Inter joga como time de série B. Grêmio só empata

O que se viu no Beira-Rio neste domingo foi o duelo entre um time candidato ao rebaixamento e outro postulante ao título.

O futebol que o Inter jogou foi de time fraco da segunda divisão. Teve sorte de não ser goleado pelo Corinthians.

A herança deixada por Argel é uma carga pesada demais para Falcão carregar.

O pouco de organização que o time possuía virou pó. Antes havia o chutão tão questionado pelos colorados de todas as instâncias – querem ver o Inter jogando como o Grêmio, de futebol bonito e eficiente. Hoje, não há chutão nem toque de bola, apenas confusão tática.

Quem caiu duas vezes, como o Grêmio, na primeira repetindo o refrão de que não havia risco de rebaixamento até a derrota derradeira diante do Botafogo, no Rio, identifica os sinais de queda.

A possibilidade de cair só não é mais concreta porque há pelo menos uns seis clubes com equipe pior. O problema é que nenhuma delas – com exceção do Cruzeiro – tem atrás de si uma torcida ambiciosa, que se torna agressiva como se viu mais uma vez após a derrota por 1 a 0, o que torna o ambiente tenso, afetando diretamente os jogadores. 

Torcedores reagiram com violência, depredando o patrimônio do próprio clube e gritando ‘fora Píffero’ entre outros. Falcão, como chegou faz pouco, foi poupado ao menos dessa vez.

Como se sabe, o Inter já escapou duas vezes de cair, em ambas as situações de maneira nebulosa, em especial a conhecida como o ‘caso Payssandu’, em 2002.

O caminho que leva à segundona começa por não reconhecer que o risco existe.

A torcida pelo jeito já se deu conta e quer providências urgentes.

Se o Inter cair leva junto a mais forte gozação dos colorados sobre os gremistas.

GRÊMIO DECEPCIONA AO SÓ EMPATAR COM O LANTERNA

Grêmio parece sofrer da (SAM) Síndrome do Adversário Menor. Enfrentou o lanterna do Brasileirão e não conseguiu se impor, e isso que vinha de uma vitória alentadora, que deixou nove entre dez gremistas – o um que falta nessa conta é de secadores – sonhando com o título.

O sonho persiste, mas entremeado de monstros assustadores como esse tal do América Mineiro do técnico ‘estudioso’ e do atacante que mudou de nome, o Vitinho, que agora é chamado de… não importa.

Não tem como não vencer o América. O consolo é que também o Palmeiras se deu mal com um time da ponta de baixo, e caiu aos pés do Botafogo.

Como se não bastasse foi duro aguentar Marcelo Grohe fazendo cera nos minutos finais. O time estava com um a menos – Edilson foi expulso após uma entrada temerária e desnecessária -, mas nem isso justifica o que Grohe fez.

Está certo, ele evitou o pior com duas grandes defesas. Mas precisava fazer cera?

E mais, a reposição de bola com os pés é ridícula. Numa delas, o Maicon reclamou. Em outra, ele que notoriamente chuta mal saiu da área para bater uma falta a poucos minutos do final. E o time deixou… A bola saiu pela lateral, claro.

Em termos ofensivos, só se salvou Miller Bolanos, que sentiu a falta de parceria qualificada, mas por pouco não fez um gol.

Enfim, um empate frustrante em que ficou evidente a falta de reposição qualificada na frente.

Mas o que importa, no final das contas, é que o Grêmio segue entre os líderes e na briga pelo título.

Desafio de Falcão: jogar como o Grêmio

O Inter quer ser o Grêmio. Quer dizer, o torcedor colorado quer seu time jogando como o Grêmio.

Argel caiu porque perdeu demais, além da conta, e também porque não conseguiu fazer seu time jogar como o Grêmio. 

Enquanto o time ainda ganhava, Argel era tolerado, aceito com relutância, com resistência pela maioria colorada, inclusive e principalmente os da mídia.

Foi assim no Brasileirão/2015, na conquista do Gauchão e, mais recentemente, nas primeiras rodadas do Brasileirão/2016.

Argel, na realidade, não resistiu à comparação com Roger Machado.

