Sem toda a pompa que cercou a estreia vitoriosa do Inter na Série B, o Grêmio aplicou 2 a 0 no Botafogo e poderia ter feito muito mais, jogando um futebol semelhante ao que o levou a conquistar o título da Copa do Brasil há pouco mais de cinco meses.
Mesmo com alguns desfalques, o técnico Renato Portaluppi que soube aproveitar bem a folga tão criticada pelos mal-humorados de plantão e os dias de treinamento. O Grêmio voltou mais encorpado, marcando sob pressão, tocando a bola quando necessário e explorando lançamentos mais longos, verticalizando o jogo.
Qualquer um que consiga analisar com um mínimo de isenção percebe que esse time tem a mão do treinador, que por vezes falha, comete erros, mas que decididamente tem um conceito de futebol, uma ideia que ele busca colocar em prática quando possível.
Então, a estreia vitoriosa no Brasileirão tem influência do técnico. A atuação coletiva do time merece uma nota 8. Só não é maior porque a bola pelo alto continua sendo um perigo e o ataque segue desperdiçando oportunidades incríveis de marcar.
Nesse aspecto, ninguém superou Luan, o menino de ouro do Grêmio. O maior projeto de craque esteve bem no geral, inclusive com alguns lances que justificam o preço do ingresso, mas abusou de perder gol, e isso como se viu recentemente pode custar muito caro.
Em compensação, há Ramiro. O Pequeno Grande Volante jogou demais, voltando a ficar mais liberado para fazer seu incansável vai e vem. Só de olhar o PGV correndo eu perco uns três quilos. Ramiro marcou dois gols e por detalhe não fez o terceiro.
Depois de Ramiro, o melhor em campo foi Léo Moura, que deu uns piques de muito garotão não consegue dar. É claro que na primeira vacilada que ele der – e vale também para Ramiro – não vai faltar gente querendo ele longe do clube. Mas, tudo bem, futebol é assim mesmo. É preciso provar a cada jogo. Caso contrário, o torcedor cai de pau.
A propósito, a maior Geni tricolor fez uma partida de fazer a gente refletir. Marcelo Oliveira foi muito bem, marcando e atacando. Até o próximo jogo ele está a salvo de cornetas e agressões verbais. O mesmo vale para Marcelo Grohe, que fez intervenções precisas.
No meio-campo, a confirmação de Arthur. O guri mostrou um futebol exuberante. Renato acreditou nele. Talvez não o escalasse se Edilson pudesse jogar, mas isso fica no terreno das especulação. Os anti-Renato vão morrer dizendo que Arthur só jogou porque não havia alternativa, porque foi forçado a isso. Pode ser, mas o fato é que Arthur é um acréscimo de peso para uma temporada tão árdua, com tantos jogos.
Até mesmo Michel deu uma resposta muito positiva, inclusive aparecendo bem na frente, a exemplo de Ramiro, mas sem a assiduidade deste.
Na frente, gostei de Pedro Rocha e de Lucas Barrios, que mostrou que é muito mais que um homem de área, um atacante tipo aipim.
Vamos ver o time consegue repetir o que apresentou diante do Botafogo. Nem precisa jogar tanto, desde que tenha um percentual maior de aproveitamento e corrija o problema da bola pelo alto.
SÉRIE B
Confesso que quase fui às lágrimas com o esforço da crônica esportiva gaúcha em pintar a estreia colorada na Segundona com tintas de jogo épico, heróico.
O Inter fez o que tinha de fazer diante de um adversário muito modesto. Aplicou 3 a 0 e, segundo alguns ufanistas vermelhos, já encaminhou sua volta ao grupo de elite.
Não assisti a todo o jogo. Fiquei mais no Flamengo x Atlético Mineiro. Um grande jogo.
São dois times fortes, mas nada que o Grêmio, com todos seus titulares, não possa superar.
Outra hora me detenho mais sobre o time de Roger Machado, flamante campeão mineiro.