Jael pode estar para Renato Portaluppi o que Bobô foi para Roger Machado. Os dois técnicos não conseguir resistir ao canto dos aipins e seus defensores, gente que não consegue imaginar um time vencedor sem centroavante de carteirinha, tipo o Leandrão, que tentaram colocar no Grêmio no ano passado.
Os dois, por suas características e também por suas limitações técnicas, não encaixam no tipo de jogo que tem dado certo no Grêmio. Se um técnico encontra uma forma de jogar, adota um conceito de futebol, deve defender aquilo que implantou.
Renato parece ter esquecido que o time dele – herança que recebeu de Roger e aperfeiçoou – foi campeão da Copa do Brasil sem um jogador típico de área.
Então, não vejo sentido em começar um jogo com Jael – diria o mesmo se fosse outro centroavante comum, não é nada contra o Jael -, tendo um garoto como Éverton, que talvez só precise de uma sequência – dada ao Pedro Rocha – para afirmar-se como titular.
Renato poderia ter começado com Éverton e Arroyo – que hoje mostrou algumas qualidades – e deixado Jael para entrar no segundo tempo se fosse o caso. O pior é que Jael ficou até o fim. Sua melhor contribuição foi uma bola recuada por ele para Patrick chutar na trave.
A favor de Jael, um jogador de finalização que depende de bolas jogadas para a área, o fato de que até agora não dá pra criticar por ter perdido algum gol, simplesmente porque não foi lhe dada uma oportunidade sequer, que eu me recorde.
Mas o Grêmio, com um time misto, não perdeu apenas por isso. Mais uma vez o time jogou a maior parte do tempo no campo do adversário, mas pouco criou. O goleiro do Bahia quase não trabalhou. Sinal de que o ataque não estava funcionando, e que talvez fosse melhor jogar com atacantes de movimentação para confundir a marcação. Éverton e Patrick entraram e já deram outra cara ao time, mas não foi o suficiente.
No final, um pênalti muito discutível de Edílson, faltando alguns segundos para o jogo terminar. Era um jogo para somar três pontos. O Grêmio estava levando um apenas. Acabou sem ponto na bagagem.
Renato tinha razão sobre o Corinthians despencar na tabela. O problema é que o Grêmio está despencando junto no Brasileirão. A campanha do segundo turno é perturbadora. Mais um pouco o time sai do G-4.