Não foram poucas as vezes em que Argel, nas entrevistas, mostrou um certo despeito por, mesmo vencendo, não ter o reconhecimento da mídia, nem local, e muito menos nacional, onde seu rival, Roger, segue reverenciado.

Inveja que ele mal conseguia conter. 

Argel seria o italiano Salieri, músico competente assim como é competente Argel, mas sem o brilho do alvo de sua inveja, Mozart.

O grande compositor austríaco seria Roger, reconhecido, festejado, admirado.

Mozart é lembrando por sua obra magnífica. Salieri, coitado, por sua inveja de Mozart, embora, dizem os entendidos, tenha feito boas composições.

Salieri, no futebol, seria a cotovelada, o chutão pra frente, a entrevista confusa. Mozart, a elegância e o futebol com toque de bola, a entrevista com frases bem formuladas e didáticas, encantando a todos. Inclusive muitos colorados.

Não é por outra coisa que o Inter foi buscar Falcão, um técnico de linguagem educada, postura elegante e adepto de um futebol bola no chão, ao estilo do praticado pelo Grêmio de Roger.

O desafio de Falcão é, primeiro, retomar o caminho das vitórias e afastar o fantasma da segundona, que anda atormentando os cronistas esportivos vermelhos, seguidamente mandando sinais de alerta para o Beira-Rio;

e, segundo, fazer isso jogando como o Grêmio.

Se Roger é Mozart; Falcão terá de ser nada mais nada menos do que um Beethoven.

Só assim ele poderá fazer seu time jogar da forma como joga – e encanta – o Grêmio.

 

O dia em que aplaudi Negueba

Eram 44 minutos do segundo tempo. Negueba saía de campo. Quando dei por mim estava aplaudindo entusiasticamente o jogador que quase me fez desistir de ir ao jogo contra o São Paulo. Temia pelo pior sem Wallace, Luan e Giuliano. E com Negueba como ‘reforço’. 

O preconceito é um dos maiores males da humanidade, eu sei. O preconceito está presente também no futebol, está em toda parte. 

Tenho de superar esse preconceito em relação ao Negueba. Foi pensando nisso que decidi ir à Arena.

Quem sabe Negueba não encaixa e o Grêmio faz um bom jogo e ganha do São Paulo?

No futebol, é comum ocorrer que jogadores desacreditados acabem luzindo, nem que seja apenas por um jogo.

Pois Negueba brilhou. Jogou demais, principalmente para mim que dele nada esperava além de correria de peladeiro.

Negueba marcou, recuou, atacou, chutou a gol, trocou passes com precisão. Enfim, e aí o maior dos elogios que posso fazer a ele neste momento: ninguém sentiu falta de Giuliano. E, pelo jeito, nem há de sentir, porque Negueba tem tudo para se tornar peça importante no esquema armado pelo técnico Roger Machado, que acreditou e investiu nesse jogador.

Méritos de Roger, e também da nova diretoria de futebol, que acertou em trazer Edilson (outro que critiquei) e agora Negueba. Neste domingo, ele jogou tanto ou mais que Giuliano, por um preço muito inferior.

DOUGLAS

Foi mesmo um domingo diferente. Até Douglas em aplaudi. Ele jogou muita bola. Dessa vez Roger o sacou do time na hora exata, logo após o meia errar um passe de forma bisonha para alguém tão talentoso.

Douglas foi demais. Várias vezes apareceu no setor defensivo tricolor, inclusive na área.

Mas continuo defendendo um meia que jogue nessa posição e que tenha uma jogada individual mais forte e vertical. Isso não impede que eu seja justo e o elogie quando for merecido.

GEROMEL

Agora, ninguém foi melhor no Grêmio que o Gerome. A presença do zagueiro Wallace parece que deixou Geromel mais tranquilo, mais seguro. Wallace é um baita zagueiro.

O problema é que o técnico Tite estava na Arena.

Se depender da atuação contra o SP, Geromel será convocado por Tite. E isso seria péssimo.

O MELHOR

O melhor em campo foi o goleiro Denis. Ele fez defesas espetaculares. Marcelo Grohe foi um mero espectador, o que prova a imensa superioridade do Grêmio no jogo.

