Passado o estado de euforia, mas ainda com um sorriso de ponta a ponta ao estilo Sílvio Santos jogando aviõezinhos para as ‘coleguinhas de auditório’ – quem não viu isso não viveu -, eis que me dou conta de algo realmente preocupante.
Estou começando a sentir um vazio dentro de mim. Sabe aquele momento em que a gente se dá conta que ficou sem objetivo? A vida ficou meio sem graça. Nenhum desafio, nenhuma tristeza ou frustração recolhida, nada a ser conquistado ou recuperado.
Já percebi esse mesmo sintoma, em menor grau, no RW, no Demian, no Seu Algoz.
Bem, cheguei à conclusão de que a conquista de um título brasileiro depois de 15 anos e quase ao mesmo tempo ver o Inter rebaixado – sem contar o bônus da imagem chamuscada em todo o país – está me transformando num zumbi. Não aqueles zumbis de filmes de terror, ou como esses do The walking dead, seriado de sucesso. Um pessoal que tem o mau hábito de dilacerar e comer pessoas.
Não, sou um zumbi paz e amor. Ao lado desse vazio, sinto que estou em estado de Nirvana, que significa tranquilidade, cessação do sofrimento, paz interior.
Fazo sobre o vazio existencial para um colega gremista. Ele me consola: também sinto esse vazio, mas aí começo a pensar na Libertadores, no Mundial, eles na série C. E aí começo a ficar inchado de metas e propósitos na vida. Simples.
Decidi, então, combater esse estado de espírito, que eu sei que é passageiro. É como uma longa ressaca.
Então, volto a ler os sites, os jornais, os blogs e ouvir programas de rádio.
Descubro que Renato teria pedido 800 mil mensais pra renovar, que alguns craques terão de ser vendidos, que talvez Renato não fique, que o número de sócios do Inter cresceu apesar do fiasco deste ano; que hoje são 108 mil sócios (mas não informam quantos estão mesmo em dia), que o técnico Zago é um estudioso e vai aplicar táticas europeias; que o Beira-Rio terminou o ano com mais rentabilidade que a Arena.
Enfim, depois dessa enxurrada meu estado de nirvana foi abalado e meu vazio preenchido.
Trabalho e objetivos é que não faltam.
Como diz o filósofo RW, eles são previsíveis e, eu acrescento, insistentes.