A demissão de Roger Machado era pedra cantada. Apesar de ter ganho o regional mineiro, Roger não conseguiu implantar no Galo, nem de longe, o futebol que o consagrou no Grêmio.
Técnico festejado pela mídia nacional por alguns meses, Roger acabou naufragando em sua primeira experiência longe da Arena. Roger não caiu, na verdade, apenas tropeçou.
Sinceramente, eu já previa que Roger teria muita dificuldade no Atlético. Jamais acreditei que ele poderia incutir em jogadores tipo cobra-criada, como Fred e Robinho, o tipo de futebol que implantou no Grêmio.
Se fosse fácil, outros times estariam jogando como o Grêmio, com muita troca de passes, muita posse de bola e paciência para furar bloqueios e vencer a marcação, que é cada vez mais forte e implacável.
Roger teve a felicidade de encontrar no mesmo time jogadores como Douglas, Maicon e, principalmente, Luan, jogadores cerebrais e muito técnicos.
Não sei se eles compraram a ideia de futebol do Roger ou foi o Roger que comprou a ideia deles. Acho que foi uma construção coletiva, que aflorou ao natural depois do insucesso de Felipão.
Roger teve o grande mérito de extrair o melhor do grupo que dispunha e que Felipão não soube aproveitar, talvez muito ancorado no futebol mais verticalizado e com o time voltado a apenas um jogador, o centroavante, o aipim fincado na área a espera de cruzamentos.
Roger disse que nunca armaria um time para jogar para um jogador, no caso o centroavante cabeceador.
No Atlético, foi o que ele encontrou, um centroavante renomado, decadente mas renomado. Ao lado dele, um Robinho também descendo a ladeira.
Mas o principal é que eles precisariam aderir à proposta de jogo de Roger. Pelo que se vê não aderiram. É um sistema que exige muito de cada jogador, muita dedicação, muito empenho, muito esforço físico.
O fato é que Roger foi demitido, e me surpreendi ao ver que um bom número de gremistas ficaram felizes com a queda do cara que montou essa estrutura de jogo, os alicerces de um time que hoje por vezes encanta.
Tudo começou com Roger, que só não foi adiante porque chegou ao seu limite como técnico iniciante, e de reluzente futuro.
Importante registrar que enquete feita com torcedores do Galo apontou que o grupo de jogadores é o culpado pelo mau momento do time, com 53,15%. Roger e a direção dividem o restante da culpa.
É claro que Roger, agora, precisará tirar um tempo para avaliar exatamente o que aconteceu para poder iniciar outro trabalho com mais possibilidade de sucesso.
Eu estarei aqui torcendo para que ele encontre o caminho certo para seguir em frente. No mais, serei eternamente grato ao Roger pelos momentos felizes que ele me proporcionou como técnico gremista.
Só espero que daqui a pouco ele não acabe no Inter, que, pelo jeito, logo estará trocando de treinador.