Até no gol gremista Denis brilhou, porque evitou o gol de Maicon (outro de grande atuação), mas acabou largando a bola nos pés do onipresente Douglas. 

MILLER

O gol partiu de um passe preciso do Miller Bolanos na tabela com Maicon. Jogada treinada, segundo Roger.

Fora isso, o equatoriano finalmente dirimiu qualquer dúvida. É um bom atacante. Acertou quase todos os passes e arrematou a gol, num dos chutes obrigou Denis a grande defesa. É jogador para ficar nas imediações da área.

Joga com inteligência e simplicidade.

No mais, foi uma das melhores atuações do Grêmio que eu vi nos últimos anos.

E com o Negueba em campo. Futebol, futebol…

INTER

O time colorado foi muito beneficiado pela arbitragem em Campinas. Nem Corinthians, nem Flamengo, conseguiram tantos benefícios de uma arbitragem.

É tema para reflexão.

A Ponte teve um gol anulado (a bola cruzou a linha da goleira uns 30 ou 40 centímetros) e depois dois pênaltis indiscutíveis.

A Ponte, independente disso, poderia ter goleado.

O Inter acabou arrancando um empate.

Ah, futebol, futebol…

 

Giuliano soube honrar o manto tricolor

A saída de Giuliano era uma imposição, não técnica, mas financeira.

O atual departamento de futebol está de parabéns. Primeiro, foi Edinho; agora, Giuliano. Os dois juntos somavam perto de R$ 1 milhão por mês – é o que dizem.

Então, nesse aspecto, não há o que lamentar, ainda mais nesses tempos de crise.

O único problema que percebo, assim de longe, é que o time perde qualidade no meio de campo.

Ao contrário do que muita gente diz, Giuliano era um jogador importante. Não o protagonista, mas o complemento de luxo.

Os negócios de ocasião são assim mesmo, de ocasião. O certo, dentro de um planejamento de reformular gradativamente o grupo trazendo os salários para um patamar mais realista, seria negociar Giuliano mais adiante. Depois da volta de Wallace e Luan, dois expoentes técnicos da equipe. Com eles, mais o Maicon, Giuliano compunha um meio-campo superior. Um meio-campo que jogava tanto que podia dar-se ao luxo de carregar nos ombros o veterano Douglas.  

Estou convencido de que Giuliano foi prejudicado por esse esquema armado para Douglas poder jogar e dar suas metidinhas, cada vez mais raras – diga-se. Douglas virou um carregador de piano de luxo. Um operário caro demais.

Por isso, foi negociado. E, claro, também para atender os interesses do investidor, o que é muito natural.

Diferente do que acontece por aí, os investidores do Grêmio não ficam com fatias generosas de promessas da base.

Bem, com Giuliano fora, resta saber quem joga. Eu penso que Jailson deva ser o primeiro a ser testado. Outro que pode aparecer por ali poderia ser o Tontini, que pouco vi jogar. Tem ainda o Negueba e o Pedro Rocha.

O que me parece claro é que se Jailson não corresponder em breve teremos manifestações nas redes sociais lamentando a saída de Giuliano.

Os mesmos que hoje soltam foguetes.

Independente de qualquer análise técnica, é importante destacar que Giuliano teve grandes atuações. Algumas empolgantes.

E o principal é que ele honrou o manto tricolor. Porque esforço e dedicação nunca lhe faltou.

Boa sorte ao Giuliano!

FELIPE GARCIA

Na segunda-feira, no programa Cadeira Cativa, canal 21 da Net, defendia a contratação de Felipe Garcia, um meia-atacante goleador, destaque do Brasil de Pelotas. Muita gente torceu o nariz (não o do Reche, mas o próprio). Hoje, há rumores de que o Grêmio está mesmo tentando esse jogador. É uma aposta de baixo custo que pode dar certo.

Quem trouxe Vitinho contrata Felipe Garcia de olhos fechados. Se bem que Vitinho é da gestão anterior no futebol tricolor.

RW E NICO LOPES

Saiba quem é de verdade o novo reforço colorado:

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2016/07/noticias-do-andarilhonico-lopes.html

A dupla Grenal e o calor do ‘portão 8’

Foi um domingo péssimo para nossos representantes na série A do Campeonato Brasileiro de Futebol.

