O gaúcho tem umas manias difíceis de entender. Não pode ver uma estrada lotada, calor de 40 graus, que se mete nela. Sim, é esse pessoal que não pode ficar um fim de semana de verão sem ir ao litoral gaúcho, mesmo sabendo que vai ficar naquele para e anda, coisa que os seres mais ou menos normais, como eu, não suportam.
E tudo para encarar uma cidade entupida de gente, mar frio e cor de chocolate ou algo parecido. Em algumas praias, não dá nem pra caminhar sem pisar em alguém, muito menos bater uma bolinha.
Tem outras manias: erguer casa, digo, mansões, em condomínio fechado, e quanto mais distante do mar, mais glamour tem o local.
Mas há os que fogem daqui. Uns, vão para Floripa, outra cidade que padece no verão, tomada por gaúchos e argentinos. O sujeito que aluga casa no norte, de lá só deve sair quando for embora, porque não tem mais como se deslocar em paz na ilha.
Ah, mas os gaúchos com dinheiro, ou apenas com pose, se mandam pra Punta. Sim, Punta, eles nunca dizem Punta del Este. Punta soa mais íntimo. A gauchada curte…
A lista é extensa.
Abreviando, passo logo ao futebol. O gaúcho tem manias arraigadas, cravadas como aipim na terra fértil. Falando em aipim, foi mal o ano terminar que é só o que se fala e se lê nas redes sociais. O Grêmio precisa de um aipim, é o que se propaga.
É um pessoal que não festeja plenamente o penta da Copa do Brasil porque o time jogou sem aipim. É a mesma turma que não concebe um time vencedor sem volante que suja o calção e que tolera, apenas tolera, técnico que não ‘fecha a casinha em jogos fora de casa’. São adoradores do técnico que arma time para buscar o ‘pontinho fora’.
Quer dizer, não aprenderam nada com Renato Portaluppi (e também com Roger, que começou a cair quando se rendeu aos aipinistas ortodoxos), que está mostrando que é possível jogar bem e ser vitorioso com um time de muita técnica, poucas faltas e raros cruzamentos para um camisa 9 idealizado pelos fredistas da vida.
Não bastasse o fracasso da campanha do Atlético Mineiro com seu centroavante decadente, milhões de bolas alçadas pra ele, tem gente defendendo a contratação de Fred pelo Grêmio. Quem sabe o Ricardo Oliveira? Ambos com passado de sucesso e presente nebuloso. Ambos caríssimos.
Eu, por conceito, prefiro jogadores de movimentação na frente. Se um desses gostar de jogar centralizado, mas se movimentando para os lados e para trás, quando necessário, tudo bem.
Não sou radical. Mas minha preferência é por um ataque como aquele que foi Penta do Brasil, com Luan, Douglas e Bolanos aparecendo para concluir na tal ‘posição de centroavante’.
Então, se um tivesse poder, meu time teria jogadores versáteis, rápidos, dribladores do meio para a frente, com dois volantes de sustentação que marquem e joguem, e que também se apresentem para concluir como elemento surpresa.
Centroavante de carteirinha nem para reserva. Acredito, hoje, que na hora do desespero não é preciso um grandalhão pra cabecear na área. A história mostra que são raros os exemplos de sucesso nessas situações. Tanto que no Grêmio sempre é lembrado ‘aquele lance do Zé Afonso atrapalhando o zagueiro’ no gol de Aílton. Não há outro exemplo.
Agora, se o time tiver um camisa 9 de muuuita qualidade, então que se arme o time para esse jogador, como foi feito com Jardel nos anos 90.
O fato é que os 9 tradicionais estão em extinção. Que bom!
OS FREDISTAS
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