“Pô, Jael a essa hora?”, resmunguei, quando ele entrou aos 43 minutos do segundo tempo. Imagino que foi mais ou menos isso que todos os gremistas sentiram ao ver Jael entrando no lugar de Fernandinho.
Provando que o futebol é cheio de surpresas, Jael em sua única participação acabou dando o passe para Ramiro marcar, já nos acréscimos, e dar a vitória por 1 a 0 ao Grêmio. Pouco importa, agora, como se deu esse passe, porque, como todos nós sabemos, o que importa é o gol.
Futebol tem disso: o atacante de quem nada se espera deu o passe para o gol de um jogador ainda contestado – sem justificativa – por um bom número de gremistas.
Gol pra pirar secadores de todas as querências.
Tenho para mim que esse gol mágico – alguém consegue me explicar o que o Ramiro estava fazendo ali? Acreditava ele que a bola poderia cair aos seus pés como se fosse um dádiva celestial depois de acompanhar com fidelida canina a arrancada do Cruel? – é um sinal dos deuses do futebol.
Diferente dos últimos jogos pelo Brasileirão, dessa vez o Grêmio foi bafejado pela sorte. Marcelo Grohe fez grandes defesas. O Coritiba criou inúmeras oportunidades, em algumas a bola só não entrou por ação de um dos deuses do futebol, que ultimamente haviam largado o Grêmio de mão como se constata pelo excesso de lesões e sucessivas derrotas.
Realmente, o time não jogou bem. Tecnicamente, é difícil apontar algum jogador que tenha se destacado. Eu citaria Kannemann, que evitou o gol paranaense ao interceptar, no segundo tempo, um chute do Henrique Almeida, se não me engano.
O Coritiba praticamente inviabilizou o toque de bola do meio campo tricolor, com marcação forte na faixa central e, com isso, forçando a ligação direta.
Agora, apesar das dificuldades para colocar a bola no chão, o Grêmio chegou muitas vezes na frente. Foram uns 15 escanteios, com aproveitamento zero no cabeceio. O goleiro Wilson praticamente não fez defesa, sinalizando a pobreza ofensiva do tricolor.
Mas nada disso me preocupa. Vi o jogo como um preparativo para o duelo contra o Barcelona pela Libertadores. Claro que a vitória veio em boa hora. Outras equipe estão subindo e ameaçando a posição gremista no G-4.
Mas o que importa é a Libertadores. Se bem que uma vitória sobre o Corinthians na quarta-feira, em SP, pode nos deixar assanhados de novo. Sonhar não custa nada. Desde que o sonho não afete a realidade.
E a realidade gremista é estar, a rigor, a dois empates e duas vitórias do Tri da América.
Qual clube brasileiro tem essa chance?
Pelo que se viu no Couto Pereira, o técnico Renato Portaluppi está com um sério problema. Nenhum dos possíveis candidatos a substituto de Pedro Rocha acertou até agora. Mas tudo indica que Renato irá optar por Arroyo, que por enquanto jogou um futebol tão pequeno que ele poderia ser chamado no máximo de córrego.
Agora, justiça seja feita, ele ao menos está correndo, mostrando vontade, e até agora não contou com o Luan ao seus lado. Eu, como tenho escrito, daria moral ao Éverton, que no ano passado disputava posição pau a pau com PR.
Mas tenho de reconhecer que Renato conhece melhor cada um dos seus jogadores. Ele saberá tomar a melhor decisão a favor do clube.
GOL ANULADO
Tem radialista até agora tentando anular o gol de Ramiro. Alegação: ele não poderia estar em campo porque deveria ter sido expulso antes.
O que faz o fanatismo? Acaba com qualquer credibilidade.