A principal conclusão, depois da derrota do Inter por 1 a 0 em pleno Beira-Rio e a do Grêmio, em Recife, por inaceitáveis 4 a 2, é de que mais uma vez Grêmio e Inter vão passar em branco pelo Brasileirão na era dos pontos corridos.

O Inter, então, vai para 38 anos sem vencer o Brasileiro, e olha que a cada início de ano o presidente da vez gasta o que não tem para buscar o título.

A torcida colorada se deu conta disso, ontem, quando o líder Palmeiras somou mais três pontos e deixou o Inter plantado a 12 pontos de distância. O Inter hoje é décimo colocado.

O torcedor não suportou deparar com a dura realidade: o Inter está fora da disputa pelo título.

Protestou com veemência. Sobrou palavrão para os principais dirigentes. Os jogadores foram chamados de mercenários. Teve até torcedor ferido no confronto com o pelotão de choque. Foi como nos tempos do portão 8.

Crise é isso. (Espero que Marcelo Hermes e Bolanos fiquem em segundo plano nesta segunda-feira.) 

Sobrou para o técnico Falcão, que pega o clube nessa turbulência, e tudo indica que é outro que não resistirá muito tempo. 

Já o técnico Roger ainda navega em águas tranquilas, mas já faz algum tempo enfrenta umas marolas.

A fama de demorar para substituir está consolidada, e é motivo de muitas críticas.

A insistência em manter o veterano Douglas se arrrastando até o final, ou perto disso como foi em Recife, causa muita revolta. Muita revolta.

Assim como certamente ouve os jogadores mais experientes nas internas do clube, Roger deveria prestar um pouco mais de atenção naqueles que de uma hora para outra podem perder a paciência, e a tolerância, e partir para atos extremos, assim como fizeram centenas de colorados neste domingo.

Penso que o torcedor merece mais respeito, merece ser ouvido. Cabe aos dirigentes e funcionários do futebol prestarem um pouco de atenção na voz daqueles que mantêm esse circo milionário.

É preciso ter sensibilidade e humildade para depurar o que é dito e escrito nas redes sociais ou no grito dos estádios. 

É, na realidade, inaceitável que clubes grandes, com folhas de pagamento milionárias, acumulem tantos anos sem um título sequer no Brasileirão dos pontos corridos.

O Inter, gostem ou não, está fora da disputa. Disputa no máximo vaga para a Libertadores de 2017, e olhe lá.

Já o Grêmio, apesar de outra decepção, ainda está na briga.

Não é fácil, ainda mais que dois de seus principais jogadores, Wallace e Luan, ficarão alguns jogos fora.

Mas Roger Machado conta hoje com um grupo de boa qualidade, de um modo geral.

Apesar da campanha excepcional, o Palmeiras está longe de ser imbatível – o próprio Grêmio só perdeu para ele por causa das famigeradas bolas aéreas, essas que estão fazendo a alegria de adversários como Chapecoense e Sport Recife.

Ou Roger corrige esse problema – entre outros – ou será sua vez de sentir o calor de um ‘portão 8’.

O JOGO

O Grêmio começou melhor. Poderia ter feito pelo menos um gol até os 20 minutos, quando o Sport equilibrou. Luan foi uma decepção. Perdeu um gol logo de saída, acertando a trave.

Luan parecia estar com o pensamento nas Olimpíadas.

Pior que ele foi Giuliano, isso para citar os jogadores que são referência técnica. Seu único lance bom no jogo foi o passe para Luan perder o gol citado acima.

Outro que não foi bem, sem inspiração e ainda menos transpiração, foi Douglas.

Difícil entender por que motivo ele ficou tanto tempo em campo.

Coisas de Roger Machado.

Mas pior de tudo foi a zaga, que levou dois gols de bola aérea.

Destaque para Geromel, que voltou marcando dois gols.

Outro destaque: Diego Souza.

Um dia vou entender por que o Grêmio nunca mais tentou trazê-lo de volta.

Entraria muito bem no lugar de Giuliano, e sairia mais em conta.

Grenalização de discurso na casamata da dupla

A volta de Falcão ao Inter é surpreendente.

