O empate do Inter com ‘goleador de série A’ ficou apenas no empate por 1 a 1 com o modesto ABC, em pleno Beira-Rio.
Um duro golpe para a agenda positiva que parte dos meios de comunicação fazem desde que a queda foi consolidada com o fracasso também nos tribunais daqui e do exterior.
O que vão dizer aqueles que nos últimos dias não cansam de dizer que o Inter vai se classificar com seis rodadas de antecedência.
Até pode acontecer, mas o resultado deste sábado diante do esforçado time montado por Geninho (melhor treinador que Zago, com certeza) indica que será preciso muito mais que uma mídia ufanista, que faz de tudo para elevar a auto-estima colorada.
O que se viu no Beira-Rio lembrou-me um jogo que vi lá no início dos anos 80.
Estádio Floresta, em Lajeado, completamente lotado (não precisava mais do que 3 ou 4 mil torcedores para isso). Em campo, Lajeadense x Grêmio. Eu estava lá pelo jornal, a Folha da Tarde, dos tempos em que a imprensa noticiava e não tentava empurrar esse ou aquele time.
Jogo encardido. Agarrado no alambrado, um torcedor do Lajeadense cuspia fogo. Era um alemão que parecia um armário de quatro portas, um gigante raivoso. Lá pelas tantas, jogo em 0 a 0, ele gritou, e eu não me esqueço:
-Esse Grêmio tem um time de papel, um time criado pela imprensa. Não é de nada!
Lembrei-me dessa história quando soube que o Inter, dentro de sua própria casa, com apoio de sua torcida iludida por formadores de opinião descompromissados com a realidade, não foi capaz de vencer o ABC de Natal.
Tem uma hora que o ‘time de papel’ precisa entrar em campo. E aí a realidade desaba sobre a cabeça.