Criador do plantão esportivo na Rádio Guaíba nos anos 60 – a emissora era líder absoluta de audiência – e até hoje reconhecido como o melhor do país, Antônio Augusto tinha um carinho muito grande pelo arquivo que construiu ao longo de sua trajetória no rádio gaúcho. Um trabalho de formiguinha, minucioso, detalhista, obstinado.
Hoje, Antônio Augusto, falecido em 2015, teria 79 anos. Dos quais, mais de 20 trabalhando na Guaíba, onde se consagrou nacionalmente. Gente todo o país ouvia a Guaíba, muito por causa do Totonho, como era chamado nos corredores do histórico prédio da Caldas Júnior. Nos anos 90, escreveu a coluna A Bola Parou, no Correio do Povo, foi quando nos tornamos mais próximos. Trabalhou posteriormente na rádio Gaúcha e na Band.
Depois de largar as jornadas esportivas, Antônio Augusto levou seu programa para a Rádio Pampa, onde finalmente assumiu seu lado tricolor. Foi aí que o gremista passou a usar o microfone para criticar a postura da “imprensa vermelha”, inclusive dando nome aos bois, interagindo com os ouvintes – praticamente todos gremistas.
Sinto saudade desse tempo. Seguidamente, ali pelas 21 horas, ele me ligava para saber se poderia conversar com ele ao vivo no programa, o que acontecia normalmente depois das 22 horas. Então, eu ia para a sacada da editoria de esportes, e ficava uns 15 minutos batendo um papo com Antônio Augusto, que me provocava para citar “os vermelhos da imprensa”, e eu me esquivava.
Hoje, não tenho nenhuma dúvida de que Totonho é o primeiro combatente em defesa do Grêmio e contra os jornalistas que ele identificava como colorados, e que hoje fazem parte da IVI, sigla criada pelo cornetadoRW. Nessas horas Antônio Augusto fazia jus a outro apelido que ganhou na Guaíba: onça.
Em seus últimos anos de vida, Antônio Augusto se divertia conversando com seu público, com os amigos gremistas, sempre lançando farpas nos “vermelhos”.
Sim, Antônio Augusto foi pioneiro nesse combate, antecedendo RW. Pena que os dois não conseguiram unir forças. Seriam imbatíveis, um na internet e outro ao microfone com aquele vozeirão que anunciava ‘tem gol’, bordão que até hoje é repetido por aí.
Bem, o motivo desse artigo é homenagear o velho companheiro e também revelar ao público imagens do seu “arquivo implacável”, cedidas pelo meu amigo André, um de seus filhos e, claro, gremistão.
São centenas de cadernos com anotações de jogos do Grêmio, como os dois publicados aqui e agrupados em armários como os das fotos.
Um acervo precioso que conta uma grande parte da história do Grêmio e do futebol gaúcho.