Em princípio me parece uma contratação que só aconteceu por falta de alguém melhor disponível, e que não tenha conflito com o presidente do clube.

Mano Menezes, por exemplo, não quis nem conversa.

Tem ainda o fato de ser um contrato relativamente curto, um ano. Luxemburgo só aceita contrato de dois anos. A gestão anterior do Grêmio caiu nessa. 

Agora, qual a vantagem que Falcão tem sobre Argel?

Os dois treinaram o Inter, os dois foram campeões gaúchos. Ambos foram demitidos pouco tempo depois desses títulos.

Nesse aspecto há empate. Claro, Falcão tem uma história mais rica, até porque tem passagem pela seleção brasileira, o que não dá atestado de competência a ninguém. Dunga está aí para não me deixar mentir.

Ah, os dois se vestem com esmero à beira do campo. Nada de abrigo esportivo ou algo parecido.

Nesse quesito Falcão é mais elegante, tem uma figura altiva. Ah, tem aquele sapato vermelho e branco. Aí é gol contra. Suprassumo da cafonice. Nem o pior cantor sertanejo ousaria calçar um sapato assim.

Mas nos pés do ‘Rei de Roma’ que um dia teve uma grife de vestuário masculino até que não parece tão desapropriado. Gosto é gosto.

O grande diferencial de Falcão em relação a Argel é outro, que, neste momento, foi decisivo para sua contratação.

Falcão não sonega os ‘ésses’ e não escorrega nas concordâncias.

Tem um discurso elegante, vocabulário moderno, com termos novos para descrever as ações do futebol dentro e fora de campo. Fala pausado, é didático muitas vezes, e paciente com os jornalistas, com os quais se relaciona bem de maneira geral.

A exceção, pelo que tenho lido e o blog cornetadorw destaca bem, seria o Guerrinha. Mas não demora os dois já estarão amigos de novo. Afinal, o clube deles é o mesmo.

Teremos, então, no vestiário colorado um técnico com discurso de frases bem compostas, que remete para Roger Machado, que entre outras coisas impressiona pela qualidade das entrevistas.

A crônica esportiva não cansa de enaltecer essa qualidade do técnico tricolor – o que deixava Argel um tanto despeitado e ele não escondia seu desconforto nesse aspecto e vivia fazendo comparações.

Conheço colorados que ficavam até constrangidos com as entrevistas de Argel.

Mas isso está superado.

O Inter tem agora um técnico à altura de Roger Machado. Ao menos em termos de educação, vocabulário e discurso.

Vem aí o duelo dos oradores.

Teremos a grenalização do discurso dos treinadores.

E assim vamos nós Abaixo do Mampituba.

MARCELO HERMES

Se o Grêmio oferecesse 50 mil mensais a Marcelo Hermes logo após a eliminação da Libertadores haveria protesto dos gremistas nas redes sociais. Onde já se viu? Hermes foi mal, assim como o time todo, ressalta-se.

Hoje, depois de dois gols e atuações de razoáveis para boas, Hermes se acha no direito de receber 110 mil mensais.

Cada um sabe ou deveria saber o seu valor. O de Marcelo Hermes não é esse, mas ele pensa que é.

Está aí alguém que precisa de melhor orientação. Da Família e de seu representante.

WC

Ah, interessante: WC dando uma de agente de jogador em sua coluna em ZH ao sugerir Marcelo Hermes ao Inter.

 

Roger Machado cresce e Argel afunda

O técnico Roger Machado não podia ser mais claro em sua entrevista após a vitória (sofrida) por 2 a 1 sobre o Figueirense, numa Arena com mais de 34 mil pagantes.

Roger detonou a ideia de armar um esquema de jogo que privilegie um centroavante tradicional, o aipim, para que ele receba ’40 cruzamentos’ para cabecear, e que prefere criar uma mecânica que proporcione finalizações de preferência com os pés.

Foi o que aconteceu aos 47 minutos, quando o jogo se encaminhava para um empate inaceitável. Se um clube realmente almeja ser campeão não pode vencer um Gre-Nal e logo depois empatar em casa com um time de porte menor. Não pode. 

