O empate por 3 a 3 com o Cruzeiro, no Mineirão, em outras circunstâncias poderia ser saudado. Fosse no passado recente de entrar no jogo com o pensamento no ‘pontinho fora’, expressão que dirigentes e jornalistas de discurso covarde e bolorento usam e abusam, eu mesmo estaria agora festejando o resultado.
O problema é que este Grêmio me deixou mal acostumado. Tenho assistido aos jogos com a certeza de que a vitória virá quase ao natural – natural pra mim diante da Tv, mas consequência de muito trabalho e esforço dos jogadores.
Hoje, praticamente não tenho medo quando o adversário, seja qual for, invade a área para marcar. Por outro lado, não tenho dúvidas de que o ataque vai ser constante e persistente na busca do gol sob a inspiração quase divina de Luan.
Então, na verdade, eu saí do jogo desta noite em BH um tantinho frustrado. Esperava a vitória. Antes do jogo estava mais temeroso, confesso, mas não a ponto de querer um meio de campo com quatro volantes.
A troca de um volante (Maicon, que muitos apressadinhos diziam que não sairia do time por ser ‘bruxinho do Renato) por Éverton não me deixou preocupado. O time perderia em resguardo defensivo, mas ganharia em velocidade e objetividade com Éverton. E foi o que aconteceu.
Os dois times criando inúmeras situações de gol. Um jogo eletrizante, temperado com a coragem dos dois treinadores em escalar times com vocação ofensiva. Um show para o público, para todos os torcedores que apreciam o futebol bem jogado e sem medo de ser feliz.
Minha frustração se deve unicamente ao fato de que o Grêmio mereceu vencer. Mereceu mesmo. Sem contar o fato de que saiu na frente com 2 a 0. Olha, cheguei a imaginar que poderia haver goleada. Mas aí a zaga vacilou aos 45 do primeiro tempo e Thiago Neves (de bela atuação) marcou, num chute indefensável. Esse gol devolveu a esperança aos cruzeirenses, e mandou pra longe meu devaneio de ver uma goleada.
O Cruzeiro voltou agressivo e logo aos 2 minutos Sobis empatou, passe do Thiago Neves. Edílson que deveria marcar Sobis ficou parado, olhando o gol.
Em outros tempos, eu ficaria assustado e temeria uma virada. Mas esse Grêmio afasta meus fantasmas do passado. Aos 14, depois de criar duas boas chances, o Grêmio fez o terceiro com Ramiro, em grande jogada iniciada por Luan. Minutos depois novo empate.
Bem, aí restou um jogo marcado por mais fortes emoções ainda. Mas foi o Grêmio que chegou mais perto do quarto gol, a maioria das vezes com participação de Luan, como no lançamento genial para Ramiro (outro destaque do time) entrar livre e cabecear para fora, para alívio do goleiro Fábio, que terminou o jogo com cara de assustado de tanto ver gremistas chegando à sua frente.
Vale o registro de que dois dos três gols foram marcados por volantes. O primeiro, Michel, pegando rebote do goleiro após chute de Éverton, que jogou muita bola. E foi o Éverton quem abriu o placar pegando bola que bateu na trave após cabeceio de Kannemann.
Infelizmente, o Grêmio não terminou a rodada em primeiro lugar. Sei de gente que escreveu e falou que não é o momento de assumir a liderança, que é preciso esperar o melhor momento.
Decididamente, o papel e os microfones aceitam tudo.
RAMIRO
Para encerrar, a frase de Ramiro, após os 3 a 3, define muito bem este momento do Grêmio que erradicou (ao menos) do campo o pensamento ultrapassado do ‘pontinho fora’.
“Gostar de empatar é difícil”.
É isso aí meu Pequeno Grande Volante.