Por melhores que sejam suas intenções, a crônica esportiva gaúcha só tem atrapalhado o Inter. Os jornalistas colorados – assumidos ou não -, que formam o que o blog cornetadorw chama de IVI, expressão já consagrada até nacionalmente, estão prestando um desserviço ao clube do coração.
Suas indicações para treinador normalmente não dão certo. É só prestar atenção. Às vezes não chegam a ser sugestões explícitas, mas no momento em que especulam nomes de certa forma estão tentando contribuir na busca de um técnico.
É natural que os repórteres saiam atrás e tentem descobrir ou adivinhar quem será o sucessor, no caso do Guto Ferreira – demitido, aliás, com poderosa participação de boa parte da mídia, que não reconheceu no técnico – mais um criado no clube – um trabalho convincente.
Foi assim, a propósito, com outros treinadores. Argel chegou a fazer boa campanha, com sequência de resultados positivo no Inter no Brasileirão passado. Até nesse momento ele teve apoio, nem da crônica esportiva rubra, em especial, nem da torcida.
Esses dois segmentos queriam ver o Inter jogando um futebol vistoso. Não admitiam isso publicamente, mas queriam ver o Inter vencendo e jogando bonito como o Grêmio.
Nessa comparação, outros profissionais naufragaram no mar de lágrimas formado pelo choro e pela inconformidade. O mais recente é Guto, alvo de tiroteio da mídia e da torcida, ambos sempre olhando a grama vistosa do vizinho, o Grêmio.
Nessas situações, sempre sobra para o treinador. Nunca para o time. No caso do Guto, houve quem dissesse que o Inter estava contratando melhor que o Grêmio. Depois, com alguns resultados positivos na segundona, não faltou colorado para dizer que o Inter tinha, ou tem, um elenco de série A, da divisão de elite. Os mesmos hoje silenciam, porque, à luz da razão e não da emoção, viram que o time é “bem mais ou menos”, sendo generoso.
Bem, se o time é “tão bom”, liderados pelo ídolo D’Alessandro – um ídolo que chama torcedor pra briga – e as atuações decepcionam tanto quanto os resultados, não pode sobrar para o grupo de jogadores. E sim para o pobre do treinador, que nunca vendeu essa ideia e sempre se mostrou cauteloso e realista em meio ao ufanismo de alguns integrantes do lado vermelho da imprensa gaúcha, que é, diga-se de passagem, expressiva maioria.
Sem contar os gremistas seduzidos e convertidos ao coloradismo, que por vezes se comportam como se vermelhos fossem, até mais realistas que o rei.
Claro, sobrou para o Guto, assim como aconteceu com Diego Aguirre – hoje os mesmos que o jogaram na fogueira mostram arrependimento -, Lisca, Argel, Falcão e o eterno Celso Roth, entre outros nomes que não me ocorrem neste momento. A lista é enorme.
Agora, segue a busca de um novo treinador. Roger apareceu com força, mas muito mais como balão de ensaio. O nome assanha os colorados, que acreditam que Roger possa repetir no Grêmio aquela sua fase vitoriosa – antes dos 4 a 0 diante do Coritiba, claro.
É óbvio que Roger não é louco de aceitar. Nem vou me dar ao trabalho de enumerar as razões, porque todos sabem que o Inter vive um período muito turbulento, sem sinais de calmaria no horizonte, pelo contrário.
Mas aí aparece também com força o Carpegiani, que faz ótimo trabalho no Bahia. É outro nome elogiado pelos integrantes da tal IVI criada pelo Ricardo Wortmann, um grupo inquieto e sempre disposto a buscar soluções ao clube do coração. Mas, como tentei demonstrar, não tem alcançado muito sucesso.
São os vitoriosos sempre. Como dizia o argentino César Menotti, são “los invictos”. Ajudam a contratar e ajudam a derrubar. Mas nunca é nada com eles. Sei muito bem disso, porque já ajudei a contratar e a derrubar. Faz parte desse jogo por vezes cruel e até, por que não?, irresponsável.