Em outros tempos, seria bola tipo ‘truvisca no fedor que o beque faz contra’. Com Roger é diferente. Ele prefere a jogada tramada. A bola de pé em pé, envolvendo a defesa. Todos nós gostamos disso, mas por vezes nos irritamos com tanto toque-toque. De minha parte, pode ser reflexo de outros tempos, como os anos 90, por exempo.

Pois o Grêmio chegou à vitória ao estilo de Roger. Bola de pé em pé, até chegar em Pedro Rocha, que driblou o marcador já dentro da área, não se afobou, e encostou para ele, o aipim Bobô, que trocou de pé na conclusão e tocou no canto direito para fazer o gol da redenção gremista.

Essa vitória passa por Roger. Confesso que me revoltei quando ele sacou Luan e manteve Douglas em campo. Protestei intimamente. Aí, o Figueira empatou, com um gol daqueles que acontece muito raramente, mas que são até comuns quando se trata de Grêmio. O Figueira ainda teve duas boas chances, com falhas individuais de Edilson e de Thiery. Foram dois sustos. O jogo começava a ficar dramático.

Roger, então, sacou Douglas e Wallace, colocando Bobô e Pedro Rocha. O Grêmio ficou num 4-2-4 nos minutos finais, empate por 1 a 1. Quando tudo se encaminhava para um resultado absolutamente frustrante, eis que Pedro Rocha fez a jogada e Bobô marcou. Os dois jogadores que Roger havia mandado a campo poucos minutos antes.

Então, mérito para o treinador. Roger Machado comete alguns equívocos, ao menos na minha opinião, mas em regra geral ele acerta muito mais do que erra.

Fora isso, está claro que o momento é de sorte. 

 

FUNDO DO POÇO

Não é por nada que o Grêmio, mesmo perdendo alguns titulares importantes como Geromel, consegue se manter na ponta de cima, enquanto vê, por exemplo, seu maior rival afundando irremedivelmente. O rumo é do fundo do poço.

O Inter perdeu por 1 a 0 para o Santa Cruz, que briga para sair da zona do rebaixamento e que não vencia há cinco jogos.

Já o Inter sofreu sua quarta derrota consecutiva. Não há treinador que resista a uma campanha tão ruim. Festejado por seu início retumbante no Brasileirão, Argel começou a se considerar o máximo, perdeu a humildade, deu entrevistas confusas, desastradas, e ainda deu armas ao rival as falar em passar o trator no Gre-Nal.

Hoje, ao que parece, Argel está com horas contadas como técnico do Inter. Nada que o preocupe, já que ele mesmo já adiantou que não fica desempregado.

O fato é que em sua primeira experiência como técnico de clube grande Argel está fracassando.

Essa marca gruda e fica difícil de descolar.

TRATOR

Por falar em trator, o Movimento Grêmio Multicampeão – ao qual sou vinculado com muita honra – levou um trator à sua sede, que fica bem em frente à Arena. Muita gente aproveitou para tirar fotos sobre o veículo. Até o presidente Romildo Bolzan apareceu por lá para festejar com dezenas de torcedores.

LEMBRETE – Não esquecendo que continuo em busca de apoio à minha candidatura ao Conselho Deliberativo do clube. Quem quiser me apoiar é só mandar nome, número de matrícula de sócio e endereço para: ilgowink@gmail.com.

Ou então passar essas informações nos comentários.

NOS ACRÉSCIMOS 1

Como escrevi acima, Argel duraria algumas horas. E foi o que aconteceu. Ele foi demitido. Luxemburgo é o mais cotado. 

NOS ACRÉSCIMOS 2

Esqueci de registrar que houve um pênalti do Werley a favor do Grêmio a um minuto de jogo. Ele claramente coloca o braço na bola dentro da área. De repente, pensei que era jogo do Gauchão com árbitro da federação noveletiana.

Hermes, quem diria?, complica a renovação

Depois de atuações, digamos, desalentadoras na Libertadores deste ano, ninguém poderia imaginar que semanas depois, Marcelo Hermes, por intermédio de seu procurador/empresário, estaria colocando obstáculo para renovar contrato com o Grêmio.

