Meu foco é a Libertadores. Todos os gremistas que conheço pensam assim. Alguns, no entanto, se entusiasmam fácil e ampliam o foco para a Copa do Brasil e até o Brasileirão.
O Brasileirão é quase impossível analisando pelo ângulo de quem quer porque quer o título continental, o tri da América. O resto é perfumaria. Vou ficar frustrado se não conquistar a Libertadores, mesmo vencendo a CB (que é a que está mais ao alcance) ou o Brasileiro.
Meu foco, pois, é a Libertadores. Isto posto, vou ao que interessa em relação ao jogo contra o Palmeiras: o rendimento dos reservas, pensando unicamente em seu aproveitamento na campanha da Libertadores.
Assim, o melhor que vi no Pacaembu na derrota por 1 a 0 foi a atuação do goleiro Léo. Senti firmeza no cara. Antes do jogo escrevi que gostaria de ver Léo jogando até para sentir o quanto ele é confiável.
Salvo engano, penso que Grohe pode estar ganhando uma sombra, o que é muito bom. Quando o sujeito percebe que não tem rival, relaxa. Faz parte.
É como o cara que se empenha todo para conquistar um gata e depois começa a engordar, só pensa em jogar futebol com os amigos, beber todas, deixando a patroa (é assim que ele passa a chamar aquela gata estonteante de outros tempos) atirada em casa.
Quer dizer, o cara é candidato a ser substituído por outro. Tem sempre um Ricardão por perto. No futebol não é diferente. Vacilou, dançou.
Então, gostei do Léo. Grohe tem um bom reserva, e isso pode ser decisivo em termos de Libertadores. Num ano como esse não dá para depender de apenas um goleiro.
No mais, é difícil avaliar os jogadores num time reserva, sem entrosamento, sem que se cometa alguma injustiça.
Na linha defensiva, para vocês terem uma ideia do que eu penso sobre os quatro, digo que o melhorzinho foi Bressan. Não estou entre aqueles que elegem Bressan o pior em campo assim que ele pisa o gramado e faz o sinal da cruz.
Mas, vejam: mesmo sem destaques individuais, essa defesa levou apenas um gol, e foi contra. Além do mais, permitiu poucas chances ao Palmeiras, que também jogou com um time reserva, reforçado por alguns titulares no segundo tempo.
O fato é que nenhum dos quatro pode ser titular, nem o Marcelo Oliveira, sempre dispersivo, sempre querendo fazer mais do que pode, e aí errando e comprometendo.
A dupla Jaíilson e Kaio cumpriu bem a função defensiva, mas é bom que Renato não precise de nenhum deles em algum jogo decisivo.
Vale o mesmo para Lincoln e Machado, que fez o gol da vitória do Palmeiras – esse time reserva do Grêmio além de tudo não tem sorte.
Lincoln é um guri que foi festejado precocemente como craque. Desconfio que ele só irá jogar bem quando tirar aquele bigode. Tenho problema com bigode. Uma vez, nos primórdios da humanidade, eu ostentei um bigode. Rasguei as fotos que eu tinha. O Inter teve um lateral, João Carlos, que usava bigode. Todos só lembram dele como pai dos gêmeos Diego e Diogo.
Jogador de bigode não dá! Alguém precisa dizer isso ao Lincoln. Além, é claro, de que ele precisa jogar mais se não quiser ficar como uma eterna promessa.
Gostei da volta do Bolanos. Ele teve alguns bons lances, mas isso não importa. O que interessa é que ele voltou e todos nós sabemos que ele pode ser muito útil. Quem sabe até assumir a titularidade. Só não sei em lugar de quem. Não será por decreto, com certeza.
Na frente, Fernandinho lutou muito, e fez algumas boas jogadas. Éverton, pouco lançado, e muito isolado no primeiro tempo, foi perigoso no segundo. Fez uma jogada sensacional que Kaio não aproveitou direito.
Por fim, ficou claro que Renato está realmente utilizando os melhores jogadores do grupo.
A FASE DA NEGAÇÃO
A direção colorada sonhou em algum momento que bastaria somar três pontos em Pelotas no estranho jogo contra o Brasil que o time ganharia moral suficiente para vencer seus dois próximos jogos.
Não sei se ganhou moral, mas não ganhou qualidade. Conseguiu perder para o modesto Boa Esporte por 1 a 0. Praticamente não chutou uma bola a gol, o que é algo deprimente para um clube que acreditava ter formado um time de série A.
Não, o Inter tem um time de segundona na segundona.
Hoje, a torcida colorada – e parte da imprensa – não aceita isso. É a fase da negação. Junto, para os colorados mais exaltados, a fase da revolta.
Se a fase da aceitação não ocorrer logo, talvez seja tarde para evitar mais um ano da segundona.
Quem consegue perder para um time como esse Boa, em casa, realmente não merece melhor sorte.