcelo Oliveira deveria ser contratado.

Ou, mais adiante em caso de desespero, naquela hora em que Jesus está chamando, Renato Portaluppi.

CONSELHEIRO

Grato a todos que manifestaram apoio à minha caminhada para ser conselheiro do Grêmio.

Não são muitos, mas são valiosos, porque demonstram confiança em mim. E isso é muito gratificante. 

Nem sei como agradecer.