SE a direção tricolor naquele momento de terra arrasada – todos queriam uma limpa no grupo de jogadores – tivesse anunciado interesse em renovar contrato com Hermes, haveria passeata no entorno da Arena, com ruas bloqueadas por gremistas revoltados e indignados. “‘Ora, onde já se viu renovar contrato com esse alemãozinho que nem pra reserva da ‘avenida’ Marcelo Oliveira serve?”

Bem, como dizia o filósofo RAfael Bandeira dos Santos com pulover às costas e óculos escuros sobre a testa, o futebol é dinâmico.

Pois Marcelo Hermes teve uma valorizadinha pelas boas atuações contra Fluminense e SAntos. FEz dois gols.

Promovido por Felipão – sim, amigos, Felipão – ao grupo principal, Hermes custou a mostrar alguma qualidade. Hoje, é um jogador mais respeitado. Tem apoio do técnico Roger Machado.

Enfim, está valorizado. Mas não a ponto de engrossar para renovar. EStá no seu direito. Mas esse é o momento que o procurador/empresário não pode crescer o olho, querer dar o passo maior que as pernas.

Não sei quanto o Grêmio oferece, se é ou não uma remuneração interessante ao atleta.

Considerando-se que Jailson e Thyere, que estavam na mesma situação, aceitaram o que o clube oferecer e renovaram contrato até 2019, acredito que seja uma proposta semelhante, talvez igual. Propostas, por certo, muito boas.

Talvez os dois tenham tido melhores conselheiros. 

Nada impede que Hermes, que tem contrato encerrado no final deste ano, renove pelas bases oferecidas e aposte em seu crescimento dentro do clube que o criou – está no Grêmio desde os 15 anos – para despertar interesse de grandes clubes e assim fazer o chamado contrato de sua vida.

Por enquanto, com todo o respeito que Hermes merece até por ser gremista, só tenho a dizer o seguinte:

– Cresça e apareça. E avalie bem quem os conselhos que anda recebendo. Podem não ser os melhores.

Marcelo Hermes só não começou a treinar em separado a pedido dos jogadores. Hermes até concentrou-se com o grupo.

Certamente, receberá conselhos dos mais experientes. Bons conselhos.

Douglas, o maestro

Não adianta, entrego os pontos.

O Grêmio de Roger Machado é Douglas-dependente. Roger Machado é Douglas-dependente.

Ele mesmo admite que armou um esquema para extrair o melhor de Douglas. Segundo o técnico, Douglas deve jogar apenas no espaço do terço final – expressão nova do futebol pós-moderno.

Com menos área para correr, Douglas cansa menos e pode dar uma contribuição ofensiva muito boa, armando, criando jogadas, articulando, dando algumas metidinhas e até marcando gols. Tudo porque joga nas proximidades da área rival. Mais uns passos, pronto! Está na cara do goleiro aparando rebote, assim como aconteceu no Gre-Nal.

Douglas é, portanto, decisivo, fundamental no esquema de toque-toque, de envolvimento do adversário no campo ofensivo. 

Em termos defensivos, Douglas é quase uma nulidade. Cerca aqui, cerca aqui, mas não tira a bola de ninguém.

Enfim, Douglas consegue hoje, com Roger Machado, aquilo que defendeu anos atrás e que lhe valeu muita crítica: ‘eu não preciso marcar’. Foi mais ou menos assim.

Declaração que o técnico da época, Renato Portaluppi, respaldou categoricamente, provocando ranger de dentes de muitos gremistas.

Era um Douglas que dispunha de mais território para jogar e que foi tão bem que acabou na Seleção, onde só não ficou porque deu uma entregadinha daquelas que costumava fazer no Grêmio.

Bem, Douglas, cinco ou seis anos depois, encontra no Grêmio o lugar ideal para jogar até sei lá quando.

Pelo menos até quando Roger for treinador do Grêmio, isso com certeza. E sempre como titular.

A não ser que apareça alguém para manter o mesmo padrão atual. Roger demonstra dificuldade em armar o time sem Douglas.

Por isso, demora tanto a substituí-lo, mesmo quando ele se mostra cansado em campo, com as pernas já não obedecendo o cérebro.

Foi assim no Gre-Nal. A insistência em manter Douglas enquanto o Inter metia pavor na área gremista foi irritante. Uma temeridade.

