Já faz algum tempo que o Grêmio atravessa uma zona que pode ser definida como inferno zodiacal. São lesões que se sucedem, desfalcando o time em momentos importantes como a final da Copa do Brasil (o que foram aquelas cobranças de pênalti?) e avançando também sobre a Libertadores, e jogos com resultados não compatíveis com o que aconteceu em campo. Ou seja, o time cria chances de gol, tem tudo para vencer, mas acaba perdendo.
Neste domingo, antes do temporal que castigou o Rio Grande e me deixou sem luz durante quase toda a noite, o Grêmio por detalhe não foi penalizado com outro placar desfavorável, agora diante do Fluminense, na Arena, mesmo tendo criado o maior número de situações de gol, consagrando o goleiro Diego Cavalieri.
O misto que Renato Portaluppi conseguiu armar – sem jogadores como Lucas Barrios, Luan, Michel e Kannemann – mostrou um futebol até surpreendente. Fosse em outros tempos mais favoráveis, a bola teria entrado ainda no primeiro tempo em pelo menos uma oportunidade. Na verdade, o Grêmio poderia ter liquidado o jogo nos primeiros 45 minutos.
No segundo, na ânsia de marcar e acabar com a série de resultados adversos, o time continuou superior, mas deu espaço para o Fluminense criar e assustar. Numa das situações Dourado recebeu livre pela esquerda, dentro da área, e chutou cruzado, rasteiro, para Marcelo Grohe, o ‘braço curto’ como dizem seus detratores , desviar para escanteio.
Foi a grande defesa de Grohe no jogo, uma apenas contra meia dúzia de Cavalieri, a quem o técnico Abel Braga deve agradecer por não sair humilhado pelo mistão tricolor.
Além dos 3 pontos, que mantém o time na ponta de cima e aí tudo pode acontecer, foi importante conferir o futebol dos garotos da base: Patrick e Jean Pyerre mostraram que são bons jogadores e que podem ser úteis. Considero que Patrick merece e deve ser inscrito na Libertadores. Patrick tem características mais ofensivas, enquanto Jean Pyerre é mais um articulador, muita habilidade no trato com a bola. No decorrer dos jogos do Brasileirão ele até pode conquistar uma vaga no grupo da Libertadores.
Gostei do estreante Cristian, um volante que admiro faz tempo. Ele foi discreto, mas eficiente. Saiu sentindo lesão.
Na frente, destaque para Éverton. Ele cometeu alguns erros, mas no cômputo geral foi muito bem, participando dos lances mais fortes do time no ataque, inclusive no lance do gol de Beto Silva. Éverton com sequência deixará de ser tão ansioso e poderá dar uma resposta tão boa ou até melhor que a de Pedro Rocha.
Beto Silva ficou pouco tempo, mas no gol ele foi rápido, teve a intuição da jogada e categoria para desviar do goleiro.
Tenho minhas dúvidas se Jael teria a mesma capacidade para fazer o gol. Mais uma vez ele ficou sem receber aquela bola para mostrar se é mesmo matador. Mas o que ele mostrou até agora me faz acreditar que não será inscrito na Libertadores. O Grêmio martelou para vencer, e só conseguiu o gol quando não tinha a figura do centroavante.
Pode ser coincidência, mas o fato é que um time com atacantes de movimentação, boa técnica e inteligência é mais efetivo que um time com o tradicional camisa 9, ainda mais se for um como Jael, que até agora não mostrou nenhuma virtude especial que justifique sua inscrição na Libertadores. Mas vamos acompanhar, sem preconceito, porque ainda há tempo para mais observações.
No mais, torcendo para que a fase negativa esteja terminando.
A ‘ESCOLHA’ DE RENATO
Leio e ouço por aí muitas críticas ao Renato por ter indicado o Jael.
Vou fazer um revelação: a direção do Grêmio colocou três nomes à disposição de Renato para contratar imediatamente. Ele optou por Jael.
Os outros nomes: Suarez e Ibrahimovic.
Vou desenhar: será que se fosse possível Renato não teria indicado um atacante de melhor qualidade?