O Grêmio está classificado e segue na corrida pelo título da Copa do Brasil.
Em síntese, é o que importa.
Mas as coisas no futebol não são tão simples. Há sempre as intercorrências.
O Grêmio precisava de um empate, coisa simples. Havia vencido o Atlético PR em Curitiba por 1 a 0.
Havia a vantagem do empate. Em outros tempos eu ficaria tranquilo. Mas para esse time atual do Grêmio, instável e quase ridículo ofensivamente, até mesmo jogar pelo empate diante de sua torcida é um desafio.
Refleti sobre isso durante a tarde e em conversas com amigos. Temia por um desastre.
Desprezei um fator relevante: a estrela coruscante de Renato Portaluppi, o estreante.
Uma estrela que pareceu apagar-se quando Marcelo Grohe, um goleiro de seleção, soltou a bola fácil como garotas de programa nos pés de André Lima, que até se mostrou constrangido ao empurrá-la para a rede.
Depois, dois ou três gols perdidos reforçaram a impressão de que a estrela de Renato já não brilhava no firmamento.
Veio o grande teste: a decisão nos pênaltis. De um lado, um time que nada tinha a perder, praticamente. De outro, um grupo de jogadores intimidados, tensos.
Nos pênaltis, os goleiros se sobressaíram. Pelo Grêmio, referências técnicas como os medalhistas olímpicos e o mestre Douglas erraram.
A estrela de Renato surgiu resplandecente quando a soberba incorporou no goleiro Weverton.
Ele fez questão de pegar a bola e bater o pênalti, que, se convertido, eliminaria o Grêmio. As glórias ficariam com ele.
Mas havia um Marcelo Grohe, humilde e determinado, no meio do caminho.
Weverton bateu firme no canto esquerdo, rasteiro. Grohe saltou, esticou o braço e afastou a bola quase milagrosamente.
Depois, o guri Guilherme mostrou para Luan e Douglas como se faz. Em seguida, Paulo André acertou a trave.
Grohe, com suas três defesas, garantiu a classificação, passando de vilão a herói. Saiu de campo chorando.
Estamos diante de um grande goleiro, de um grande gremista. Merece respeito e consideração.
No mais, ficou a certeza de que Renato vai precisar muito mais do que estrela para levar esse time ao título.
Mas quem duvida depois do que aconteceu na Arena nesta noite de 21 de setembro?
O ABRAÇO
O abraço de todos os jogadores em Grohe após os pênaltis é o tipo de coisa capaz de deixar o grupo mais unido para os desafios que o time terá pela frente.