Poderia ter custado uma derrota, ou um empate.

Hoje, eu que sempre defendi Lincoln na posição de Douglas, ou Luan. Hoje, estou convencido de que no esquema que Roger armou para Douglas não existe no grupo ninguém melhor que ele, o Douglas.

E Douglas, aqui entre nós, enquanto não cansa, se mostra um jogador muitas vezes decisivo.

Resta saber o que Roger Machado fará se um dia ficar sem o seu maestro.

Patrolada no trator de Argel em pleno BRio

Vitória em Gre-Nal é pra ser comemorada, não questionada.

Quem questiona precisa antes buscar explicações. No caso, o Inter e seus seguidores. Inclusive os da imprensa.

Boa parte dela defendeu um esquema de 3 volantes para o Inter. Dentro de casa, com apoio maciço da torcida, jogar com 3 volantes… Houve quem defendesse essa proposta do técnico Argel ‘Trator’ Fuchs.

Em poucos minutos viu-se que a estratégia era equivocada. O Grêmio passeava nas imediações da área colorada. Até que veio o gol, resultado de uma esquema executado com competência pelo time tricolor diante do esquema equivocado de Argel.

O gol de Douglas escancarou o clarão que havia diante da área colorada. Jailson, de grande atuação, entregou para Luan, que avançou sem ser importunado – quer dizer, o jogador mais criativo do time gremista estava sem marcação – até dar uma ‘metidinha’ perfeita, milimétrica, às costas do ‘garoto prodígio’ William ‘Cotovelo’. Éverton, que passou a tarde driblando o lateral,  recebeu e chutou sem muita força. Muriel soltou, Douglas – na posição de ‘aipim’ – pegou o rebote e não perdoou. 

Dez minutos depois, Argel corrigiu seu erro, desmanchou o trio defensivo e colocou Ferrareis, que deu mais qualidade e ofensividade ao setor.

No segundo tempo, aconteceu o previsível. O Inter martelando em busca do gol, o Grêmio se defendendo de jeito que deu, praticamente sem uma saída para o contra-ataque.

O técnico Roger Machado demorou demais. Douglas, cansado, jogava a 20km por hora, enquanto o Inter desenvolvia 120km por hora em busca do gol.

Até a saída de Douglas, o Inter levou pânico ao setor defensivo tricolor. Teve duas ou três chances muito boas para empatar. Roger correu um risco muito grande. Quase entregou a vitória.

Após as alterações, com Bolanos, Ramiro e Pedro Rocha em campo, o Grêmio deu uma equilibrada na jogo, e até ameaçou fazer o segundo gol.

Foi uma vitória justa, porque o Grêmio soube tirar proveito do erro inicial de Argel e depois do nervosismo dos jogadores vermelhos.

No clássico que entra para a história como o Gre-Nal do Trator, deu Grêmio por 1 a 0.

O resultado consolida o Grêmio na ponta de cima, enquanto o Inter sai do G-4 e ameaça cair ainda mais, já que há uma visível tendência de queda do time nos últimos jogos.

Penso que o Inter está para perder seu tratorista.

DESTAQUES

Todos os jogadores do Grêmio foram bem. Ninguém destoou. Todos foram bravos para suportar a pressão colorada em boa parte do segundo tempo.

Os principais destaques individuais, a partir da defesa: Edilson, Thiery, Wallace, Jailson, Luan e Éverton.

Mas o ponto alto do time foi o coletivo. Méritos de Roger, que, repito, ‘só’ errou ao demorar para reforçar a marcação do no meio de campo.

No Inter, destaque para Paulão, Ferrareis e Vitinho.

ARBITRAGEM

Mais uma vez deu Grêmio com arbitragem de fora do circuito noveletiano. Estou absolutamente convencido de que se fosse um árbitro local o Grêmio não teria vencido esse Gre-Nal. 

Parabéns ao paraense Dewson Freitas, na véspera detonado pelo ex-juiz Leonardo Gaciba sem nenhuma justificativa.

Claro que o pelotão de choque da FGF na imprensa vai minimizar – já está – o fato de o Grêmio ter vencido de novo com árbitro de outro Estado.

Mas é inegável que árbitro sem a influência do meio apita com mais isenção.